É difícil não querer que nossa própria história se
passe durante um filme escrito e dirigido por Richard Curtis (Um Lugar Chamado Nothing Hill e Simplesmente Amor), após o fim de Questão de Tempo. A sensibilidade que
reside em suas obras é, afinal, para não dizer mágica, inspiradora. Existe uma
atmosfera encantadora, envolvente, charmosa e elegante que está intrínseca a
todos os seus roteiros. Como segurar um sorriso, por exemplo, quando Bill Nighy
diz que aproveitou o seu tempo lendo todos os livros publicados? Questão de Tempo é um filme sobre
viagens no tempo, mas, mais do que isso, é um filme sobre o amor; sobre essa
ânsia romântica de encontrar o que todo mundo procura. A viagem de Curtis não é
pretensiosa ou social, é uma mudança individual. Assim acompanhamos o
relacionamento entre Tim e Mary: construído por decisões humanas. Não existe
algum artifício tolo para prolongar o filme até o clímax, o personagem de
Domhnall Gleeson está seguro de suas escolhas, resolvido. A família tampouco é
disfuncional, apesar de possuir seus problemas. É palpável.
Curtis versa com a profundidade de nossos
relacionamentos familiares, expõe as brincadeiras presentes nesses ambientes,
reflete que nenhuma viagem no tempo faz alguém se apaixonar por você e
conjectura sobre a intimidade e sedução do próprio tempo. Para o diretor, os
detalhes da vida são prazerosos, existe um sopro de felicidade em cada lugar e,
se revivermos cada momento, iremos perceber o quanto o mundo é bonito. Nesta
perspectiva, é impossível diagnosticar o tamanho da sensibilidade do cineasta
ao aproveitar um último passeio entre pai e filho. Sem dúvida, um dos melhores
romances que você irá ver em 2013.
· Crítica originalmente publicada no Diário
Catarinense
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