29 de outubro de 2013

O Conselheiro do Crime

The Counselor*, EUA/Inglaterra, 2013. Direção: Ridley Scott. Roteiro: Cormac McCarthy. Elenco: Michael Fassbender, Javier Bardem, Cameron Diaz, Penélope Cruz, Brad Pitt, Bruno Ganz. Duração: 117 min.

Querendo se afastar cada vez mais do seu passado de tramas fantásticas, como Alien ou Blade Runner, Ridley Scott parece estar no meio de uma autodescoberta. Não se reconhece mais, não possui uma assinatura e surge tão perdido quanto os seus novos filmes. O Conselheiro do Crime não faz exceção à regra. Num thriller que carece de alma e profundidade, além de extremamente misógino, é difícil para o espectador compreender uma mensagem. O que o longa quer ser? Algo voltado ao erotismo, como De Palma tentou sem sucesso em Passion? É o que sugere a cena entre Penélope Cruz e Cameron Diaz ao redor de uma piscina, além do próprio prólogo que mostra Fassbender e Cruz na cama. Ou uma espécie de neo-noir, com Diaz como femme fatale? Algo mais próximo da realidade, mas, ainda assim, com muitas falhas.

Não há uma trama decidida no filme. Tudo parece muito solto e demasiadamente enigmático. O roteiro do escritor Cormac McCarthy, neste caso, estabelece uma série de pistas e recompensas convencionais para deixar a metade final com aparência de estrutura inteligente, porém a direção de Scott pouco acompanha essa atmosfera. A tensão é bastante pontual e dá as caras somente quando estamos diante de uma morte iminente. Quando sabemos que há um dispositivo tecnológico que sufoca a pessoa num simples contato com a pele, por exemplo, fica claro que testemunharemos algum fim dessa forma na narrativa; assim como quando somos apresentados a um diálogo sobre snuff film. O Conselheiro do Crime acaba sendo mais uma tentativa frustrada de um diretor que gostaria de retornar à velha forma, mas que não consegue ser no mínimo interessante há mais de 10 anos. Uma pena.


*Crítica publicada originalmente no Diário Catarinense

                                     

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