31 de outubro de 2015

Os 150 melhores filmes de terror dos últimos 15 anos


Nos últimos quinze anos, o cinema de terror foi marcado por diferentes tentativas de ressuscitar subgêneros, alavancar o potencial de novas franquias e pela infindável quantidade de homenagens aos filmes setentistas/oitentistas, responsáveis pela formação de grande parte dos profissionais atuais. Surgiram grandes nomes e grandes filmes. Por um tempo, o found footage foi um auxílio gigantesco para os independentes, o mumblegore igualmente uniu uma parcela dos realizadores para trabalhos em conjunto, frutos de pouco capital e mais iniciativa. Com o panorama de mais ideias e menos dinheiro para realizá-las, os últimos anos ocasionaram alguns exemplares que automaticamente se tornaram seminais, deixando para trás a terrível década de 90. Definitivamente. 

A seguir, além de indicar cenas importantes das obras (os FYC), listei 150 filmes imprescindíveis para desvendar o gênero nos últimos 15 anos: 

150. Terror no Pântano (Hatchet, EUA, 2006)

Adam Green costuma construir seus terrores com uma dose de cinismo, como faz no simpático Digging Up the Marrow, onde brinca com sua própria filmografia. Embora tente sempre procure providenciar algum drama para a história. Na sua franquia Terror no Pântano, o original é o que mais se aproxima da sua pretensão máxima: construir um slasher autoparódia eficiente para contar a história de Victor Crowley. 

FYC: Após achar que está a salvo, o personagem de Joel Murray tem a cabeça completamente girada e arrancada pelo assassino.  

149. Styria (Hungria, 2014)

Numa continuação lógica do terror vampiresco atual, é um retrato provocante do isolamento e da renegação da família proveniente de uma garota que "grita" por mistério.


FYC: Antes de qualquer marca no pescoço de sua vítima, Lara enfia um caco de vidro no local, como se não quisesse tocá-la.  

148. Sobrevivente (Backcountry, Canadá, 2014)

Em sua estreia à frente de longas-metragens, Adam MacDonald se desprende da proposta de inúmeros filmes do subgênero, envolvendo-nos num thriller crescente e de bom gosto. 

 
FYC: A tensão gerada pelo estranho personagem de Eric Balfour, que produz uma desconfiança preconceituosa do casal Jenn e Alex, quando a preocupação deles deveria ser com a natureza animal, não a humana.  

147. A Estrada (The Road, Filipinas, 2011)

Histórias entrelaçadas não são fáceis em nenhum gênero, o que dificulta as tentativas de Yam Laranas de expor os horrores da estrada que movem seu argumento. Talvez, a obra seja menos efetiva do que a pretensão inicial do diretor supõe, mas é intrigante e é elegante o suficiente. 


FYC: A morte de Lara no banco de trás de um carro pegando fogo. 

146. Quarentena (Isolation, Irlanda, 2005)

Nos últimos anos, a quantidade de filmes de infecção generalizada que se alastrou rapidamente pelo globo foi quase incontável. O filme de Billy O'Brien concentra sua atenção numa pequena comunidade rural, onde a praga é gradativa, natural e tensa.


FYC: Algo começa a subir pelas cobertas de Mary. 

145. Insensíveis (Insensibles. França, 2012)

Juan Carlos Medina pode dar voltas e mais voltas, mas consegue acrescentar a inevitável mensagem: num mundo em que o espectro da guerra sobrevive, a insensibilidade à dor é um estudo que pode render resultados impressionantes. 


FYC: Ao descobrir sua "insensibilidade", uma menina se ateia fogo e outros tentam fazer o mesmo, sem saber que não possuem essa mesma natureza. 

144. Não Documentado (Undocumented. EUA, 2010)

Na constante discussão sobre a imigração nos EUA, em pautas reacionárias, o filme reúne o sadismo do subgênero com o mockumentary, ressaltando uma série de pensamentos "patrióticos" que torna toda a estrutura crível demais e, por consequência, mais intensa.

FYC: Numa espécie de inquisição, um dos imigrantes é questionado sobre aspectos culturais americanos para a decisão de sua sobrevivência ou morte.

143. The Children (Inglaterra, 2008)

Desde a primeira aparição de destaque de uma criança no horror, em O Golem, o uso da figura infantil sempre intrigou, pelo poder de sua dubiedade. Aqui, a fragilidade familiar e o isolamento correlacionam a mudança comportamental dos pequenos com o afastamento de seus pais. 


FYC: A única opção de uma mãe, após ser atacada na barraca pelo seu filho, é matá-lo.

142. Mistério da Passagem da Morte, O (The Dyatlov Pass Incident. Rússia/EUA, 2013)

Típico caso de que nem as atuações inverossímeis ou a direção imprecisa de Renny Harlin sabotam toda a estrutura belissimamente executada pela fotografia, que sempre nos envolve no isolamento daquelas pessoas ou com o futuro delas.


FYC: A intrigante história da expedição que inicia o longa.

141. Hollow (Inglaterra, 2011)

Clássico exemplo de found footage que compreende que o charme do subgênero reside no relacionamento interpessoal dos protagonistas e as consequências de suas ações.


FYC: Um dos amigos deixa os outros para trás e começa a voltar para a cabana sozinho na escuridão. 

140. Livide (França, 2011)

Uma alegoria macabra e insana que dá vida aos seus personagens estranhos, dentro de uma mistura de gênero constantemente instigante.


FYC: O instante que os três amigos entram na casa. 

139. Casa dos Sonhos (Wai dor lei ah yut ho. Hong Kong, 2010)

Seu maior horror é a economia mundial, o que traveste seu drama em um thriller macabro e eficiente.


FYC:  Qualquer cena envolvendo o martelo. 

138. The Final Girls (EUA, 2015)

Não só reinventa particularidades dos slashers para derivar nas excelentes homenagens, principalmente para Sexta-feira 13, como também contrabalança sua espirituosidade com o drama presente no relacionamento entre mãe e filha - resultando na cena mais linda do filme.


FYC: A abertura com Kumba-no e Bette Davis Eyes.

137. Mulberry Street - Infecção em Nova York (Mulberry St. EUA, 2006)

Poucos começaram uma filmografia de forma tão concisa quanto o promissor Jim Mickle. Em seu primeiro filme, o americano foge da natureza cômica de seus correlacionados, culminando em algo mais sádico e trágico.



FYC: Dentro de um bar, acompanhamos o desenvolvimento da infecção e da mutação dos clientes.

136. Plataforma do Medo (Creep. Inglaterra, 2004)

É possível o menos ambicioso e mais falho filme do brilhante Christopher Smith, porém com um primeiro ato espetacular e com o apuro estético sempre interessante do inglês.


FYC: Kate observa seu stalker ser puxado para fora do trem. 

135. Identidade (Identity. EUA, 2003)

A carreira de James Mangold é conhecida por seus altos e baixos, mas Identidade é certamente o ponto mais alto que já atingiu. Ao abordar dez estranhos que se veem emboscados num motel durante uma tempestade e começam a morrer, um a um, o diretor nos insere literalmente dentro da mente de um assassino, o que faz o percurso ser muito mais interessante do que apenas um thriller comum.

FYC: Ed descobre que é apenas uma das personalidades de Malcolm Rivers.   

134. Byzantium (Irlanda, 2012)

Como se vampiros fossem andarilhos que servissem como uma espécie de intermediários entre a vida e a morte, a profundidade que Neil Jordan produz na platônica amizade entre Ella e Clara (nos mesmos moldes de Lestat e Louis) termina conduzindo o terror de uma forma muito mais triste do que aventureira, algo que curiosamente se afasta do que sempre foi seu forte.


FYC: Hanna prova sangue pela primeira vez. 

133. Entes Queridos (The Loved Ones. Austrália, 2009)

Apresentando seus personagens com um fascínio pela loucura e com uma conotação incestuosa, Entes Queridos se compromete emocionalmente com o seu sadismo, o que desperta uma sensação curiosa.


FYC: A dança vulneravelmente emocional (e chocante) de pai e filha. 

132. Boa Noite, Mamãe (Ich seh, Ich seh. Áustria, 2014)

A intensidade com que a narrativa é sobrecarregada, aliada aos tons fúnebres e ambíguos, lança ao espectador uma angústia sintomática e provocante. Severin Fiala e Veronika Franz retornam às perguntas levantadas por Honeymoon e, em menor grau, por A Pele Que Habito: quem está vivendo na mesma casa que você?


FYC: Os gêmeos amarram a mãe em sua cama para descobrir quem é a invasora e o que ela fez com a mãe deles. 

131. Último Trem, O (The Midnight Meat Train. EUA, 2008)

O longa-metragem de Ryûnei Kitamura transita entre a obsessão e o limite do retrato, tornando-se um testemunho primitivo da imitação, pegando como gancho o submundo e a virilidade do personagem de Vinnie Jones.


FYC: O vagão de mortos.

130. Espinhos (Splinter. EUA, 2008)

Antes de tentar a sorte com a franquia O Grito, no terceiro exemplar, o diretor Toby Wilkins estreava neste interessante sci-fi, que se juntava ao apelo de Cabana do Inferno, ao encontrar tons cômicos na abordagem macabra.


FYC: A ajuda chega na pele de uma policial que desconhece o monstro que os cercam no poste de gasolina; por pouco tempo.

129. Eu Vendo os Mortos (I Sell the Dead. EUA, 2008)

Em seu tom gótico-cômico-aventureiro, uma experiência agradável que serve tanto como uma fábula infanto-juvenil quanto algo adulto/macabro durante seu passeio por subgêneros. O primeiro mumblegore da lista.


FYC: O interrogatório do padre Duffy. 

128. The Den (EUA, 2013)

Qual é um dos maiores temores da sociedade atual? Muitos pensam instantaneamente em privacidade. Ainda que a internet nos permita nos comunicarmos com qualquer parte do mundo, ela também faz com que qualquer parte do mundo chegue até nos. É o que guarda a essência do longa-metragem de Zachary Donohue, cuja protagonista desenvolve uma tese sobre bate-papos aleatórios e se envolve num eventual slasher que nem ela ou o espectador se dá conta.


FYC: Alguém pega o computador de Elizabeth e a filma dormindo. 

127. Stitches (Irlanda, 2012)

Dificílimo não sorrir com uma seita satânica de palhaços que ressuscitar quem não consegue terminar seu número. Outra pérola do terror irlandês.


FYC: Depois de uma brincadeira infantil "inocente", a primeira (!) morte do palhaço. 

126. Mulher de Preto, A (The Woman In Black. Inglaterra, 2012)

Quando a Hammer ressurge no cenário comercial, é o tipo de filme que os fãs esperavam dela. Melhor que o original, Watkins adota uma postura mais clássica, com direito a pouca iluminação nos lugares que Arthur frequenta (trens, casas, escritórios), sótãos, porões, escadas que rangem, névoa, cemitérios e mansões mal assombradas.


FYC: Dentro da casa, à noite, Arthur entra numa sala e sente uma presença.

125. Bad Milo (EUA, 2013)

Satirizando sua metáfora desde o princípio, é divertido como age com o preceito naturalmente bizarro, apoiando-se substancialmente nisto.


FYC: Duncan passa a amar uma parte sua que o assustava, Milo.  

124. Uma Noite de Crime: Anarquia (The Purge: Anarchy. França/EUA, 2014)

Abrangendo o argumento do seu primeiro filme, Anarquia constrói uma tensão e adrenalina dentro de uma realidade futurística, que poucos sci-fis conseguiram nos últimos anos. Com niilismo e violência desenfreados, uma referência no subgênero.


FYC: Ao procurarem uma saída da cidade, um dos personagens liderados pelo sargento é "capturado" por uma armadilha e começa uma guerra. 

123. Little Deaths (Inglaterra, 2011)

Talvez, o maior "problema" do longa-metragem também seja sua maior virtude: três histórias que divergem entre si. Mas o resultado final ofusca as falhas maiores. No segmento House and Home assistimos ao casal sendo confrontado por seus próprios pecados; Mutant Tool parece ter saído diretamente de uma história de Stephen King e é o menos explicativo dos três; ao passo que o último, Bitch, transforma o sexo como principal adestrador da sociedade e temos que confrontar, mais uma vez, nós mesmos. É claro que podem não ser histórias complementadoras, porém funcionam separadas.


FYC: Um casal convida uma garota para visitá-los com intenções diabólicas. Entretanto, o jogo vira. 

122. Presos no Gelo 2 (Fritt vilt II. Noruega, 2008)

Naturalmente verossímil, o apego à carga dramática do primeiro filme, reproduzido também no hospital, oferece uma boa empatia a um filme de serial killer; culminando numa proposta bastante similar com a de Halloween II.


FYC: Ao tirar a máscara do assassino, Jannicke se surpreende ao ver um homem. 

121.Horsehead (França, 2014)

Entrelaça as percepções de onírico e realidade com uma destreza hipnotizante, absorvendo-nos numa maturidade gigantesca ao decorrer da narrativa com as inquietações da protagonista e sua relação com a mãe.


FYC: A estranhíssima cerimônia de concepção dentro de uma seita religiosa. 

120. Morte do Demônio, A (Evil Dead. EUA, 2013)

Não desmerece o original, funciona como prequel, mantém-se divertidíssimo, assusta pontualmente, homenageia o gore. Não daria para pedir algo a mais para o ótimo Fede Alvarez.


FYC: Pode-se pensar na transformação de Mia ou na amputação de um braço, mas nada supera a chuva de sangue. 

119. Quando Eu Era Vivo (Brasil, 2014)

No seu primeiro longa-metragem solo, Marco Dutra não rompe a barreira entre sobrenatural e real presente no brilhante Trabalhar Cansa, revelando-nos que o terror não é definido pelo gênero, mas pelos acontecimentos familiares no roteiro.


FYC: Uma foto da mãe entre os personagens de Sandy e Marat é enquadrada, enquanto os dois cantam uma melodia macabra composta por ela. 

118. Musarañas (Espanha, 2014)

Uma família assombrada pela figura opressiva do pai, torna-se refém a repetir as suas mesmas ações, na pele da irmã interpretada por Macarena Gómez, que, por ter sido a principal vítima daquele, é também a principal afetada.


FYC: Ao se ver sem escolhas, Montse enfia uma de suas agulhas em uma convidada que descobre que ela virou seu pai.

117. Lake Mungo (Austrália, 2008)
Numa perspectiva familiar, com o recurso documental, Lake Mungo alcança uma empatia muito forte, beneficiando-se com os twists no roteiro e seu tom fúnebre.


FYC: Pelas filmagens de um celular, nós deparamos com uma personagem morta.  

116. Spring (EUA, 2014)

Um primeiro contato com a obra pode soar meio estranho, pois Benson e Moorhead nos infiltra na realidade de Evan, fazendo com tudo teime em passar rápido para nós também e que percebamos o quanto precisávamos de mais tempo no envolvimento com Louise.


FYC: A química entre Evan e Louise no primeiro contato. 

115. Mutilados (Severance. Inglaterra, 2006)

Paulo Francis dizia que o melhor sarcasmo é aquele quando você não sabe se o autor tem ou não tem a intenção. Pois é algo que poderia ser usado para descrever o cinema de Chris Smith, que é mais uma vez inteligente na abordagem de seu filme e subverte expectativas pela sua sutil ironia e deboche.


FYC: Um urso caminha por trás dos personagens, após uma brincadeira sobre a localização do predador. 

114. Batalha Real (Batoru rowaiaru. Japão, 2000)

Um massacre governamental do ponto de vista juvenil é, como não poderia deixar de ser, bastante violento, contudo, ao mesmo tempo, consciente e assustador.


FYC: É revelado que, a partir dali, cada personagem deverá pegar uma mochila e sobreviver. 

113. Caçador de Troll, O (Trolljegeren. Noruega, 2010)

Imaginativo, a sua montagem é o que acrescenta no drama dos garotos que encontram um caçador de trolls, construindo um avanço quase crível na história.


FYC: O primeiro contato com o caçador com ele correndo na direção dos jovens. 

112. Juan dos Mortos (Juan de los Muertos. Cuba. 2011)

Visão divertidíssima do apocalipse zumbi, com uma pitada de Todo Mundo Quase Morto.


FYC: Ao fim, Juan contra dezenas de mortos. 

111. Contos do Dia das Bruxas (Trick 'r Treat. EUA, 2007)

Condiciona várias histórias de maneira apropriada, aproveitando suas sugestões maliciosas sempre com eficiência, graça e, por vezes, dramáticas.

 
FYC: Enquanto o diretor de uma escola cava uma cova para seu novo corpo, o seu filho pede um sanduíche. 

110. Somos o que Somos (We Are What We Are. França/EUA, 2013)

Mergulhado numa tristeza operante, um sugestivo drama canibalístico que indica novamente o talento de Jim Mickle para extrair tensão no breve e no sutil.


FYC: As filhas fazem o banquete final. 

109. Dark Touch (Suécia/França, 2013)

Suponho que é basicamente o que o remake de Carrie gostaria de ser. A garota Missy Keating é ótima em denunciar as sequelas de um abuso, caminhando de mãos dadas com a tensão dosada por Marina de Van.


FYC: Já na primeira cena, a menina tenta se afastar dos pais, ao pedir socorro aos vizinhos durante a chuva.  

108. Você é o Próximo (You're Next. EUA, 2013)

Adam Wingard deixa o promissor início, onde podemos captar influências de Zaroff, o Caçador de Vidas e Violência Gratuita em seu "capital-horror" para subverter o uso da final girl.

 
FYC: A primeira flecha que vai em direção a um dos convidados.  

107. O Que Fazemos Nas Sombras (What We Do in the Shadows. Nova Zelândia, 2014)

É tão inteligente e espirituoso quanto poderíamos esperar de um documentário sobre vampiros descrevendo suas rotinas.


FYC: O vampiro clássico é queimado por um descuido. 

106. Espíritos - A Morte Está ao Seu Lado (Shutter. Tailândia, 2004)

Na trama, um jovem fotógrafo passa a ser atormentado pelo espírito de uma garota atropelada, que agora quer vingança. Unindo o drama sobrenatural quase contado em forma de fábula pelos orientais com os tons vingativos, tornou-se um clássico instantâneo.

 
FYC: Finalmente, revela-se o motivo da dor nas costas de Thun. 

105. Hotel (Áustria, 2004)

Um terror intimista, introspectivo, que pode não soar tão organizado ao espectador, mas que produz uma experiência intensa e inteligente.


FYC: O plano em que a personagem vai em direção a escuridão num corredor poderia ser enquadrado e vendido a qualquer preço. Eu compraria. 

104. The Woman - Nem Todo Monstro Vive Na Selva (EUA, 2011)

Não à toa, um dos responsáveis pelo roteiro é Jack Ketchum, do fascinante A Menina da Porta ao Lado, já que o princípio é o mesmo: o homem e a família como os piores monstros imagináveis. Aqui, a ineficácia é de toda uma família desestruturada, não apenas de uma mãe depressiva e problemática.


FYC: O filho observa o pai abusando da "nativa". 

103. Vertigem (Vertige. França, 2009)

Tenso e angustiante, o único problema de Vertigem é o garoto Loïc, cujo overacting pode causar irritação, além dos flashbacks. O longa-metragem de Abel Ferry é sábio na utilização da câmera na mão, por exemplo, gerando um simples desconforto nas tomadas em que quer oferecer vertigem ou insegurança. Sem contar a transição de caçadores de aventuras à caças, que é feita sem desgaste.


FYC: A cena da passagem de uma montanha para a outra, que eleva o índice de adrenalina na narrativa.

102. Seres Rastejantes (Slither. Canadá, 2006)

Gunn celebra uma revisita aos anos 50 do sci-fi, mas com mais gore e comédia. Funciona.


FYC: A famigerada cena na banheira. 

101. Entidade, A (Sinister. EUA, 2012)

Do realizador de O Exorcismo de Emily Rose, A Entidade mora na ideia de que o arrepio é tão importante quanto os sustos, assim, desenvolvendo o mistério e os sustos conforme as descobertas do protagonista.

 
FYC: As crianças no corredor. 

100. Madrugada dos Mortos (Dawn of the Dead. Canadá, 2004)

Um dos maiores acertos da carreira de Zack Snyder, onde o diretor faz uma breve e especial homenagem ao grande George Romero; com humor.


FYC: Do telhado, o jogo de acertar "qual personalidade o zumbi parece?". 

99. 1408 (EUA, 2008)

Na adaptação do conto de Stephen King, o terror encontra alguma profundidade na pele de um melancólico e cético John Cusack.


FYC: Do outro da janela, alguém imita os trejeitos do protagonista. 

98. A Horrible Way To Die (EUA, 2010)

Através de uma narrativa ensurdecedoramente silenciosa, o rastro de destruição de um serial killer na ótica triste de Adam Wingard. 


FYC: Dentro de uma cabana, Garryck retorna

97. Bedevilled (Kim Bok-nam salinsageonui jeonmal. Coréia do Sul, 2010)

Psicológica e fisicamente brutal, uma obra que chega ao limite da misoginia para horrorizar.


FYC: O silêncio diante do espancamento de uma sofrida personagem. 

96. Willow Creek (EUA, 2013)

O terror de Bobcat Goldthwait é o que se mais aproxima da essência de A Bruxa de Blair, dos muitos mockumentarys e found footages apresentados nos últimos anos. Flertando com a tensão na continuidade, o cineasta também se esforça para oferecer a verossimilhança nos erros, creditando uma fragilidade, que, automaticamente, cria uma empatia imensa.


FYC: A cena da barraca. 

95. Quarto Secreto, O (La Cara Oculta. Colômbia, 2011)

Com uma reviravolta realmente surpreendente, torna-se outro filme a partir do segundo ato, que conta com uma emoção bem maior para personagens que, até então, pareciam boçais.


FYC: Passamos a conhecer o que "assombrava" a casa de um casal recém-formado. 

94. Dumplings (Jiao zi. Hong Kong, 2004)

Fruit Chan aprofunda ainda mais seu curta presente no filme Três... Extremos, mostrando-nos o quão a história rende um atestado assombroso sobre limites, consequências e tortura psicológica.


FYC: Os "pequenos" são cozinhados. 

93. Grabbers (Irlanda, 2012)

Uma divertida e despretensiosa comédia, onde os realizadores parecem ser tão irresponsáveis quanto seus personagens embriagados - e de forma positiva.


FYC: Percebendo a vulnerabilidade dos invasores, os protagonistas decidem manter seus moradores embriagados no bar.

92. Simon Killer (França/EUA, 2012)

Na sua proposta, o diretor Antonio Campos esquece propositalmente algumas arestas na narrativa a fim de não ofuscar o drama de seu intrigante e condenável protagonista.


FYC: Após consumir por completo uma de suas vítimas (entre aspas ou não), Simon encontra uma solução. 

91. Capital dos Mortos, A (Brasil, 2008)

Seu amadorismo conta ao seu favor, já que suas sequências são sempre imprevisíveis, inteligentes e simpaticamente confusas. Há o problema do uso exagerado das músicas durante os ataques, só que sem interferir no resultado final.



FYC:  A dinâmica dos personagens a bordo de um carro.  

90. Sede de Sangue (Bakjwi. Coreia do Sul, 2009)

No terror de Chan-wook Park nos envolvemos na situação enfrentada pelo padre Sang-hyeon e suas consequências.


FYC: No terceiro ato, o sangue jorra em um corredor estéril. 

89. Distúrbio Fatal (The Living and the Dead. Inglaterra, 2006)

Algumas (desmedidas) decisões narrativas do diretor influenciam no resultado final, mas muito mais do que um filme de suspense, o excelente Simon Ruley se esforça para passar o mais intenso e doloroso concebível.


FYC: A alternância que Rumley desenvolve entre realidade e alucinação. 

88. Medo (Janghwa, Hongryeon. Coreia do Sul, 2003)

Preocupa-se com o desenvolvimento de cada membro da família, fazendo com que tudo seja importante até o clímax, principalmente ao analisarmos o quanto Bae Soo-mi enfrentou seus próprios demônios durante todo o percurso.


FYC: Soo-mi é surpreendida por uma aparição na cozinha. 

87. Banquete no Inferno (Feast. EUA, 2005)

Propositalmente ridículo, usa sua estupidez para criar gags geniais, como as que faz com os destinos de seus personagens.


FYC: A apresentação individual dos protagonistas.

86. The Bay (EUA, 2012)

Expande o uso do found footage associando o caos social de uma pequena cidade com a individualidade e impressiona pela sua coesão.


FYC: A passagem pelos jornais, no início.

85. Espinha do Diabo, A (El espinazo del diablo. México/Espanha, 2001)

Não é perfeito ao conduzir a tensão que gira naquele orfanato, mas o drama providencial de del Toro é marcante. 


FYC: A cena inicial, onde apenas um enquadramento é o bastante para causar arrepio.

84. Alta Tensão (Haute tension. França, 2003)

O slasher que colocou os holofotes em Alexandre Aja gira em torno de duas estudantes que vão para a casa de campo de uma amiga e são atormentadas por um assassino. Os destaques são para as cenas com machado. 


FYC: A identidade do assassino.

83. As Ruínas (The Ruins. Austrália/EUA, 2008)

A cadência que Carter Smith sublinha entre extremo e adversidade palpável é o que mais surpreende no terror de jovens que acham uma ideia genial explorar uma pirâmide maia não catalogada. 


FYC: Não só os protagonistas ficam estarrecidos com a demonstração de uma força orgânica diferente, como também o espectador.

82. Nevoeiro, O (The Mist. EUA, 2007)

Quase um especialista em adaptar obras do escritor Stephen King, Frank Darabont retornou aos textos do americano em 2008 no suspense O Nevoeiro, que girava em torno de um grupo de pessoas de uma cidadezinha americana encurralado num supermercado. Lá fora? Monstros tentavam entrar. O cineasta francês pega a essência da história de King para justamente tratar os maiores catalisadores da tensão da história: a falta de liberdade, doutrina religiosa e a dinâmica de pessoas diante da tragédia.


FYC: O personagem de Thomas Jane decide usar sua arma, antes de ser engolido pelos monstros lá fora.

81. Exorcismo de Emily Rose, O (The Exorcism of Emily Rose. EUA, 2005)

A partir dos anos 2000, grande parte dos filmes que tratavam o sobrenatural com um olhar cético eram provenientes de tramas com exorcismos. É a velha charada: deparar o descrente com o extremo e observar sua resposta. Scott Derrickson foi o que mais se aproximou em estabelecer seu diálogo entre fé e ciência, em 2005, no excepcional O Exorcismo de Emily Rose, que acompanhava o julgamento de um padre acusado de ser negligente num caso da jovem personagem-título. 


FYC: Durante a primeira manifestação demoníaca no quarto da faculdade, o mal que espreita Emily a subjuga da forma mais cruel que se pode imaginar, tirando sua inocência numa forte cena de abuso.

80. Arraste-me para o Inferno (Drag Me to Hell. EUA, 2009)

Depois de sair da franquia do aracnídeo, Sam Raimi decidiu reviver o começo de sua carreira ao filmar o sobrenatural de Arraste-me para o Inferno com o humor ácido que se tornou a assinatura de seu maior clássico, Evil Dead. 


FYC: A luta no carro.

79. Stage Fright (Canadá, 2014)

Além de pontuar interessantes homenagens (Rocky Horror Picture Show, Fantasma da Ópera, Terror na Ópera e até Massacre da Serra Elétrica), uma surpreendentemente eficaz mistura de slasher, musical e comédia.


FYC: O número musical que inicia o longa.

78. Jogos Mortais (Saw. EUA, 2004)

"Não olhe o elefante no meio da sala".


FYC: A única solução de tirar as correntes é um médico amputar seu pé.

77. Um Conto de Natal (Cuento de navidad. Espanha, 2005)

Um dos autores de REC, Paco Plaza, anos antes fez parte de uma antologia chamada de Películas para no dormir. Um Conto de Natal é um desses especiais e uma espécie de Goonies com Esqueceram de Mim. O clima juvenil é tratado brilhantemente com referências pops dentro do suspense.


FYC: As armadilhas das crianças.

76. Abismo do Medo (The Descent. Inglaterra, 2005)

É bastante seleta a lista de horrores que já são taxados de influentes logo na estreia. Abismo do Medo foi um desses filmes, em 2005, quando se tornou algo muito mais do que uma aventura sobrenatural. No longa, a aposta de Marshall foi nos ambientar com a claustrofobia das cavernas e absorver os mesmos receios das mulheres centros de nossas atenções.


FYC: Após uma série de ataques, uma personagem é deixada para trás.

75. Calvaire (Bélgica, 2004)

Fascinante pela loucura gradativa de seus personagens, a obra de Fabrice Du Welz guarda resquícios fortes de longas dos anos 70/80 (a refeição é uma homenagem quase explícita ao Massacre da Serra Elétrica), bem como nos comprimi durante uma hora e meia numa bolha de sofrimento.


FYC: A dança maníaca num bar.

74. Três... Extremos (Saam gaang yi. Coréia do Sul, 2004)

Três... exemplos de choque e perturbação, onde Takashi Miike arranca tensão de um plástico, Fruit Chan usa o mau gosto como impacto e Chan-wook Park une horror e drama exponencialmente.


FYC: O curta de Park ao trazer na comida a sua pancada.

73. Hospedeiro, O (Gwoemul. Coreia do Sul. 2006)

Logo no primeiro ato, um monstro emerge de um rio e passa a atacar as pessoas. Durante o dia. Só neste aspecto, a coragem de Joon-ho Bong já deveria ser aplaudida, mas o diretor mantém o nível e ainda aborda as diferenças de uma família. 


FYC: A primeira aparição do monstro.

72. Na Teia do Mal (Para entrar a vivir. Espanha, 2006)

Outro exemplar da antologia Películas para no dormir, Na Teia do Mal é de Jaume Balagueró, o lado mais talentosa da dupla responsável por REC. Mergulhado em um clima Kingniano, a solidez da narrativa impressiona, ao abordar um casal que se muda para um prédio estranho. 


FYC: Entramos no "covil", onde outras pessoas abduzidas são mantidas.

71. Stake Land - Anoitecer Violento (EUA, 2010)

Num ambiente tomado pelo caos, vampiros, fundamentalistas assassinos e canibais, a esperança é frágil e a sobrevivência clama pela frieza emocional. Assim, as vidas de Martin e Mister estão bem distantes da comparação mais óbvia (o homem e o garoto de A Estrada), pois aqui a morte só é uma dádiva se você conseguir escapar da condenação.


FYC: No meio da tragédia, uma canção e uma menina fisgam a atenção de nosso protagonista.

70. Invasora, A (À l'intérieur. França, 2007)

Na parceria entre Bustillo e Maury, a coragem de colocar uma mulher grávida em tamanho sofrimento físico é motivo de aclamação. Ao mesmo tempo em que o sangue cresce conforme a narrativa e culmina num clímax excelente. 


FYC: A sequência inicial.

69. Enter Nowhere (Inglaterra, 2011)

Com uma sugestão semelhante a filmes como Crimes Temporais, onde nada parece ser o que é, a narrativa de Jack Heller consegue medir muitíssimo bem a dose de sofrimento, segredo e ação.


FYC: É revelado o que aqueles personagens têm em comum.

68. Across the River (Oltre il guado. Itália, 2013)

Os americanos possuem um adjetivo perfeito para filmes como o italiano Oltre il guado (numa tradução literal, Além do Rio): creepy. A denúncia do medo pode ser vista na solidão obliterante do personagem ou nos acordes melancólicos de violino presentes na trilha sonora. Um filme em que o som é o maior companheiro da direção ao aterrorizar o protagonista. As armadilhas estão nas sutilezas.


FYC: O protagonista pensa ter visto algo através de seu computador e vai até o local.

67. Chamado, O (The Caller. Porto Rico, 2011)

Como se embarcássemos na mente e na paranoia da personagem, um terror intimista diabólico e assustador.


FYC: A medida que as ligações vão chegando, a voz cada vez mais calma do outro lado assusta.

66. Vermelho, Branco e Azul (Red White & Blue. Inglaterra/EUA, 2010)

O grande fator positivo das obras de Simon Rumley é a exposição do caos em que seus personagens se encontram e a constante destruição interna de seus protagonistas. Assim, não é impossível compreender as medidas extremas de seus atos que acontecem no terceiro ato. Neste filme, a montagem não é diferente, beneficiando, igualmente, o sexo como ferramenta para o terror e os tons musicais. 


FYC: A vingança de Nate.

65.Leite Materno (Mother's Milk. EUA, 2013)

A natureza sociopata numa bolha melancólica intrigante. 


FYC: Claude arranca o mamilo de Kim com os dentes.

64. Massacre da Serra Elétrica, O (Texas Chainsaw Massacre. EUA, 2003)

Antes de se aventurar em tragédias cinematográficas do quilate de Desbravadores, Marcus Nispel foi o responsável pelo remake do filme mais aclamado de Tobe Hooper. Usando um dos principais artifícios do original, os flashes com a exposição fotográfica, o filme de Nispel encontra tempo suficiente para criar um elo com aquele grupo através de particularidades e envolve-los quase num filme (pontualmente) policial.


FYC: A trajetória de uma bala usada num suicídio é a nossa saída da felicidade dos amigos para o drama.

63. Mamãe & Papai (Mum & Dad. Inglaterra, 2008)

Deixa a sugestão da depravação sexual aliada com o sadismo psicótico para tratá-la como literal. Funciona. Do mesmo medo, Steven Sheil expõe relações incestuosas naturalmente, assim como a influência familiar na violência - tornando um aparentemente "inofensivo" terror numa obra bem mais profunda.


FYC: Fazendo de tudo para sair de seu cativeiro, a protagonista consegue encontrar um celular.

62. V/H/S/2 (Canadá/EUA, 2013)

Notável que tanto a franquia VHS quanto ABCs da Morte procuram ser mais ambiciosos com as antologias de terror dos anos 2000. E é sempre um prazer conhecer novos cineastas e novas ideias do gênero. 


FYC: O fundamentalismo presente no curta-metragem de Gareth Evans conduz a um suicídio em massa.

61. ABC da Morte, O (The ABCs of Death. EUA/Nova Zelândia, 2012)

O tipo de filme que poderia render histórias mais profundas em seus segmentos, mas optou por dar total liberdade criativa para as mentes mais interessantes e doentias do terror atual.


FYC: Do ponto de vista de um vampiro, Ben Wheatley brinca com a subjetividade da perseguição.

60. From Within (EUA, 2008)

Numa trama inspirada de bruxaria, o que mais assusta é o fanatismo religioso.


FYC: Já na primeira cena, nós observamos um pacto suicida.

59. Excision (EUA, 2012)

Entrando no estado de espírito da protagonista, o jovem Richard Bates Jr. oferece uma estranheza quase psicótica genuína e instigante. Um filhote de Cronenberg.


FYC: O sonho sanguinário e sexual de Pauline com a popularidade.

58. Possuídos (Bug. Alemanha/EUA, 2006)

O horror mental enfrentado por veteranos de guerra não é um assunto novo ou o qual Friedkin foi o primeiro a dar uma maior ênfase; a ambição de Possuídos é simples, na verdade: dentro de um pequeno quarto de hotel, fazer com que o espectador entre na paranoia sintomática de dois personagens. 


FYC: Pressionada por Shannon para se lembrar do filho, Judd começa a perder o controle.

57. Confissões (Kokuhaku. Japão, 2010)

A intenção de Nakashima é pouco sutil em como as pessoas refletem as ações que as cercam, mas isso não afeta a frieza com que a vingança da professora é tratada.


FYC: A revelação da professora de que havia colocado algo no lanche dos alunos. 

56. Fim da Linha (End of the Line. Canadá, 2007)

Seu final pode destoar do semblante que nos envolve, trazendo uma perigosa mensagem, porém é bastante incômodo ao sublinha um panorama verossímil socialmente, onde fanáticos usam as palavras de uma "força suprema" para espalhar seu ódio e apreço por chacinas.


FYC: Três fundamentalistas recebem o chamado: é hora.

55. Culpa (Faults. EUA, 2014)

Traços de Martha Marcy Marlene e Borgman numa trama sombria e insana, mas palpável e agoniante, onde a aleatoriedade das situações que incidem e a tentação de usufruir do controle sobre o outro demarcam o território da narrativa. 


FYC: Durante uma espécie de pesadelo real, Ansel observa Claire fazendo sexo com os pais.

54. Viagem Maldita (The Hills Have Eyes. França/EUA, 2006)

Dono de uma das cenas mais repugnantes do cinema de terror contemporâneo, onde um dos nativos estupra uma das jovens protagonistas, Aja esquece o panorama econômico criado por Wes Craven no original, Quadrilha de Sádicos, para enriquecer o terror físico. O resultado é um longa quase tão bom quanto o que o inspirou. 


FYC: A cena do estupro. 

53. Pânico na Escola (Detention. EUA, 2011)

Uma espécie de Meninas Malvadas para aficionados por terror. Ainda que Joseph Kahn insista em exagerar na dosagem, vez ou outra (e o próprio vilão é uma desculpa para o slasher dos anos 90), Pânico na Escola nunca perde a graça e o cinismo só cresce a partir do segundo ato.   


FYC: Os personagens decidem voltar no tempo (!).

52. Starry Eyes (Bélgica/EUA, 2014)

O extremo da exploração artística, da vaidade e da ambição levados literalmente ao mundo de uma atriz amadora espelham na narrativa um medo claustrofóbico e individual proeminente. 

 
FYC: Ao tentar se contratada como atriz, os flashes da máquina fotográfica nos imergem num mundo de sofrimento físico.

51. A Pele que Habito (La piel que habito. Espanha, 2011)

O terror de Almodóvar é o fascínio pelo corpo, pela identidade sexual e o comportamento. Nesta perspectiva, a principal revelação acerca da condição com que divide a cama com o médico interpretado por Antonio Banderas se torna importantíssima e assustadora. 


FYC: O grande flashback que demonstra a origem de Vera.  

50. Honeymoon (EUA, 2014)

Com uma rara abordagem feminina acerca do receio de não saber com quem estar dividindo a mesma cama, Honeymoon é naturalmente tenso e expõe a agressividade de sua trama na loucura/paranoia crescentes e sintomáticas. 


FYC: Bea é encontrada no banheiro tirando algo de dentro de si.

49. Extermínio 2 (28 Weeks Later. Inglaterra/Espanha, 2007)

Seis meses depois do alastramento do vírus do primeiro filme, Juan Carlos Fresnadillo discorre sobre as sequelas provocadas no planeta pela epidemia. A humanidade construiu fortes, os limites das cidades não estão disponíveis para aventuras e os zumbis morreram de fome por não encontrar presas. Um argumento excelente e que resulta num filme idem.
 
FYC: Após a contenção, os soldados têm que decidir se atiram ou não nas pessoas expostas no pátio.

48. Olhos de Júlia, Os (Los ojos de Julia. Espanha, 2010)

"Tente não forçar a vista." A afirmação pode render um grande contexto narrativo? Guillem Morales responde a pergunta em 1h50min de tensão e suspense, dentro de uma estética admirável. 


FYC: Julia percebe que está na casa do assassino.  

47. Possuída (Ginger Snaps. Canadá, 2000)

A associação da afloração da sexualidade feminina com a transformação licantrópica origina um dos melhores exemplares do subgênero. 


FYC: Ginger não aceita o bullying num jogo de hockey na grama. 

46. Orfanato, O (El Orfanato. Espanha/México, 2007)

Até onde você iria para resgatar seu filho? Laura é uma dessas mães inesquecíveis, que nunca desiste de encontrar o pequeno Simón, de 7 anos, que desaparece do orfanato.


FYC: Na cena final, Laura e seu instinto materno prevalecem a qualquer coisa.  

45. Crimes Temporais (Los cronocrímenes. Espanha, 2007)

Nacho Vigalondo desponta como uma promessa como roteirista/diretor ao gerir o mistério da sua trama ficcional até o clímax - sem nunca soar prosaico ou banal em como lida com a viagem no tempo.


FYC: A identidade do assassino.

44. Estranha Cor das Lágrimas de seu Corpo, A (L'étrange couleur des larmes de ton corps. Bélgica, 2013)

Caso buscássemos na fonte do giallo, o modelo mais incisivo cultivado pelos cineastas do gênero, eu assumo que a resposta seria o olhar. Muito antes do uso abundante das cores para definir a cenografia, a procura de diretores como Mario Bava, Dario Argento, Lucio Fulci era pavimentada pelo padrão da experiência ocular. O espetáculo visual do giallo nascia da exposição gráfica do assassinato, da sexualidade e do fascínio pelo crime. A importância do olhar era crucial tanto na investigação decorrente do enredo quanto da percepção exclusiva a quem se contava a história. No entanto, em A Estranha Cor das Lágrimas do seu Corpo, além da busca pelo olhar, que chega a seu auge numa cena de confronto entre o detetive e o marido à procura da esposa, o padrão narrativo é a inconsciência. A subjetividade da mente é a resposta que a dupla Hélène Cattet e Bruno Forzani almeja ao trabalhar a paranoia, a alucinação e o crime que intercede à vida de Dan. A metáfora do crime, do prazer e da paranoia. O nosso corpo e nosso inconsciente servem como base para um desnude psicológico. No neo-giallo de Cattet e Forzani, o olhar é fruto uma simetria dantesca.


FYC: Um split-screen aponta Dan e o detetive com a mesma intenção, apesar das perspectivas e semblantes diferentes. 

43. Behind the Mask: The Rise of Leslie Vernon (EUA, 2006)

Intercalando tom documental com slasher, o enfoque surreal nos assassinos ao invés das vítimas é um sopro de criatividade invejável, algo que rende acréscimos metalinguísticos excepcionais e inteligentes - transformando um convencional "final girl movie" em um intrigante exemplar sobre o terror. 


FYC: Taylor indica a história do slasher na cena inicial com uma abordagem de entrevista curiosa. 

42. Berberian Sound Studio (Inglaterra, 2012)

Muito mais original que o declínio psicológico de alguém que se encontra em uma posição desconfortável, Peter Strickland realiza um fabuloso retrato daquilo que nos deixa tão apreensivos quanto empolgados: as sensações provocadas por um filme de horror. Ao mesmo tempo em que organiza quase uma homenagem ao trabalho de um dos mais subestimados realizadores: o compositor.

 
FYC: Dentro do estúdio, o grito cada vez mais alto e retumbante. 

41. Trabalhar Cansa (Brasil, 2011)

Utiliza o terror da obra apenas para especificar o trauma de cada um de seus personagens, como a dona de uma mercearia com o medo de ficar falida ou ter colocado seu dinheiro em algo condenado, interessando-se muito mais na profundidade dos protagonistas do que o sobrenatural da história.

 
FYC: Na sala, alguém faz o som de um morcego.

40. Tucker & Dale Contra o Mal (Canadá, 2010)

Desde Pânico, uma autoparódia não conseguia ser tão brilhante quanto a trama de dois estranhos homens que moram numa cabana e são confundidos com assassinos por um grupo de jovens. 


FYC: Ao pular em direção de um dos irmãos, jovem acaba entrando numa máquina de sovar madeira. 

39. Mar Negro (Brasil, 2013)

Fechando a trilogia claramente influenciada por Raimi, Rodrigo Aragão deposita no uso excessivo do gore sua adrenalina, culminando num dos maiores exemplares brasileiros do gênero.


FYC: Personagem começa a metralhar todos os zumbis da casa.

38. Atividade Paranormal 2 (Paranormal Activity 2. EUA, 2010)

São poucas obras que conseguem expor o sofrimento de uma família como na sequência de Atividade Paranormal. Ao equilibrar seus sustos com a agonia e o ceticismo, a história de Kate ganha um capítulo mais profundo do que os outros filmes. 

FYC: A melancolia e a dor com que a cena da atriz Sprague Gayden sendo puxada pelas escadas é evidenciada. 

37. Housebound (Nova Zelândia, 2014)

O filme que Tobe Hooper (Poltergeist) tentou fazer em toda a sua carreira.


FYC: Nunca um toque de celular assustou tanto. 

36. Enquanto Você Dorme (Mientras Duermes. Espanha, 2011)

Jaume Balagueró sempre foi a parte mais talentosa da dupla formada por ele e Paco Plaza, na minha impressão. Enquanto Você Dorme conta a história de um porteiro que, no auge de sua obsessão, passa a entrar na casa de uma moradora enquanto ela dorme.


FYC: A primeiro contato com César debaixo da cama. 

35. Chamado, O (The Ring. EUA, 2002)

Remake do japonês Ringu, O Chamado é talvez o melhor filme do camaleão Gore Verbinski. Priorizando mais os sustos do que a obra oriental, ainda que equilibre o suspense psicológico, a história aborda a relação entre uma repórter que investiga a morte de uma pessoa que assistiu a famosa fita e seu filho. 


FYC: O calafrio provocado pela voz ao telefone. 

34. Cloverfield (EUA, 2008)

Na maré proveniente dos found footages, Cloverfield encontrou a emoção que a intimidade das fitas encontradas podem proporcionar ao espectador. Assim, a tentativa desesperada de Jason achar Lily numa Nova York sitiada é, ao mesmo tempo, lindo e carregado. 


FYC: No prédio de Lily, as mãos do casal se procuram. 

33. Mártires (Martyrs. França, 2008)

Uma das promessas de sua geração, o diretor Pascal Laugier surgiu definitivamente no cenário comercial em 2008 com o triste Mártires, cujo principal foco só é revelado no segundo ato. Até lá, a obra parece convencional: uma família tem a casa invadida por estranhos que começam a aterrorizar todos e deixam uma pessoa viva para a tortura. O motivo disso tudo, é que estabelece o longa-metragem como um dos grandes terrores da França da última década.


FYC: Após saber a resposta para suas dúvidas, uma senhora decide não compartilhar o segredo com mais ninguém.    

32. Sem Saída (Eden Lake. Inglaterra, 2008)

Um jovem casal de férias tenta escapar da realidade urbana e passa um final de semana, isolados, em uma casa à beira de um lago. O problema começa a aparecer no instante em que um grupo de adolescentes rebeldes os persegue, culminando em uma grande tortura psicológica e física. O mais impressionante da trama idealizada por Watkins, neste caso, não é transformar algo batido em um longa-metragem cheio de adrenalina (algo que também contém), mas dar uma profundidade humana gritante – culminando em um clímax singular e assustador. Não é o susto ou o gore que o diretor procura, mas esclarecer que a própria maneira como tratamos uns aos outros interferem na criação de monstros antissociais. 


FYC: Jenny busca abrigo em uma casa, sem saber quem são os donos.

31. Convidado, O (The Guest. Inglaterra, 2014)

Num ambiente familiar corrompido pela ausência, a influência da esperança e proteção, na figura de um jovem misterioso, inclina aqueles personagens à passividade. Adam Wingard se torna aqui um dos maiores cineastas de sua geração. 


FYC: Após criar uma empatia com o pequeno Luke, David se mete em uma "briga" de bar.

30. As Fitas de Poughkeepsie (EUA, 2007)

Da mesma forma que A Tortura do Medo nos insere na mente e vida do protagonista, As Fitas de Poughkeepsie nos joga no submundo caótico e depravado de um serial killer, onde uma investigação nos guia de maneira inata e assustadora. 


FYC: Nossa impotência diante dos assassinatos. 

29. Hotel da Morte (The Innkeepers. EUA, 2011)

Se em outros longas, o proeminente Ti West já indicava seu apreço pelos tons setentistas e oitentistas do terror, Hotel da Morte é uma espécie de remake de O Iluminado, onde os dois últimos funcionários de um hotel condenado tentam descobrir os segredos da arquitetura. 


FYC: A sintonia de Sara Paxton e Pat Healy é inesquecível, como também o uso do plano holandês e da grande angular no indecifrável corredor do Yankee Pedlar Inn.

28. Zumbilândia (EUA, 2010)

Assim como Guia do Mochileiro de Galáxias, Zumbilândia parte da concepção de que o espectador já aceita a natureza absurda desse tipo de narrativa, deixando com que as brincadeiras metalinguísticas e a sátira da própria obra a transforme em algo imprevisível.  


FYC: Bill Murray como zumbi. 

27. Amizade Desfeita (Unfriended. EUA/Rússia, 2014)

Arrisco dizer que é o filme definitivo que lida com o sobrenatural no mundo cibernético. Amizade Desfeita acaba não só entrando na vida de jovens sensíveis com a morte de uma antiga amiga, mas também navegando por coisas tão banais, simples e possíveis de acontecer - o que só aumenta a verossimilhança e o medo.  


FYC: O carregamento de um download se torna algo extremamente tenso.

26. Menina da Porta ao Lado, A (The Girl Next Door. EUA, 2007)

Assassinos sobrenaturais, casas mal-assombradas, sci-fis, maldições e monstros dominam o terror há tempo, mas, no final, Gregory Wilson prova que nada pode ser mais cruel ou imaginativo que a própria depravação humana. A Menina da Porta ao Lado é um perfeito exemplo doentio. 


FYC: A passividade de todos diante do sofrimento da menina.

25. Sobrenatural (Insidious. EUA, 2013)

Onde James Wan começa a colocar o pé na história do terror, em que referências clássicas, a trilha sonora invasiva, o vermelho acentuado, a fotografia ressaltando os cômodos de uma casa, tudo parece ocorrer sem duvidar da inteligência de quem assiste ao filme. Nosso primeiro belo contato com os Lambert, numa grandíssima homenagem a Argento e Poltergeist. 


FYC: A família decide simplesmente abandonar a casa, quando julgam estarem sendo mal assombrados. O problema é que o mal não estava na casa, mas no inconsciente do filho. Algo que nos leva para as duas melhores cenas: a primeira aparição na nova casa e o pai ingressando no limbo. 

24. Um Lugar na Inglaterra (A Field in England. Inglaterra, 2013)

Ben Wheatley continua seu passeio pelos gêneros, que cada vez mais intensifica o vasto poder narrativo. Aqui, é a exposição da loucura - de uma forma única, surrealista e com um timing cômico impiedoso. 

 
FYC: Os diálogos cínicos de Wheatley caem como uma luva no cenário abstrato que seus personagens vivem.

23. Anticristo (Dinamarca/Alemanha, 2009)

Após a morte do filho de um casal, a mulher entra numa depressão profunda que faz com que ambos tirem umas "férias" numa cabana isolada. Tudo não passa de uma justificativa para Lars von Trier analisar a psique humana diante da tragédia e nossas dificuldades em lidar com nossos traumas exteriores e interiores.


FYC: A sequência inicial em slow motion, com a queda da criança.

22. Todo Mundo Quase Morto (Shaun of the Dead. Inglaterra, 2004)


A combinação cômica/ação de Edgar Wright é o ponto alto da trama de jovens que não percebem, num primeiro momento, estarem em um apocalipse zumbi.

FYC: Shaun e Ed jogam discos contra um zumbi que caminha até eles. 

21. Ilha do Medo (Shutter Island. EUA, 2010)

Dois detetives chegam até um hospital isolado de Boston, em que os médicos realizam experiências radicais com os pacientes. Ilha do Medo é um estudo de personagem fascinante, onde Scorsese encontra em Teddy um retrato tênue entre insanidade e fragilidade. 


FYC: Após tudo ser esclarecido, um entristecido Mark Ruffalo dá o sinal de negativo com a cabeça para um dos médicos da instituição. 

20. Labirinto do Fauno, O (El laberinto del fauno. Espanha/México/EUA, 2006)

A fábula assustadora de Guillermo del Toro não se restringe ao fantástico. Carregada por sua mensagem antiguerra no longínquo ano de 1944, onde uma criança é atormentada pelo mundo vulgar, sanguinário e perverso dos adultos; os passeios pelo labirinto de fantasias são uma fagulha de esperança para uma jovem que cresceu rápido demais.


FYC: O primeiro contato de Ofélia com o labirinto. 

19. Último Sacramento, O (The Sacrament. EUA, 2013)

Ao finalmente abraçar o contemporâneo, Ti West expõe o assustador fanatismo religioso de uma sociedade, que não por acaso lembra a história de Charles Manson (aqui, Charles Anderson Reed). 


FYC: Esperando pela entrevista exclusiva, a chegada d'O Pai. 

18. Amantes Eternos (Only Lovers Left Alive. Alemanha/Inglaterra, 2013)

Há uma natureza romântica, poética e grunge na mitologia do vampirismo que é instigante. É proveniente dos grandes autores, tais como Bram Stoker, Anne Rice, que celebram esse misticismo com pitadas de humor gótico transcendentes e apaixonantes. A maneira como visualizamos os vampiros através dos tempos foi, portanto, mais apaixonada e calorosa, algo que rendeu inúmeros romances teens que discorriam sobre o amor proibido. Uma tragédia shakespeariana com mortos-vivos. Mas como seria a ótica vampírica acerca dos humanos? Como ele veriam nossa raça? Com empatia, compaixão, inveja ou profundo desprezo? A melancolia de Amantes Eternos, obra-prima de Jim Jarmusch, percorre essas dúvidas com uma profundidade fantástica, que reproduz um tom sinistro, intenso e constantemente suicida. Como se a imortalidade fosse um intragável fardo, Adam se arrasta pelo cenário com a dor que só alguém que já viveu muito poderia carregar. A idade não está na aparência, mas nas ações, semblante e experiência de cada um deles. 


FYC:  A dor de não estar vivo, mas ainda andar nas associações de Adam e Eve com suas fotos/músicas/poemas. 

17. Pânico 4 (Scream 4. EUA, 2011)

Modernizando sua estrutura, Wes Craven encerra a sua carreira se reinventando pela última vez, dialogando no percurso com a própria franquia e a popularização dos remakes. O último capítulo (?) da maior franquia do terror teen. 


FYC: A sequência inicial metalinguística.

16. Corrente do Mal (It Follows. EUA, 2014)

No segundo ato de Corrente do Mal, a personagem interpretada por Maika Monroe afirma que Hugh teria a contaminado e que ela deveria escolher se passaria o vírus adiante ou não; de qualquer forma, ela carregaria aquilo até seus últimos dias. É assim que a narrativa de David Robert Mitchell se assume como uma interligação clara entre o conhecido slasher dos anos 70 e a conscientização sexual dos anos 2000.  Não deixando claro a época que o filme se passa, algo que ressalta ainda mais as inseparáveis barreiras entre década e subgênero, o cineasta retorna ao espectro da revolução sexual da década de 60, quando a chegada da pílula anticoncepcional potencializou o sexo como um dos fundamentos mais básicos do terror. Se você transasse, as chances de sobreviver eram nulas. Mas é levantando sempre novas hipóteses, tensões a cada passo e o afastamento do moralismo que David Robert Mitchell deixa seu nome na história. 


FYC: O significado das cores na narrativa.  

15. Resolution (EUA, 2012)

Entrelaçando o drama psicológico com o terror, o resultado do primeiro longa de Justin Benson e Aaron Scott Moorhead é uma obra sobre caminhos, escolhas e consequências, numa ótica enlouquecedora e genuinamente intimidante. 


FYC: Os protagonistas assistem as suas mortes. 

14. Borgman (Holanda, 2013)

Dentro de uma perspectiva de seita satânica e estabelecendo dicas pontuais sobre o que estamos observando acontecer àquela família, Alex van Warmerdam realiza uma das obras de suspense mais marcantes dos últimos anos - criando algo sempre imprevisível e interessante.


FYC: Indicando que algo está para acontecer e intercalando com mensagens religiosas, conhecemos o lugar que Camiel Borgman habitava. 

13. Deixe Ela Entrar/Deixe-me Entrar (Lát den rätte komma in/Let Me In. Suécia/EUA,  2008/2010)

O relacionamento de duas pessoas tratadas como diferentes em uma sociedade e o amor que transcende barreiras manifestadas por um ingênuo desejo. No original sueco, a adaptação é exibida através do drama de um menino insuportavelmente infeliz e atormentado; no americano, o suspense romântico que se torna referência. Ambos, entretanto, chegam à mesma excelência.



FYC: As personagens deitam nuas ao lado dos garotos (como se finalmente se entregassem por completo, sem limites) com o sangue escorrendo pelos lábios, enquanto eles as pedem em namoro.

12. Outros, Os (The Others. Espanha/EUA, 2001)

Diretor de um dos filmes de terror mais importantes da década de 90,  Morte ao Vivo, Alejandro Amenábar retornou em 2001 ao gênero que o impulsionou em primeiro lugar para dar outra célebre contribuição. Os Outros contava a história de uma mãe e seus dois filhos que ainda vivem a espera do marido combatente de guerra. Na solidão de seu isolamento, a família passa a ser repetidamente assombrada por forças que só compreenderão ao fim. 


FYC: Poucas sequências são tão inesquecíveis quanto aquela em que a família descobre sua verdadeira natureza.  

11.  Babadook, O (Australia, 2014)

Numa família em que a falecida figura do pai é presente em sua rotina, um conto de fadas assustador ganhar forma pode ser uma consequência. Jennifer Kent surge ao mundo como uma das maiores promessas do cinema contemporâneo ao analisar o espectro da ausência na rotina de uma família e a fragilidade do lar, ao mesmo tempo em que uma figura opressora aparece. 


FYC: Baba-dook-dook.

10. Em Minha Pele (Dans ma peau. França, 2002)

O filme da brilhante Marina de Van é uma obra que fala sobre os sete pecados capitais, mesmo que isso não seja expositivo. Estão ali: a gula, a luxúria, a cobiça, a inveja. Na melhor amiga que passa a odiar o tratamento recebido pela colega que colocou lá e agora passa a ocupar o lugar que sempre quis. Numa piscina fica claro a inveja que sente, quando torce para todos observarem o quanto Esther é repulsiva. O quanto aquela srta. Perfeita se desfigura. E ela realmente se desfigura. Mas porque deseja sentir algo. Numa crítica ao social-consumo e a elite, de Van permite que seja exposta. Desnuda-se em frente às câmeras para se mutilar. Ter algo que a lembre de que algo nela é feio. A cena do restaurante é a mais icônica do longa-metragem, quando a instabilidade chega ao ápice e carnes são naturalmente cortadas.


FYC: Esther não sente mais seu braço, no restaurante.

9. Amer (Bélgica/França, 2009)

Movendo-se muito mais por ostentações de sentidos e prazeres estéticos do que propriamente da substância da história, embora esteja lá; é na exploração de suas cores, sua fotografia e cenários, os maiores artifícios do cinema de Forzani e Cattet. No caso de Amer, todo esse cuidado na forma como a narrativa é construída nasce tão impactante e detalhista que arrisco dizer que o próprio Argento – a principal inspiração – deve ter ficado orgulhoso. Ambos não almejam o susto fácil, mas a subjetividade que as cores possuem. Qual é o significado de cada plano e a combinação entre eles. As perguntas acabam sendo outras. 


FYC: O balé de cores no decorrer da narrativa.

8. Pesadelo Mortal (John Carpenter's Cigarette Burns. EUA, 2005)

Em 2005, um dos projetos mais audaciosos do gênero era lançado, chamado de Mestres de Horror. A proposta era simples: diretores tidos como "gênios do terror" seriam convidados para realizar telefilmes. Não foi um grande sucesso ou um catálogo muito expressivo, principalmente levando em conta tanta liberdade criativa; entretanto, foi de lá que saiu a última obra-prima de John Carpenter, a qual foi traduzida no Brasil como Pesadelo Mortal. Na trama, um antigo colecionador contrata um homem falido para recuperar a cópia rara de um filme.   


FYC: Um homem acorrentado é tido como relíquia para o colecionador.

7. Casa do Diabo, A (The House of the Devil. EUA, 2009)

Particularmente, eu não consigo resistir a diretores que bebem da água de Mario Bava, Lucio Fulci e Dário Argento. E é exatamente isso que Ti West está acostumado a fazer em seus longas-metragens mais atuais, com suas homenagens se4tentistas e oitentistas desenvolvidas em filmes como Hotel da Morte e A Casa do Demônio. Aqui, ele evidencia o domínio de câmera que possui e como a tensão não é instaurada somente por um aumento repentino de trilha sonora, mas pela perspicácia dos planos e enquadramentos que ilimitam a tensão. 


FYC: A apresentação que West faz dos cômodos da casa através de uma dança.  

6. Segredo da Cabana, O (The Cabin in the Woods. EUA, 2011)

Escrito por Whedon e Goddard, e dirigido pelo último, a história mostra paralelamente dois ambientes: no primeiro, um grupo de amigos embarca numa viagem com destino a uma cabana isolada, que é situada no meio da floresta; no outro, acompanhamos dois personagens que parecem ser algum tipo de cientistas que observam cada passo dado pelo primeiro grupo. Embora as brincadeiras com o gênero sejam recorrentes, O Segredo da Cabana acaba se tornando aquilo que achava não existir mais: uma grandíssima surpresa.


FYC: O elevador.

5. Pontypool (Canadá, 2008)

É como se ouvíssemos algo como a transmissão de Orson Welles sobre Guerra dos Mundos pela primeira vez. Numa perspectiva radiofônica, Bruce McDonald faz um dos filmes mais tensos dos últimos quinze anos.

 
FYC: A propagação do vírus pela fala. 

4. Kill List (Inglaterra, 2011)

Depois de uma série de filmes para a televisão, o promissor Ben Wheatley lançava o seu segundo longa-metragem, em 2011. A narrativa continha traços do que se tornaria a assinatura do diretor: o drama intenso, o desenvolvimento que culmina no terror e o cinismo pontual. Afinal, Wheatley não é um diretor de gênero. É um cineasta completo, que passeia por diferentes vertentes, experimentando em todas elas. Em Kill List, a história recai sobre um veterano de guerra que começa a trabalhar como assassino de aluguel, acompanhando um antigo parceiro, devido a falta de oportunidades de trabalhos para alguém como ele.  Seu passado no campo de guerra acaba exercendo influencia no seu cotidiano cada vez mais, contudo. 


FYC: O memorável terceiro ato.

3. Triângulo do Medo (Triangle. Inglaterra, 2009)

Existe uma passagem na peça A Trágica História do Doutor Fausto, adaptada por Christopher Marlowe, que descreve exatamente a ruptura do ser, quando o personagem questiona o valor da vida, e ocasiona uma renegação ao divino. É o que podemos descrever como o exato instante em que Jess é confrontada por um navio que emerge do vazio trazendo seu nêmeses: ela mesma. Obra-prima.


FYC: Jess é levada pelo intermediário da morte, na figura de um taxi, para uma despedida final, a qual, tal como Prometeu, será eterna - pela sua tentativa desesperada de renegar o fim. 

2. [Rec] (Espanha, 2007)

Ao todo, é difícil contabilizar com certeza a quantidade de found footages ou mockumentarys, ou ambos, lançados no mundo. Estima-se que chegue a mais de 500 filmes até agora. Expressivos como Rec, todavia, quase nenhum. O filme foi lançado em 2007, pelos diretores Paco Plaza e Jaume Balagueró, cuja parceria se estenderia para mais três filmes da franquia. REC utiliza a câmera ao seu favor todo o tempo, registrando quase que realisticamente a sensação de claustrofobia, medo e tensão dentro do prédio. Seja uma mulher aparentemente frágil correndo em direção aos personagens. seja sua queda do alto do prédio, quando só se ouve o corpo "cortando" o ar; o primeiro REC exibe uma frieza calculista, que faz com que nos assustemos com a própria previsibilidade, em momentos. Um marco, sem dúvidas.


FYC: Nosso último contato com Ângela.

1. Invocação do Mal (The Conjuring. EUA, 2013)

Terror é o meu gênero favorito. Desde, bem... sempre. James Wan, assim como eu, também é um completo apaixonado pelo cinema de horror e suas ramificações. Sua linguagem, seus realizadores, suas sequelas, artimanhas e passado – para o diretor, não é o que se cria, mas como você trabalha o que já foi criado, o segredo. O que poderia ser considerado original em 2013, ele pergunta em Invocação do Mal?! Wan une o que o espectador mais preza em uma estrutura típica – mansões mal-assombradas, exorcismos, investigadores paranormais, levitações, possessões, barulhos –, mas, muito mais do que isso, parece apreciar tanto quanto nós aquele mundo de caos. Não há novidades em Invocação do Mal, afinal, mas um ápice do ambiente formulaico que os personagens estão inseridos. De um apaixonado para outro. 


FYC: Quando um lençol branco é levitado, a homenagem ao terror como um todo está completa. 

Um abraço e até breve!

Nenhum comentário: