27 de julho de 2011

Capitão América: O Primeiro Vingador (2011)


Um dos pouquíssimos problemas de Homem de Ferro 2 era a péssima abordagem de tentar transformar todos os diálogos de seu protagonista em piadas. Porém, mesmo que Justin Theroux construísse diálogos prontos insistentemente e com um constante abuso de clichês, a presença marcante de Downey Jr. apagava quase que por completo os erros que o projeto apresentava. Infelizmente, em outros heróis, as mesmas situações desastrosas e climas infantis (presente em Hulk, Homem Aranha e em Quarteto Fantástico) são incansavelmente explorados como se fosse algum tipo de estilo dos personagens da companhia. Ainda mais problemático é o fato de que a maioria das adaptações de heróis do mundo Marvel transformou-se quase que exclusivamente em produto “pré-Vingadores”. Algo que mesmo que soasse interessante em seu principio, acabou sendo uma ótima desculpa para não aprofundar-se em seus personagens, procurar roteiros rasos e sempre deixar uma cena em seu final indicando que tal personagem iria retornar no projeto futuro. Se em Thor, as piadas não conseguiam sobrepor-se ao bom ritmo do filme e ao carisma e talento do seu ator principal, em Capitão América tudo se une para sabotar o filme e o personagem em que se baseiam.


Escrito por Christopher Markus e Stephen McFeely (os mesmos roteiristas dos péssimos Crônicas de Nárnia), baseado nos personagens criados por Joe Simon e Jack Kirby, o filme conta a história de Steve Rogers (Chris Evans) que está tentando a todo custa alista-se no exercito americano para servir o país na segunda grande guerra – motivo por qual aceita ser voluntário em uma série de experiências que visam criar o supersoldado americano. No princípio, Rogers é usado como uma celebridade do exército, porém um plano nazista faz com que Rogers entre em ação e finalmente assuma a alcunha de Capitão América...



Quem não  gostaria de dançar com ela?

Construindo diálogos referenciais e engessados durante toda a narrativa, os roteiristas Markus e McFeely sabem exatamente o caminho que devem percorrer com o personagem desde o começo de sua narrativa. Utilizando diálogos pré-fabricados e mergulhados em clichês, frases como “Não gosto de crueldades”, “Não quero mudar a guerra, quero dominar o mundo”, ou em situações em que as famosas piadas prontas sempre utilizadas no universo Marvel entram em ação, “Dêem um sanduíche para aquele garoto”, “Precisarei adiar aquela dança” ou “Essa é uma péssima hora para ir ao banheiro?” são constantes durante a projeção. Ainda mais desconcertante é ver Stanley Tucci sempre disparando frases de auto-ajuda, além de um clímax patético apontando para o coração do protagonista.


Se um grande ponto interessante da direção de Branagh era o recurso do Slow Motion usado de forma pontual e perfeita em Thor, Joe Johnston investe no recurso em quase todas as cenas de batalha – o que torna-se completamente desnecessário e mais um exercício de estilo do diretor do que qualquer outra coisa. Johnston ainda explora um clima infantil pavoroso ao criar seqüências do herói entrando em fortalezas de segurança pela porta da frente por meio de caminhões inimigos. As cenas em que Johnston filma a ação do lado de fora explorando apenas os sons dos murros do protagonista nos inimigos remete ao clima de seriados dos anos 60, por exemplo.


Em contrapartida, Capitão América consegue ser tecnicamente excelente. A fotografia de Shelly Johnson é muito competente ao retratar em principio o ar gélido do filme, passando por tons mais densos na Noruega e finalmente explorando muito bem o azul na narrativa (a cena em que os personagens vão à mostra tecnológica é um grande exemplo).


Criando Steve Rogers como um rapaz tolo, ingênuo e completamente hipócrita, Chris Evans mostra-se inseguro o tempo todo em um papel que não combina em nada com o limitado ator. E se em cenas como um forçado caso amoroso com a Agente Carter que apenas ressalta a virgindade e pureza daquele “garoto”, Evans aparece completamente perdido; o ator nunca consegue ter imponência nas cenas de batalha e só consegue sair-se bem apenas nas cenas cômicas (algo que lembra muito a franquia fracassada de Quarteto Fantástico). Ainda, Hugo Weaving surge mergulhado em clichês e com frases “vilanescas” de efeito a todo o momento, Dominic Cooper é uma versão cretina de Downey Jr. e Hayley Atwell limita-se a ser gostosa. Ao passo que Tommy Lee Jones é o único ao destoar dos demais com um timing perfeito.


Sendo previsível durante toda sua narrativa e chegando a um clímax desastroso, Capitão América até começa com certo charme e potencial, mas joga fora ao tentar transformar sua história em uma grande piada. Ainda que tenha referencias interessantes ao universo de Thor, Vingadores, Homem de Ferro e que entregue cenas interessantíssimas do ponto de vista temático no universo Marvel (o destino do Caveira Vermelha é ótimo e o porquê de Stark ter o escudo do Capitão América no primeiro Homem de Ferro ), Capitão América até funcionaria bem como algum tipo de paródia do personagem – algo que os quadrinhos e apresentação em shows parecem só colaborar –, mas infelizmente leva-se a sério e é no mínimo irônico que um ator saído de uma franquia fracassada pela falta de qualidade venha se aventurar em outra. O resultado, ouso dizer, será o mesmo.


(2 estrelas em 5)

21 de julho de 2011

Previsões para o Oscar 2012

Ainda que esteja um pouco cedo para começar a fazer previsões e só podemos nos aproximar dos indicados por base da especulação e trailers, a corrida para o Oscar 2012 começa a ganhar contornos. Alguns nomes já começam a despertar muita curiosidade e já figuram por muitos críticos como possíveis indicados ao Oscar. Eu, como exímio apostador, não pude deixar de lançar a minha lista de previsões para o Oscar de 2012. Como estamos trabalhando a base de especulação é bom lembrar que até o final do ano a lista pode ter mudado mais da metade das suposições.


Minhas primeiras previsões para o Oscar 2012:


Melhor Filme


The Tree of Life



Malick volta à direção depois do fraco “Novo Mundo”. A trama gira em torno de uma família texana que busca compreender a vida e a morte. O elenco conta com os talentosos Brad Pitt e Sean Penn, mas nem um nem outro foram tão bem apreciados pela crítica em geral. Grande parte dos críticos fala que o filme no geral é mais importante que suas atuações. Aposto na indicação por ser um dos filmes mais corajosos do ano e que ressuscita uma ficção cientifica esquecida há algum tempo em Hollywood.



The Ides of March



Minha maior aposta do ano. A ação se passa em 2004, em Iowa, algumas semanas antes do partido democrata escolher seu candidato (interpretado por George Clooney) para concorrer à presidência dos Estados Unidos. Centrado no diretor de comunicação Stephen Myers (Ryan Gosling) e as trapaças do jogo sujo da política em que ele precisa se meter para conseguir a indicação para seu candidato, ao invés de outro senador rival. Clooney mais uma vez se volta para a temática política e reúne um dos elencos mais talentosos de 2011(Paul Giamatti, Marisa Tomei, Philip Seymour Hoffman, Jeffrey Wright, Max Minghella, Evan Rachel Wood, além dos já citados Clooney e Gosling). O filme irá estrear em Veneza.



A Dangerous Method



Dirigido por David Cronenberg, a história acompanha a relação dos pais da psicanálise, Jung (Michael Fassbender) e Freud (Viggo Mortensen), com a russa Sabina Spielrein (Keira Knightley), uma das primeiras mulheres psicanalistas da história. As fotos e o trailer do longa já evidencia a transformação dos dois protagonistas e é uma boa aposta para as premiações.



The Descendants



O excelente Alexander Payne vem para mais uma de suas obras cuidadosamente dramáticas ao explorar George Clooney como Matt King, um rico proprietário de terras que leva as suas duas filhas para o Havaí, nos Estados Unidos, em busca do amante de sua mulher, que acabara de sofrer um acidente de barco.



The Girl with the Dragon Tattoo



David Fincher entrega uma nova visão sobre o aclamado livro da trilogia Millenium. Na trama, Harriet Vanger (Moa Garpendal) desapareceu em uma ilha isolada de propriedade da poderosa família Vanger há 40 anos. Não há cadáver, nem testemunhas e evidências. Mas seu tio, Henrik (Christopher Plummer), está certo de que ela foi assassinada por alguém da família. O desacreditado jornalista Mikael Blomqvist (Daniel Craig) é então contratado para investigar, com a ajuda de sua nova assistente, uma hacker de computadores chamada Lisbeth Salander (Rooney Mara). Ambos mergulham no passado da ilha e da família e se vêem prestes a descobrir o quão longe os Vangers estão dispostos a ir para protegerem o seu segredo.



Moneyball



No segundo filme do diretor de Capote, Bennett Miller, o roteiro abordará a vida de Billy Beane (Brad Pitt) que é gerente do time de baseball Oakland Athletics e revolucionou o esporta ao trazer um sofisticado programa de estatísticas feitas em computador para o clube, fazendo com que a equipe ficasse entre as melhores nos anos 70 mesmo sem ter condições de pagar salários altos. O filme é baseado no livro de Michael M. Lewis.



Beginners



Oliver (Ewan McGregor) é um jovem que recebe duas notícias de seu pai (Christopher Plummer). 1) ele tem uma doença terminal. 2) ele é homossexual. Ao mesmo tempo, Oliver deve explorar a honestidade de seus próprios relacionamentos. O possível filme indie de 2011.



J. Edgar



O novo filme de Eastwood é a cinegrafia de J. Edgar Hoover (Leonardo DiCaprio). O filme irá explorar o início da carreira de Hoover (1919-20), quando combateu anarquistas e socialistas, passando por seu combate aos gângsteres nos anos 1930, até os anos 1950/60, quando esteve a frente de dossiês e ações ''subversivas'' do combate americano ao comunismo. Hoover ainda teve uma polêmica vida pessoal envolvendo-se com o agente Clyde Tolson (Armie Hammer).


Ainda podem ser alternativas: The Iron Lady, Albert Nobbs, Tinker, Tailor, Soldier, Spy e On the Road.



Melhor Diretor


David Cronenberg por A Dangerous Method

George Clooney por The Ides of March

Terrence Malick por The Tree of Life

David Fincher por The Girl with the Dragon Tattoo

Steven Spielberg - War Horse



Melhor Atriz


Meryl Streep por The Iron Lady

Glenn Close por Albert Nobbs

Rooney Mara - The Girl with the Dragon Tattoo

Kate Winslet por Carnage

Tilda Swinton - We Need to Talk About Kevin



Melhor Ator


Viggo Mortensen por A Dangerous Method

Michael Fassbender por A Dangerous Method

Ryan Gosling por The Ides of March

Leonardo DiCaprio por J. Edgar

George Clooney por The Descendants



Melhor Atriz Coadjuvante


Marisa Tomei por The Ides of March

Keira Knightley por A Dangerous Method

Jodie Foster por Carnage

Vanessa Redgrave por Coriolanus

Amy Adams por On the Road



Melhor Ator Coadjuvante


Philip Seymour Hoffman por The Ides of March

Christopher Plummer por Beginners

Jim Broadbent por The Iron Lady

Kenneth Branagh por My Week with Marilyn

Ben Kingsley por Hugo Cabret



Melhor Roteiro Original


The Tree of Life

Beginners

J. Edgar

Young Adult

Midnight in Paris



Melhor Roteiro Adaptado


Tinker, Tailor, Soldier, Spy

The Girl with the Dragon Tattoo

The Ides of March

A Dangerous Method

One Day



Animação


Kung Fu Panda 2

Rango

Winnie the Pooh



Trilha Sonora


Alexandre Desplat por A Árvore da Vida

John Williams por War Horse

Howard Shore por A Dangerous Method

Hans Zimmer por Rango

Trent Reznor & Atticus Ross por The Girl with the dragon tattoo



Efeitos Especiais


A Árvore da Vida

Planeta dos Macacos: a origem

Harry Potter 7.2

Super 8

Transformers 3

18 de julho de 2011

AS DEZ MELHORES SÉRIES TELEVISIVAS DE TODOS OS TEMPOS:

Uma das maiores dificuldades de um crítico de cinema é fazer listas. Não, não falo da famosa lista de melhores filmes do ano que é escolhido entre um grupo seleto de filmes vistos ao longo de 365 dias, mas de outras listas que envolvem uma grande quantidade de filmes dos mais variáveis gêneros e fórmulas. Dito isso, recebo todos os dias pedidos de listas para eu fazer – desde os melhores atores de todos os tempos até os melhores musicais – e até hoje consegui me esquivar dos pedidos. Um pedido curioso e muito mais palpável foi feito pelo leitor Iradilson Costa que consta em listar as dez melhores produções televisivas que eu já assisti. Não é um desafio fácil, mas muito mais interessante e palpável.


Antes de começar, faço um esclarecimento:


(1) A lista é formada por séries que eu pude assistir TODAS as temporadas e que manteve em todas as temporadas uma linearidade em sua qualidade. Não listarei séries em andamento. Portanto não se assustem pelas ausências de séries como Law & Order: SVU, Breaking Bad, Dexter, Community, Sherlock, etc.


(2) Peguei a lista de séries cadastradas no IMDb para fazer a checagem das produções que já assisti ao menos alguns episódios ou uma temporada completa para poder criticar com algum fundamento cada uma. Fora as séries completas que acompanhei.


(3) De 215 séries cadastradas no IMDb, assisti 107 dessas séries. Destas, vi todas as temporadas de 47 seriados.


(4) Para finalizar, como toda a lista que eu faço, a lista é baseada em opinião crítica sobre os seriados, influências que passaram para séries futuras, atemporalidade e principalmente por sua importância na época de seu lançamento.


Segue a lista:

AS DEZ MELHORES SÉRIES TELEVISIVAS DE TODOS OS TEMPOS:



Menção honrosa para “Dawson’s Creek” (roteiros geniais de Kevin Williamson e o primeiro beijo gay da televisão), "Sex and the City" (estrutura excepcional e centrado apenas no âmbito feminino – algo interessantíssimo por natureza) e “ER- Plantão Médico” (que só não entrou na lista pela repetição de alguns dramas em suas 15 temporadas. Ainda assim, suas primeiras temporadas beiram ao sublime. Antony Edwards, Noah Wyle, George Clooney e Sherry Stringfield são brilhantes!).



10 - Monty Python's Flying Circus (TV Series 1969–1974)


Usando do melhor humor politicamente incorreto e nonsense, Monty Python não trata-se apenas de longas-metragens impecáveis e hilários. O seriado que estreou em 1969 contava com o elenco inspiradíssimo - Eric Idle, Graham Chapman, John Cleese, Michael Palin, Terry Jones soberbos – e perpetua na mente de muitos como o melhor grupo de comediantes de todos os tempos. Com episódios explorando esquetes de mais ou menos sete minutos, o programa influenciou várias comédias futuras que tentaram seguir o mesmo caminho nonsense e que falharam miseravelmente; além de serem os criadores do uso de algumas palavras. Spam, por exemplo, foi usado pela primeira vez pelo grupo em um restaurante em que todos os produtos vinham com spam. A cena é bizarramente hilária. Outras situações como a piada mortal, o papagaio morto, como não ser visto, entre outros, são esquetes impecáveis dos famosos The Pythons. O grupo ainda produziu mais 6 filmes (E Agora Para Algo Completamente Diferente, Em Busca do Cálice Sagrado, Monty Python Meets Beyond the Fringe , A Vida de Brian (o melhor deles), Monty Python Ao Vivo no Hollywood Bowl e O Sentido da Vida) .



9 - Jornada nas Estrelas (TV Series 1966–1969)


A série original que estreou em 1966 já deixou milhões de fãs no mundo inteiro e foi responsável por cerca de 5 spin-offs e outros 11 filmes. A bordo da Enterprise estavam os excelentes William Shatner, Leonard Nimoy e DeForest Kelley. Star Trek era inteligentíssima ao sempre conseguir aliar tramas científicas impressionantes com contrastes sociais. Com exceção de Kirk e McCoy, nenhum outro personagem do elenco se encaixava como símbolo americano e suas diferentes nacionalidades e etnias eram muito pertinentes. Durando apenas três temporadas, mas ganhando fãs notórios (os chamados “Trekkers”), Star Trek ainda continua sendo uma série atemporal e suas inúmeras reprises através dos anos, suas particularidades e tudo o que gerou definitivamente entrou pra história.



8 - Lost (TV Series 2004–2010)


Criada em 2004 por Jeffrey Lieber, Damon Lindelof e o talentoso J.J. Abrams, Lost manteve uma estrutura inegavelmente brilhante tanto em aspectos de suspense quanto físicos. Intercalando dois tempos ao longo das primeiras temporadas, passado e presente, a série só teve uma pequena queda na qualidade em sua terceira temporada que é imediatamente recuperada no clímax final da mesma. Durando seis temporadas, Lost teve um uma recepção pouco favorável pelos fãs ao seu episódio final – principalmente pelo clima nostálgico, romanceado e simplista que, segundo alguns, não condiziam em nada com os aspectos mais instigantes das primeiras temporadas. Ainda que Lost tenha tido seus defeitos, entra para a lista de melhores séries de todos os tempos por justamente em tramas aparentemente simples colocar mistérios e um suspense crescente ao longo de todas as temporadas, fazendo os espectadores ansiarem pelo clímax final.



7 - Batman (TV Series 1992–1995)


Ganhadora de dois prêmios Emmys, Batman figura na lista por ser a melhor versão animada de um herói para a televisão. Investindo em um clima soturno, a série ainda inspirou as melhores séries animadas de super-heróis na década de 90. “Superman”, “X-men”, “Spiderman”, todas elas ganharam versão de muita qualidade e principalmente fidelidade ao retratar os universos. Batman ainda conseguiu adicionar a personagem “Arquelina” nos quadrinhos por tamanha popularidade que a personagem tinha entre os fãs. Durando 85 episódios, a série tem seus melhores roteiros em “A Conspiração da Capa e do Capuz” (possui um dos melhores desfechos que já vi e prova o tom investigativo do personagem), “Habitantes do subterrâneo” (um dos episódios mais tocantes e pertinentes da série) e “Quase o peguei” (o melhor episódio deles).



6 – Studio 60 on the Sunset Strip (TV Series 2006–2007)


Ainda que tenha durado apenas uma temporada, a série que mostra os bastidores de um programa televisivo de humor chegou a ser indicada ao Emmy e ao Globo de Ouro. O programa contava com o soberbo Aaron Sorkin em um roteiro inspiradíssimo e com os impecáveis Matthew Perry e Bradley Whitford. Talvez por Perry fazer um personagem tão diferente de Friends, talvez por terem vendido mal a idéia do programa, a série foi cancelada em sua primeira temporada devido a baixa audiência. Mesmo apresentando o nível de qualidade altíssimo. Studio 60 figura entre as séries que queríamos ver por mais tempo, mas foi perfeita enquanto durou. E isso já é o bastante!



5 – Twin Peaks (TV Series 1990–1991)


Criada por ninguém menos que David Lynch, Twin Peaks começou a ser exibida em 1990 e até hoje é detentora de um dos maiores suspenses da história da televisão – “Quem matou Laura Palmer?”. Na história, uma equipe de investigação do FBI tenta descobrir a verdade sobre o brutal e chocante assassinato da adolescente Laura Palmer. O grande problema é que a pergunta é respondida na metade da segunda temporada, uma decisão audaciosa, mas que tornou a série quase que insustentável. Ainda assim, Twin Peaks manteve-se consistente quase toda sua duração.




4 – A Sete Palmos (TV Series 2001–2005)


Dona de uma das temáticas mais sólidas e intrigantes de todos os tempos, Six Feet Under acaba como começa – e não há maneira melhor e mais coesa do que isso -, com a morte sendo exploradas das mais variadas formas. Em cada episódio somos apresentados a uma morte e no trabalho da família Fisher – na funerária mantida por Nate e David (Michael C. Hall, excelente!). Mantendo uma linearidade ao longo de suas cinco temporadas, a série tem o melhor final de uma série de televisão – em um epílogo surpreendente e emocionante ao extremo.



3 – Friends (TV Series 1994–2004)

6 amigos, mais de 60 indicações a prêmios e 236 episódios hilários são o bastante para considerar Friends como o melhor sitcom de todos os tempos. Impressionantemente engraçada e carismática, Friends segue sendo a única comédia a fazer o espectador rir das mesmas piadas vendo o mesmo episódio 3 vezes e em seqüência. Algo que remete a uma das coisas mais difíceis da comédia: o timing universal. Aniston, Cox, Leblanc, Kudrow, Schwimmer e Perry entraram para a história dos seriados ao retratarem algo simples, mas que acaba falhando na maioria dos casos: romance, comédia, carisma e química entre os atores.



2 – The West Wing (TV Series 1999–2006)


Duas palavras: Aaron Sorkin. Chega a ser intrigante que o último episódio da segunda temporada tenha sido eleito como o melhor episódio da história da televisão. Não o considero nem o melhor da série. Algo que já remete a qualidade ímpar de The West Wing. A série mostra os bastidores da Casa Branca em meio ao mandato do presidente Bartlet. Rob Lowe, John Spencer, Richard Schiff, Allison Janney e o excepcional Bradley Whitford montavam o time de assessores do presidente. Mantendo uma linearidade incrível durante sete temporadas e acabando no momento certo (algo raríssimo), The West Wing foi indicada em todas as suas temporadas ao Emmy e só na primeira temporada ganhou nove.

 
1 - Arquivo X (TV Series 1993–2002)


Importantíssima para o cenário ufólogo na televisão e no cinema, inclusive superando séries como Taken, V, Fogo no céu e Intruders, Arquivo X não só foi importante em sua época e bem construída em seu suspense, como também influenciou várias temáticas depois de seu fim. A série não era apenas genial em sua mitologia ou em seus roteiros. Não. Ela encontrou apelo suficiente em sua dupla de protagonista: Mulder e Scully. Criando uma tensão sexual precisa e que instigava ainda mais o publico a acompanhar o desenrolar desse relacionamento, Chris Carter foi inteligentíssimo (ainda que sádico) ao manter a tensão entre os dois protagonistas por sete temporadas. Através de gestos, olhares e toques, Gillian Anderson e David Duchovny eram soberbos ao retratar a química crescente entre os dois protagonistas – resultado que afetava de maneira ainda mais positiva os roteiros da trama. Desde a conspiração governamental, passando pelo câncer de Scully, pelos super soldados e a profecia final, Arquivo X inspirou diversas tramas e subtramas de séries conhecidas, pode servir como exemplo, a famigerada Fringe. Ganhadora do Globo de Ouro de melhor série dramática durante três anos consecutivos, Arquivo X quase perdeu o equilíbrio na saída de Mulder do elenco principal – abrindo espaço para outros dois bons atores (Robert Patrick e Annabeth Gish), mas impressionantemente manteve um ritmo brilhante na oitava temporada com participações esporádicas de Mulder e com a trama dos super soldados, culminando em um clímax angustiante. Com fãs fervorosos até hoje, Arquivo X é, sem sombra de dúvidas, um marco televisivo!

14 de julho de 2011

Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 2 (2011)

O fim da jornada!
Dez anos. Foram dez anos acompanhando uma saga de um jovem que descobre que é bruxo e que derrotou o bruxo mais temível de todos os tempos com apenas um ano de idade. Harry Potter passou pelas mãos de exatamente quatro diretores que deram diferentes estilos narrativos para a história e nos conduziram de diferentes formas pelo universo fantasioso. Se nos primeiros filmes – “Harry Potter e a Pedra Filosofal” e “Harry Potter e a Câmara Secreta” – fomos introduzidos ao universo mágico pelo fraquíssimo Chris Columbus, que apesar de ser um interessante começo para a saga em termos de direção de arte e trilha sonora (sempre destacada no filme), o universo apresentado era juvenil demais, caricato demais e sem qualquer inspiração; no terceiro filme da saga começávamos a vivenciar um mundo mais sombrio, caótico e quase trágico inspirado por Alfonso Cuarón. Estilo que infelizmente não foi retomado pelo diretor Mike Newell e que proporcionou o desastroso "Harry Potter e o Cálice de Fogo" – voltando a “magia” de Columbus e as mesmas piadas caricatas e sem inspiração.


Felizmente, em 2007, o desconhecido diretor David Yates entrava na direção do quinto filme, "Harry Potter e a Ordem da Fênix", voltando ao mesmo mundo trágico criado por Cuarón, mas com uma drástica e brilhante mudança: o contexto político. Mostrando todo o amadurecimento de seus protagonistas e espelhando-se em um terror psicológico, político, ditatorial e xenofóbico, Yates havia chegado ao seu ápice na primeira parte de Harry Potter e as Relíquias da Morte ao retratar de maneira clara a filosofia de sangues-puros como nazista. Referências de “Mágica é poder”, os cartazes publicitários da idéia com cores pretas e vermelhas (inspiradas na suástica), entre outros. David Yates era brilhante ao conseguir proporcionar um sentimentalismo comovente em meio à melancolia. Algo que é curiosamente deixado de lado no capitulo final da saga. Afinal, Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 2 é frio, cruel e contemplativo.


Escrito por Steve Kloves (roteirista de 7 dos 8 filmes da saga), no capítulo final da saga, Harry Potter segue em buscas das horcruxes e a batalha final está cada vez mais próxima. Harry Potter precisa se apresentar para fazer o seu último sacrifício, enquanto o confronto final com Lorde Voldemort se aproxima.


Criando um elo com a primeira parte do filme e explorando um tom contemplativo, Yates é no mínimo interessante ao trazer cenas que não precisam ser explicadas a cada 5 minutos e o mais importante: conta com total apoio do roteiro de Kloves em diálogos rápidos, contidos e frios. Algo que a primeira cena do longa já mostra claramente em um diálogo excelente entre Harry e um duende. As referencias do universo, por exemplo, conseguem aparecer na tela a todo o momento sem precisar ser lembradas. Note o dragão de Gringotes, a Penseira, as magias, situações de outros filmes que retornam, entre outros. Yates parece ter certeza de que seu publico já está acostumado com aquele universo e que tempo é algo precioso e não deve ser perdido. No entanto é admirável que a montagem de Mark Day encarregue-se disso ao mostrar flashes das relíquias e ao retratar brilhantemente quando Harry entra na mente de Voldemort ou vice-versa. 


Aliás, na parte técnica Harry Potter é formidável. Desde a direção de arte impressionante (note as ruínas do Beco Diagonal e de Hogwarts, que nem de longe lembra os ambientes mágicos e aventureiros dos primeiros filmes) até a fabulosa fotografia dessaturada. Igualmente emblemática e impecável é a trilha sonora de Desplat – que faz seu melhor trabalho na saga. A trilha alterna desde momentos emocionantes como a defesa ao castelo, passando pela famosa trilha de Williams mais melancólica, até chegar ao epílogo em que a mesma trilha de Williams começa a ganhar quase que uma sobrevida (remetendo a volta por cima dos personagens e do mundo mágico). O som do filme também é impecável ao retratar a dor na cicatriz de Harry e o clima magnético em meio a gritos e terror quando Voldemort entra na cabeça dos bruxos para dar seus avisos.


Sempre apresentando seus personagens de forma comovente, mas nem por isso sentimental (note a cena em que Rony e Hermione simbolizam o amor entre ruínas), Yates também é genial na concepção de seus planos. Cenas como a marcha dos alunos filmada de cima, as cenas de batalhas de Hogwarts brilhantemente precisas e a fuga de Gringotes são bons exemplos da excelência do diretor. Ainda mais interessante é assistir o roteiro de Kloves conseguir fechar todas as subtramas criadas e que traz uma constante tensão na batalha final e se os personagens conseguirão destruir as horcruxes a tempo. 


Em contrapartida, a temática espírita que o filme começa a desenvolver em seu terceiro ato pode e deverá incomodar muita gente por mostrar, em uma fotografia que abusa do branco, Harry e Dumbledore quase como filho e Criador, Harry falando com mortos e a famosa luz do fim do túnel sendo demonstrada em uma estação de trem. Ainda assim, a cena é maravilhosamente construída e admirável. Note quando Dumbledore some para deixar as decisões para Harry, sabendo que o aprendiz tomará a certa. Vale também ressaltar os impecáveis efeitos especiais que mostram de forma incrível quando os personagens “desaparatam”, as batalhas e as magias (destaque para o Expecto Patronum conjurado pelo irmão de Dumbledore).


Destacando-se no excelente elenco, Matthew Lewis desenvolve Neville de uma forma impressionante tornando-se um dos lideres da “resistência” a Voldemort e longe de ser o garotinho indefeso dos primeiros filmes. Já Helena Bonham Carter é igualmente fascinante ao retratar com estranha doçura a sua própria personagem quando Hermione toma a poção polissuco. Note o olhar meio assustado e choroso da atriz quando se passa por Hermione. Ao passo que Alan Rickman rouba a cena, chegando ao ápice em seu clímax.


Sendo corajoso em toda narrativa, Yates ainda demonstra ser inteligente ao mostrar os reflexos da guerra em seu final e o destino que os personagens sofreram na tela de uma maneira única. Harry caminhando entre os mortos e feridos no desfecho é fascinante. "Harry Potter e as Relíquias da Morte" mostra-se o melhor filme da saga e fecha com chave de ouro uma saga de dez anos. É, portanto interessantíssimo e nostálgico David Yates fechar a saga com o epilogo e fazer seu clima de despedida da série por meio de Harry e Cia acenando para o trem que parte em direção a Hogwarts. Infelizmente, um trem que parte pela última vez.


(5 estrelas em 5)