31 de dezembro de 2010

Melhores e Piores filmes lançados no Brasil em 2010

2010. Um ano que ficará na memória. Amigos feitos. Debates cinéfilos com colegas. Curso de Teoria e Linguagem Cinematográfica. Surpresas, surpresas e mais surpresas.

2010 foi um ano que Christopher Nolan mostrou para o mundo do que era capaz e entrou nos sonhos e lembranças de muitos.

2010 foi um ano que David Fincher recriou um universo digital e mostrou a solidão humana. Um mundo que podemos ficar sozinho em meio a ilusões.

2010 foi um ano que o Cinema Argentino mostrou que compete de igual com qualquer produção norte-americana ou européia. Foi o ano para consolidar Ricardo Darín como um dos melhores atores de sua geração.

2010 foi o ano que as animações fizeram os adultos chorarem, sofrerem, rir e por fim celebrar.

2010 foi o ano que Scorsese criou uma atmosfera tensa, trágica e devastadora emocionalmente.

2010 foi o ano que os brasileiros souberam aproveitar o que o cinema nacional tem de melhor. Tropa de Elite 2 marca uma nova era para o cinema nacional e que dará muitos bons frutos num futuro próximo.

2010 foi o ano de Edgar Wright e sua obra-prima cinematográfica.

2010 foi o ano de Ben Affleck se firmar como um grande diretor e nos apresentar uma obra-prima do cinema de ação/assalto.

Ai, 2010! Você me deixará saudades. O ano em que vi 761 longas. O ano que Ryan Reynolds provou para todos que não é só um rosto bonito. O ano em que Roteiros Adaptados foram orrquestrados de forma sublime. O ano em que os melhores diretores dessa nova geração irão – possivelmente – concorrer ao Oscar.

2010 foi o ano. Se 2011 manterá a mesma forma? Não sei. Que será difícil, será! Um ano rico de obras-primas para os cinéfilos. Um ano rico na vida de muitos.

Obrigado 2010!

A lista de Melhores e Piores Filmes lançados comercialmente em solo nacional:

OS DEZ MELHORES FILMES LANÇADOS COMERCIALMENTE NO BRASIL EM 2010 ( EM ORDEM DE PREFERÊNCIA ):

1. Origem, A (EUA, 2010)
2. Rede Social, A (EUA, 2010)
3. Segredo de Seus Olhos, O (Argentina, 2009)
4. Mary e Max (Austrália, 2009)
5. Ilha do Medo (EUA, 2010)
6. Toy Story 3 (EUA, 2010)
7. Como Treinar Seu Dragão (EUA, 2010)
8. Tropa de Elite 2 (Brasil, 2010)
9. Scott Pilgrim VS The World (EUA, 2010)
10. Atração Perigosa (EUA, 2010)



Outras destaques de 2010:


11. Os Famosos e os Duendes da Morte (Brasil, 2010)

12. Tudo Pode dar Certo (EUA, 2009)

13. Harry Potter e as Relíquias da Morte: Parte I (EUA, 2010)

14. Kick Ass (EUA, 2010)

15. A Estrada (EUA, 2009)

16. Abutres ( Argentina , 2010)

17. Vício Frenético (EUA, 2009)

18. Zombilândia (EUA, 2010)

19. Enterrado Vivo (EUA, 2010)

20. Um Homem Sério (EUA, 2009)



OS DEZ PIORES FILMES LANÇADOS COMERCIALMENTE NO BRASIL EM 2010 ( EM ORDEM DE MEDIOCRIDADE ):

1. Halloween II (EUA, 2009)  
2. Skyline – A Invasão (EUA, 2010)
3. The King of Fighters (EUA, 2010)
4. Ninja Assassino (Japão/EUA, 2009)
5. O Último Mestre do ar (EUA, 2010)
6. Sex Pot (EUA, 2009)
7. O Último Exorcismo (EUA, 2010)
8. Os Vampiros Que Se Mordam (EUA, 2010)
9. Gente Grande (EUA, 2010)
10. Alice, de Tim Burton (EUA, 2010)

Outros 10 títulos que merecem menção desonrosa (em ordem alfabética):

11. Detenção (EUA, 2010)

12. Tekken (Japão/EUA, 2010)

13. Virgin 41-Year-Old Knocked Up Sarah Marshall e Superbad (EUA, 2010)

14. Armazém (Austrália, 2009)

15. Mercenários (EUA, 2010)

16. A Vida Durante a Guerra (EUA, 2009)

17. The Way Home (EUA, 2010)

18. Amores Imaginários (França, 2010)

19. Pânico na Neve (EUA, 2010)

20. You Again (EUA, 2009)



Dicas de filme (maravilhosos) que ainda não estreiaram por aqui:

  • Cisne Negro
  • Inverno da Alma
  • Cópia Conforme
  • Carlos
  • Exit Trough the Giftshop
  • Rabbit Hole

A lista completa das 761 produções fica pro começo de Janeiro. Obrigado a todos!

Bom 2011! Bons Filmes!

14 de dezembro de 2010

Previsões para o Globo de Ouro 2011

Amanhã sairão os indicados ao Globo de Ouro 2011. Colocarei minhas apostas para as categorias de cinema, apesar de imaginar os indicados a melhor série. Apesar de geralmente acertar os indicados ao Oscar, geralmente o Globo de Ouro me “sacaneia” em algumas categorias. Principalmente em Comédia.

Aí vão as apostas:

Melhor Filme – Drama

A Rede Social

O Discurso do Rei

Cisne Negro

A Origem

127 Horas

Pode entrar: O Vencedor, Bravura Indômita, Atração Perigosa e Inverno da Alma.


Melhor Filme – Comédia/Musical

Minhas Mães e Meu Pai

Amor e Outras Drogas

Made in Dagenham

Alice no País das Maravilhas

Como Você Sabe

Pode entrar: Easy A, Os Outros Caras e Scott Pilgrim Contra o Mundo.

9 de novembro de 2010

Following (1998)

A primeira vez que me deparei com uma obra de Nolan foi em seu segundo longa-metragem, chamado Amnésia. A narrativa de trás para frente construída com notória habilidade por parte de Nolan me impressionou como em muito tempo algo não fazia, criando algo irrepreensível e sujeito a se tornar uma das grandes obras-primas modernas. “Segundo longa-metragem”. Repito essa palavra, pois é interessante, mas ao mesmo tempo vergonhoso que não fui atrás do primeiro longa que o diretor havia conduzido, chamado “Following”. Só depois de mais 5 obras-primas que o diretor realizou que fui atrás dessa soberba obra que iniciou a carreira do diretor.

E só depois de 12 anos que posso afirmar que “Following” é justamente o demonstrativo de que Christopher Nolan seria um nome muito comentado e se tornaria um dos principais diretores de sua geração.

Escrito pelo próprio Nolan, o filme conta a história de um jovem escritor que passa a perseguir pessoas estranhas pelas ruas de Londres para ter material de pesquisa. Nessas andanças conhece um ladrão chamado Cobb, que a partir desse momento não sai mais do seu caminho. Cobb passa a ensinar a arrombar a casa de estranhos, como o apartamento de uma garota e o bar do ex-namorado dela.

Criando um paralelo muito forte com obras como PI (Aronofsky) e Eraserhead (Lynch), com sua fotografia em preto e branco, com o clima de tensão, os personagens trágicos e pelos acordes angustiantes (aqui oferecidos pelo ótimo David Julyan); Following começa o longa metragem nos apresentando o escritor (nunca é dito seu nome) em um tipo de sala, que nos remete a um interrogatório que o personagem está passando. Logo somos apresentados gradativamente a história que passaremos a acompanhar e os personagens que participarão da narrativa.


Nolan desde o primeiro minuto já nos joga numa ambientação de um filme noir. A fotografia em preto e branco, o cinismo, a corrupção, a femme fatale, são algumas boas referências. É sublime a maneira em que Nolan aos poucos vai colocando cada um desses traços em tela gradativamente. Veja, por exemplo, o começo que o diretor propõe em que o crime é uma coisa perfeitamente natural e pode ser feito se você não tiver um aspecto grosseiro, passando pela apresentação da personagem que vai servir de eixo para o filme até o bode expiatório. Brilhante.


Aliás, os pequenos detalhes que Nolan vai mostrando em seu filme são de uma riqueza tamanha em significados. Veja as cenas em que a atriz Lucy Russel aparece em cena, sempre as vestimentas da mulher apresentam algum tipo de decote ou algo que saliente a beleza que vemos em nossa frente. Outro belo exemplo são as grandes viradas de trama.


O próprio Nolan faz uma montagem digna de aplausos e extremamente corajosa ao nos apresentar grandes passagens de tempo (algo que voltaria a utilizar em O Grande Truque) e observarmos como foi que cada situação se sucedeu. Desde pequenas coisas, como o corte de cabelo do jovem escritor até o roubo de um bar.

Outro grande fator nessa obra-prima é a direção de arte de Tristan Martin. Veja, por exemplo, os assaltos protagonizados por Cobb e o escritor e, as mudanças de cada cenário. Entramos nos primeiros roubos em casas “sofisticadas”, algo que Martin consegue transmitir muito bem em vários cômodos e principalmente em uma vasta biblioteca em uma das salas. Ao passo, que quando é a vez do escritor com pouca experiência, escolher o alvo: a casa de um desempregado é mostrada com apenas dois cômodos, bastante mal cuidada e sem algo aparente para roubo. Impressionante.


Criando seus personagens dramáticos com uma desenvoltura invejável, o projeto também tem bastante sucesso nas atuações. Alex Haw confere a Cobb todo o cinismo, o ciúme e o tom que seu personagem precisa. É até estranho que o excelente ator, nunca tenha feito outro projeto. Jeremy Theobald também retrata seu personagem de forma excelente. Desde sua fraqueza moral até o “herói arruinado”. Ao passo que Lucy Russel (ótima) nos apresenta uma personagem extremamente ambígua e cínica.


Por fim, nada disso descrito nessa crítica prepara o espectador para todo o brilhantismo de Following. (SPOILER) Em uma citação admirável que o escritor faz logo no inicio – citado pelo colega Mateus Barbassa em sua crítica -, é dito: “Alguma vez você foi a um jogo de futebol e olhando para a multidão de repente se fixou em uma única pessoa? De repente, essa pessoa já não faz parte da multidão. Tornou-se um individuo sem mais nem menos. Tornou-se algo irresistível”. A frase não é apenas um mero porquê do personagem perseguir as pessoas, mas dá o passo para toda narrativa que virá a seguir. O individuo é tanto Coob (perseguido) quanto o escritor (o bode expiatório). E a cena final em que Coob volta para multidão fazendo a analogia com a frase do escritor é uma das melhores cenas em que já vi no cinema e é impressionante que o diretor transmita isso em um diálogo e em apenas duas cenas... Parabéns Nolan, parabéns...



(5 estrelas em 5)

4 de novembro de 2010

Look up in the Sky (2006)

É interessante o fato de muitos não assistirem documentários ou assistir só quando é de vital interesse. Porém, é bastante justificável. Muitos documentários são considerados odiosos por manterem uma montagem extremamente tediosa e desgastante.

 É difícil nos concentrarmos durante 2 horas em uma marcha de pingüins sem haver algum tipo de tédio. Por outro lado, os documentários estão cada vez mais fascinantes. Tanto do ponto de vista político, quanto do ponto de vista técnico.

Werner Herzog nos presenteou há pouquíssimo tempo com o extraordinário documentário “Homem Urso” e Michael Moore nos presenteia quase que em todas as suas obras com um ponto de vista fascinante, desde o espetacular “Tiros em Columbine” até o excelente Capitalismo – Uma história de amor.

Porém, somente há pouco tempo fui me deparar com uma obra-prima documental produzida em 2006. Look up in the Sky é um retrato fiel de um dos maiores heróis de todos os tempos e sua significância histórica.
Escrito por James Grant Goldin e Steven Smith, o documentário narra duas horas da história do “Homem de Aço”, abordando todas as suas aparições na mídia, indo dos quadrinhos aos desenhos animados, passando pelos seriados cinematográficos e de TV, e seus filmes em longa metragem. O filme mostra um pouco dos criadores do herói, Jerry Siegel e Joe Shuster, e tenta explicar porque o Super-Homem continua sendo tão popular.

Contando com uma montagem no mínimo espetacular, a narrativa começa nos apresentado logo em sua cena inicial com uma trilha impecável aliada a voz estimulante de Kevin Spacey o que veremos em todo o documentário. Desde os primórdios da criação do homem de aço até o desenvolvimento de seus filmes e seriados inspirados no mito.

É impressionante o ritmo que os montadores conseguem manter durante todo o projeto, sem nunca deixar o ritmo desgastado. Não é à toa que foram necessários cinco montadores para colocar o documentário no ar. Kevin Benson, Troy Bogert, David Comtois, John W. Richardson e Molly Shock conseguem entrelaçar as vertentes dos quadrinhos com as séries televisivas e os próprios longas-metragens de forma excepcional. Sempre interligando épocas e décadas, os montadores não caem no convencional e oferecem um fluxo narrativo invejável.

Ao mesmo tempo em que Kevin Burns conduz com maestria a direção de todo o projeto. Escolhendo cenas e episódios importantes e marcantes do personagem, traz à tona dados e informações que muitos fãs do herói podem nunca ter ouvido falar. Um grande exemplo é o musical do Superman que nunca chegou a ir ao ar ou até mesmo o piloto de uma série em formato animal do super-herói que chega a soar trágico. O diretor ainda acerta nas escolhas das entrevistas. Trazendo-nos atores importantíssimos que ajudaram o Superman a se formar um grande herói.

Trazendo uma voz incrivelmente limpa e sábia, Kevin Spacey conduz a trajetória do homem de aço como se fosse um professor lecionando. Sempre contando os fatos com a tensão e eloqüência que a história merece ser contada, Spacey acerta em soar a voz com muito pesar em cenas mais emocionantes, como a morte de George Reeves ou mais recentemente o falecimento de Christopher Reeve.

Por fim, um dos principais fatores e acertos desse magnífico projeto é todos os envolvidos terem sentimentos ou alguma história interessante para acrescentar a mitologia. Aliando-se com cenas devastadoras emocionalmente como a já citada morte repentina de Reeves. Emociona-me muito uma das entrevistas em que se diz o seguinte: “Como explicar para as crianças da época que o invencível Superman havia morrido?”. Bom, na verdade ele realmente não morreu, pois se queremos achá-lo basta olhar para os céus (Look in the Sky).


(5 estrelas em 5)

Rede Social (2010)



Qualquer cinéfilo que dá uma rápida verificada na filmografia de David Fincher pode ficar assustado com a qualidade de seus longas. Fincher dirigiu obras primas e todos os seus trabalhos tem algum ponto interessante ou é inovador em sua estrutura. São obras como: Alien 3, Se7en, Vidas em Jogo, Clube da Luta, O Quarto do Pânico, Zodíaco, O Curioso Caso de Benjamin Button e agora Rede Social, que fazem de Fincher um dos maiores gênios da história do cinema. Em Rede Social, o diretor acerta mais uma vez e cria um paralelo entre poder e solidão.



Escrito pelo genial Aaron Sorkin (The West Wing e Jogos de Poder), baseado em livro de Ben Mezrich, o filme conta a história de Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg), analista de sistemas graduado em Harvard que se senta em seu computador numa noite de outono em 2003 e começa a trabalhar em uma nova idéia. Apenas seis anos e 500 milhões de amigos mais tarde, Zuckerberg se torna o mais jovem bilionário da história com o sucesso da rede social Facebook. O sucesso, no entanto, o leva a complicações em sua vida social e profissional.

O primeiro grande aspecto do projeto é o roteiro de Sorkin. Conhecido por diálogos pertinentemente políticos e absurdamente interessantes, o roteirista consegue aliar três histórias paralelas e mostrar diálogos e facetas diferentes para cada uma das ocasiões. Trabalhando lado a lado na construção das cenas com Fincher, Sorkin faz um trabalho de gênio e possivelmente será premiado por seu trabalho.

A condução que Fincher dá para a trama é de tirar lágrimas de qualquer espectador. O diretor faz parecer muito fácil o trabalho de direção passeando a câmera por entre os locais da trama, aliado com a soberba montagem de Kirk Baxter e Angus Wall.

A montagem, aliás, com toda a certeza ganhará o Oscar do ano que vem. Os cortes precisos de uma cena para outra são perfeitos. Veja, por exemplo, quando Mark ou Eduardo começam a contar alguma história do passado. Assim que a fala deles tem início, somos transportados para o tempo em questão, quase que em um “racord” de palavras.

A direção de Fincher ainda acerta em demonstrar pequenos aspectos dos personagens. Logo quando o personagem de Timberlake nos é apresentado, a câmera dá toda a atenção para o personagem, mostrando sua importância. Note também, como a câmera focaliza a admiração que Mark cria instantaneamente por Sean. Aliás, os aspectos que definem o personagem de Eisenberg são fascinantes. Desde sua reclusão, como mostrada em cenas no processo de Eduardo, até cenas em que mostra a total falta de interesse por Mark com o que está acontecendo. Note por exemplo, o belo trabalho de câmera de Fincher mostrando esse aspecto em uma cena na reunião de Zuckerberg com o conselho da escola e o personagem utilizando um moletom e chinelos.

Outro fator absolutamente fascinante é o fato das vestimentas do personagem de Mark mudar conforme a situação. Desde cenas em que o personagem se veste apenas de moletom retratando sua falta de interesse nos processos dos atletas e na reunião do conselho. Ao passo que no processo de Eduardo, o personagem se veste mais adequadamente (colocando inclusive um terno), mostrando o quanto o personagem de Eduardo é importante para ele, sendo seu único amigo.

Criando o Mark Zuckerberg com uma carga dramática impressionante, Jesse Eisenberg dá um show de interpretação e é um provável indicado ao Oscar do próximo ano. O Mark de Eisenberg se mostra uma pessoa deslocada, inteligente e solitária, e cria um elo irretocável com o público. Eisenberg compõe o personagem com uma solidão devastadora. Cenas como a da sala de um dos processos, em que Mark fica apenas com seu notebook e sem vontade de se levantar e socializar em alguma refeição. Ou em seu vinculo com a personagem Erica, que culmina em uma cena devastadora emocionalmente, onde o personagem de Mark atualiza o facebook de seu amor platônico.

Andrew Garfield como Eduardo Saverin, se mostra igualmente competente interpretando o melhor amigo de Zuckerberg. Cria um retrato de amigo fiel durante toda a projeção, mostrando que seus interesses são apenas em pró do amigo e que só está passando por aquela situação por ter se sentido muito prejudicado com a ação de Zuckerberg, algo profundamente compreensível. Ao passo que Justin Timberlake nos presenteia com mais uma excelente atuação a retratar um personagem “aproveitador” e festeiro.

Por fim, Rede Social não é apenas um filme sobre a criação do Facebook ou a biografia de um bilionário, nada disso. Fincher conseguiu demonstrar sua genialidade mais uma vez, mostrando o lado mais frágil do ser humano: a cobiça, o poder e a solidão. Um diretor que consegue equilibrar esses três conceitos em um único filme merece toda a adulação que vem recebendo em cada obra que conduz. Por isso, Ave Fincher.

 
(5 estrelas em 5)

3 de novembro de 2010

Scott Pilgrim vs The World (2010)

É interessante o fato que Scott Pilgrim não será aceito por parte do público, porém é perfeitamente compreensível. O filme em nenhum momento se adapta a filosofia de montagem de filmes norte-americanos, se arrisca em fazer algo inteiramente novo e brinca com a cultura pop de uma forma devastadora. Muitos irão julgar Scott Pilgrim como um filme detestável, outros vão julgá-lo como apenas divertido, mas Scott Pilgrim é muito mais do que isso. Scott Pilgrim vs The World é o que de melhor o cinema nos apresentou esse ano.

Escrito por Michael Bacall e Edgar Wright, baseado nos personagens criados por Bryan Lee O’Malley, o filme mostra a história de Scott Pilgrim (Michael Cera), baixista de 22 anos da banda de garagem Sex Bob-omb ,que acaba de conhecer a garota dos seus sonhos… literalmente. O único obstáculo para ganhar Ramona Flowers (Mary Elizabeth Winstead) são seus sete ex-namorados malignos.

O primeiro acerto do projeto é colocar o excelente diretor Edgar Wright (do brilhante Todo mundo quase morto) na direção do projeto. Cada plano utilizado pelo diretor é um acerto. Desde pequenos enquadramentos em seus personagens até na brilhante montagem de cena. Veja, por exemplo, logo no começo do projeto quando a câmera começa a se afastar da banda, remetendo a um show de rock. Orquestrado por Wright e pela montagem soberba.

Aliás, o equilíbrio constante entre montagem e direção é de tirar lágrimas do espectador. Começando pela cena do desafio entre bandas em que o diretor foca em Scott Pilgrim tendo consciência da conversa entre Ramona e Knives. O diretor usa uma profundidade de campo assombrosa em cena. Logo depois, a montagem ainda com a ajuda da direção nos proporciona uma cena devastadora de luta. Num clima quase que de Tekken (brincando com a cultura pop) o diretor consegue enquadrar a multidão esperando a luta que virá a seguir e ainda dá o espaço para a montagem colocar o famoso “versus”. Genial.

A montagem de Jonathan Amos e Paul Machliss (geralmente montadores de episódios de séries de TV) acerta brilhantemente em demonstrar a cultura pop e suas ramificações durante todo o longa. E junto com o diretor, merecem palmas pela coragem de fazer o projeto como foi feito.

Olhe por exemplo, sempre os pequenos quadros citando o personagem quando é apresentado e sua natureza. Além de ser brilhante, remete muito à linguagem de quadrinhos, que inspirou o projeto. Outro aspecto muito bem montado é uma das cenas em que os montadores usam a trilha de Seinfield e as gargalhadas de fundo. Fazendo uma excelente brincadeira com os “sitcoms”.

Transformando Scott Pilgrim em uma pessoa encantadora, mas humana e sujeita a erros – o que provoca mais admiração por parte do publico – Michael Cera, mais uma vez, faz uma excelente construção de personagem. Cria a principio alguém que apenas vive o momento sem preocupações, mas que ao mesmo tempo não consegue ficar sozinho no mundo. Veja, por exemplo, sua química com Knives que se mostra de forma excepcional na cena dos dois em um “jogo de dança” e a analogia dos dois se complementando, é perfeita. Mais brilhante ainda é quando Scott conhece Ramona, fazendo seus sentimentos por Knives desaparecer instantaneamente, o que é mostrado em outra seqüência do “jogo de dança”.

A atriz Ellen Wong, aliás, sempre cumpre bem seu papel em cena. Desde suas cenas quase que como “tiete” da banda até sua admiração e obsessão por Scott Pilgrim.

Mary Elizabeth Winstead também tem um bom desempenho e nos apaixonamos por sua personagem assim como Scott. O seu desenvolvimento é perfeitamente conduzido pela atriz e torcemos por um final feliz entre os dois. Ao passo que Kieran Culkin está impecável como Wallace, arrancando risadas a cada cena em que aparece.

Por fim, Scott Pilgrim se torna algo grandioso justamente por trazer um equilíbrio constante entre montagem, direção e atuações, conseguindo passar para o espectador tudo aquilo que se propõe: brincar com a cultura pop como nunca antes e divertir pelo surrealismo da trama.

Aliás, essa é uma palavra chave no projeto: diversão. Porque quando até os envolvidos parecem estar se divertindo com o que estão fazendo, o espectador será um grande favorecido. Palmas para eles.

(5 estrelas em 5)

27 de outubro de 2010

Atividade Paranormal 2

Atividade Paranormal 2 é provavelmente o único filme de terror - desse ano - que levantará discussões no final da sessão sobre o que nós esperamos de um filme do gênero. Discussões que já foram levantadas por filmes como: O Bebê de Rosemary, Exorcista, A Hora do Pesadelo e o mais recente REC, serão mais uma vez trazidas à tona. Afinal, o que esperamos de um filme do gênero? Um período de breve sustos ou algo que se espalhe no nosso psicológico provocando mal estar durante e depois da sessão? Seja o que for, Atividade Paranormal 2 nos mostra momentos de brilhantismos nessas duas vertentes, o que o transforma em um dos grandes filmes de terror lançados em muito tempo.

Escrito por Michael R. Perry, baseado nos personagens criados por Oren Peli, o filme mostra a história de Kristi (Sprague Grayden), irmã de Katie (Katie Featherston), que recentemente teve um filho com Daniel (Brian Boland), pai de uma adolescente. Um dia, ao chegarem em casa, a encontram completamente revirada. Tentando evitar que a situação se repita, Daniel compra um sistema de segurança que instala câmeras em diversos cômodos e no lado de fora da casa. Ao mesmo tempo o casal e a adolescente têm por costume filmar tudo o que acontece ao seu redor. Até que um dia situações estranhas começam a acontecer, o que faz com que o trio acredite que a casa é mal assombrada...

O primeiro acerto do projeto é achar uma explicação razoável para a utilização da câmera subjetiva. É um verdadeiro achado a situação que Perry encontra para colocar câmeras em todos os cômodos da casa e ainda utilizar as câmeras subjetivas, de forma perfeitamente natural: a invasão que dá a origem as câmeras e o registro de todas as atividades do recém nascido.

O clima de constante tensão que começa a ameaçar a família é bem estabelecido pelo diretor Tod Williams (do excepcional Provocação). O diretor investe no começo do longa na família e sua dinâmica com o espectador, passando por seus problemas e suas paixões. Ao passo que Katie aparece como uma incomoda surpresa já na primeira cena – pois já sabemos o seu trágico destino.

O único e vital problema que o longa adquire é a montagem mal executada por Gregory Plotkin. A trama passa a fazer cortes imprecisos a todo o momento e só se importa em mostrar as gravações durante a noite, conflitando com sua proposta inicial de criar um vinculo forte com seus protagonistas.

Por outro lado, a montagem de Plotkin acerta brilhantemente em demonstrar o inicio dos destinos trágicos de Micah e Kate e a relação que a trama do primeiro filme com têm os personagens que são apresentados nesse segundo longa.

Atividade Paranormal 2 também consegue criar os famosos sustos que muitos procuram em filmes desse gênero. Apesar de não trazer situações mais assustadoras que o primeiro filme, o diretor Tod Williams investe brilhantemente na edição de som, procurando assustar mais por sons altos e fortes do que propriamente situações mais naturais – como as dos passos na escada, etc.

Transformando o personagem Daniel como uma pessoa profundamente cética, verossímil e inteligente – o que provoca mais admiração por parte do publico - Brian Boland faz uma excelente construção de personagem. Cria a principio alguém que fica procurando uma solução cientifica para qualquer coisa estranha que aconteça dentro de sua própria casa e chega a seu ápice emocional ao ser confrontado com a realidade sobrenatural em que está vivendo. A dor e sofrimento que Boland passa nessa cena é algo assombroso (com o perdão do trocadilho).

A atriz Sprague Grayden também faz uma boa composição de sua personagem. Seu pânico de estar sendo mais uma vez assombrada em conjunto com o sofrimento nítido da personagem do que acontecer com o seu filho, é notável. A cena em que a atriz é puxada pelas escadas é algo profundamente melancólico e Grayden consegue nos fazer enxergar seu sofrimento e sua dor.

Ao passo que Katie Featherston se mostra mais uma vez uma competente atriz ao ilustrar sua mudança conforme seu destino vai sendo formado.

Por fim, Atividade Paranormal 2 se torna algo grandioso justamente por trazer um equilíbrio constante entre sustos, sofrimento e ceticismo – algo brilhante para esse tipo de projeto –; e só se sabota no seu final convencional, o que não diminui todo o potencial do restante do filme.

O filme, com certeza, virará um clássico em alguns anos, mas infelizmente não será apreciado como deveria ser nos dias de hoje. Só espero que os roteiristas não errem e façam mais uma continuação, pois irá estragar uma história tão comovente como a da família de Katie.

(4 estrelas em 5)

17 de setembro de 2010

Impasse (2010)

A primeira coisa que eu aprendi no curso de “Teoria, Linguagem e Crítica Cinematográfica”, ministrado pelo crítico Pablo Villaça, foi justamente a ética da crítica cinematográfica e o impasse de escrever uma crítica sobre o filme ou documentário que foi feito por um amigo seu ou uma pessoa conhecida, entre outras possibilidades.

É até engraçado que eu use essa palavra “impasse”, pois nessa crítica ela não retrata só o que é representado no documentário e o nome do mesmo, mas também a questão da moralidade crítica de minha parte. Fazer ou não fazer a crítica de um documentário feito por, em sua maioria, amigos e colegas? E que inclusive teve minha participação? Ou iria apenas relevar os erros e críticas que faria em minha crítica cinematográfica?

Não poderia fazer isso. Nem com a equipe de produção, nem com os diretores Fernando Evangelista e Juliana Kroeger. Pois esse é uma das grandes demonstrações que o documentário Impasse faz: mostrar os erros de um sistema.

Em maio e junho de 2010, milhares de pessoas foram às ruas de Florianópolis para protestar contra o aumento da tarifa do transporte coletivo. Além de cenas que não foram exibidas em nenhuma tevê, incluindo flagrantes de violência durante os atos públicos, Impasse revela o que pensam usuários, trabalhadores, especialistas e empresários do transporte. Expõe as contradições e as diferenças de posição dos estudantes, dos representantes do governo municipal e do governo estadual. Discute questões que se entrelaçam e se completam: Por que a cidade se tornou um símbolo na luta pelo transporte público? O que aconteceu durante a ação da polícia militar na Universidade do Estado de Santa Catarina? Por que a mobilidade urbana é um dos grandes temas do século XXI? Existe, afinal de contas, saída para este impasse?

É importante salientar que Impasse não é um documentário comum. Na verdade chega a ser um trabalho quase que puramente jornalístico. Em sua maioria, são cenas filmadas em dias de manifestações que sofreram uma rápida edição para ser transformada para o formato documentário. E é exatamente esse um dos poucos erros que o documentário comete.

Com treinamento cinematográfico básico, os diretores Fernando Evangelista e Juliana Kroeger enfrentam várias combinações terríveis que podem danificar em qualquer momento a estrutura toda de um documentário. Começando com o ambiente em foco: um cenário de manifestações, estudantes correndo para todos os lados, briga com a polícia, etc. Infelizmente o diretor de um documentário desse tipo, não tem como gritar corta e começar a cena mais uma vez, o que dificulta o diretor a escolher os tipos de plano em que vai filmar e o que a montagem fará a seguir.

Um grande exemplo disso é a cena em que, para jogar contra a luz e sem os manifestantes de fundo, os diretores decidem fazer um plano contra-plongeé que surge extremamente deslocado.Várias sequências também contam com gravações feitas por estudantes, o que acaba trazendo cenas cômicas - como quando um dos estudantes é atingido por uma arma de choque policial -, e outras marcantes, como a de policiais entrando na Universidade Estadual de Santa Catarina (UDESC), apenas para agredir de forma aleatória os estudantes.

Aliás, isso é o grande êxito do documentário Impasse, o assunto debatido é tão forte, polemico e imediato que acaba reduzindo a quase nada alguns erros técnicos cometidos na obra. A montagem feita pela Juliana Kroeger, por exemplo, é elegante ao mostrar para o espectador as ações dos policiais contra os estudantes e logo depois priorizar as entrevistas com os responsáveis pela segurança e transporte do Estado, algo que acaba fazendo o espectador perceber as mentiras ou desinformações dos envolvidos na questão de segurança. Observe como o Secretário de Segurança Pública compara o cassetete com a arma taser ou, até mesmo, as cenas de transeuntes e lojistas reclamando das manifestações e comentando vidros quebrados pelos estudantes.

A edição ainda acerta de forma competente em duas ocasiões: a primeira é em mostrar cenas emocionantes dos estudantes cantando abraçados e mostrando um lado nunca visto dos manifestantes, o que acaba indo de encontro com os transeuntes que acusavam os estudantes de baderneiros. E a outra cena, ainda mais bela esteticamente, ao mostrar as manifestações de 2004 e 2005 com as imagens filmadas pelo próprio Terminal de Ônibus da Capital (TICEN), mostrando a perseguição da polícia contra os estudantes.

Por fim, “Impasse” é um exercício de reflexão sobre a origem e o porquê das manifestações, algo que deveria ser obrigatório para todos os cidadãos desse país. As pessoas que acham que não existe mais censura, serão surpreendidas; pessoas que acreditam nas desculpas policiais para bater em estudantes, inclusive, os chamando de criminosos, serão surpreendidas; as pessoas que achavam que os estudantes eram só depredadores, serão surpreendidas; assim como, eu, me senti surpreendido por Fernando e Juliana ao retratar de forma tão emocionante, cômica e tensa um documentário sobre manifestações populares.

E a julgar pela quantidade gigantesca de pessoas que foram prestigiar o trabalho dos dois diretores na estréia, ele não será esquecido e muito menos “abafado” como a prefeitura insiste em fazer com as manifestações estudantis. Parabéns aos diretores e sejam bem vindos a um Brasil que insistimos em não conhecer. Seja bem vindo ao “Impasse” no transporte público de Florianópolis.

(4 estrelas em 5)

PS: Para outras informações e trailer do documentário, acessem: www.impasse.com.br

13 de setembro de 2010

Vicio Frenético (2010)


Logo quando comecei a assistir ao novo filme de Werner Herzog, Vicio Frenético, veio ao meu pensamento à cinebiografia do diretor. Aguirre, a Cólera dos Deuses; Fitzcarraldo; O Enigma de Kasper Hauser; O Homem Urso; Lições da Escuridão, entre outros...

É incrível como um diretor que fez parte do Novo cinema Alemão - que traz obras que não considero como sensacionais como tantos outros fazem alusão – fez obras tão incríveis e apaixonantes como as listadas no primeiro parágrafo.

Então é com vergonha, que assumo que pensei que o projeto a partir de seu terceiro ato iria desandar. Parecendo que não conhecia o diretor alemão, acreditei que Herzog ficaria no politicamente correto, e que não teria coragem para fazer o que fez. Uma obra quase que irretocável e um dos melhores filmes do ano.

Na história escrita por William M. Finkelstein, após salvar um prisioneiro de afogamento em decorrência do furacão Katrina, o detetive Terence McDonagh (Nicolas Cage) é promovido a tenente. Com as costas seriamente contundidas, passa a depender de analgésicos para agüentar a dor. Um ano depois, está viciado em Vicodin e cocaína, mas continua trabalhando em nome da lei. Quando uma família de imigrantes africanos é assassinada, ele é nomeado para o caso e sai à procura do assassino. Mas seu próprio envolvimento em atividades ilegais compromete seus padrões morais e ameaça colocar sua missão em risco.

A direção de Herzog é ao mesmo tempo confusa e brilhante. Ao passo que os enquadramentos são sempre certeiros, o cineasta por vezes confunde o espectador em algumas cenas embaçadas e “frenéticas” (com o perdão do trocadilho). Veja por exemplo quando vemos um crocodilo (acredito que era), na estrada em que Terence vai conversar com o policial responsável da área, para anular uma multa. Ou as cenas das “iguanas”, em que o diretor brilhantemente consegue passar a sensação de imaginação fértil do personagem principal, sempre mostrando embaçado o animal em questão e logo depois dando zoom in no rosto de Terence. Provocando uma sensação de instabilidade.

Em relação as atuações, Nicolas Cage como Terence McDonagh nos traz a melhor atuação de sua carreira até o presente momento. Um personagem que ao mesmo tempo que mostra uma faceta seriamente repulsiva, nos mostra um personagem que desperta uma sensação de pena no espectador em alguns momentos por nós acreditarmos que Terence pode voltar a ser o herói que vimos no começo do longa, ou até mesmo que ele vai conseguir se livrar do vício.

Veja por exemplo a cena em que Terence faz um interrogatório cruel contra duas senhoras, e logo depois proíbe seu parceiro de matar outro assassino a sangue-frio. Isso é justamente usado para manipular nossos sentimentos, o que é usado brilhantemente pelo diretor, diga-se de passagem.

Eva Mendes como Frankie, nos traz uma atuação correta; ficando em segundo plano a maior parte do tempo em que aparece em tela. Ao passo que Val Kilmer apenas aparece em cena, sem trazer absolutamente nada de novo.

Por fim, Vício Frenético talvez não seja a melhor obra de Herzog, já que ainda fico com Aguirre e Lições da Escuridão, mas certamente figurará nos melhores filmes do ano de muitos críticos. Com merecimento, pois esse filme é mais uma obra cinematográfica complexa, inteligente e sutil que Herzog nos proporciona. E cada vez mais o diretor está perto de chegar ao patamar de melhor diretor alemão de todos os tempos.

(5 estrelas em 5)

Mary & Max (2010)


Cada vez mais é comum adultos irem assistir animações em cinemas, esperando obras com conceitos interessantes e dignas de aplausos. Apesar de ainda haver um ou outro preconceito quanto as animações em geral, as animações estão cada vez mais presentes em listas de melhores filmes longa-metragens do ano.

Claro que não podemos crucificar também as pessoas que ainda vivem desse preconceito, pois afinal elas viveram numa época inteiramente dominada pela Disney e seus filmes “infantis”. Portanto o preconceito existe, justamente por acharem que os “filmes animados” continuam no mesmo formato. O que não é verdade.

As animações atuais tem cada vez mais passado por reformulações, e principalmente investido nos seus roteiros. Ainda que Walt Disney fizesse muitas obras-primas, as animações ficaram no controle automático passado certo tempo.

Hoje em dia temos a Pixar, a Dreamworks, entre outras companhias que prezam por uma animação singular. Não apenas divertida, mas também tensa e inteligente. Afinal, nem a mais das evoluidas mentes do mundo acharia que teríamos filmes no formato de animação falando de ateísmo, de religião, de contrastes sociais, isso só para listar alguns...

Obras como Valsa com Balshir, Persépolis e agora Mary e Max são na minha opinião inteiramente feitas para adultos. E estão fazendo, como salientei no inicio, os adultos irem cada vez mais para o cinema prestigiar essas brilhantes obras...

Em Mary & Max, o filme acompanha dois personagens solitários, cujas vidas se cruzam pelo maior dos acasos: uma página aleatória aberta em uma lista telefônica. Motivada por uma dúvida infantil, a australiana Mary Daisy Dinkle, de 8 anos, decide escrever ao nova-iorquino Max Jerry Horowitz, de 44 anos. Junto à carta, alguns desenhos, uma barra de chocolate e a dúvida: "de onde vêm os bebês nos Estados Unidos". A correspondência inocente muda a vida de ambos para sempre, iniciando uma história que transcorre por mais de uma década.

A primeira direção a ser elogiada é a de arte. O trabalho de Craig Fison é incrível, e nos mostra um clima sombrio impressionante. Veja por exemplo como as cores cinzas são recorrentes no longa. E mais, olhe Nova York e o jeito como é colocada no longa. De uma maneira suja e sem cor, ao passo de que a cidade australiana em que Mary vive, tem cores um pouco mais fortes, mas é extremamente mal cuidada e bastante isolada do mundo. Como nos mostra as tábuas completando as janelas...

Os diálogos do roteiro escrito por Adam Elliot são extremamente inteligentes e sutis. Veja como cada personagem muda o estilo de falar sobre determinados tópicos: uma criança de 8 anos para um senhor de 44. Aliás, salientado com uma força impressionante por Philip Seymour Hoffman (Max) e Tonny Collete (Mary).

Veja a cena em que Mary e Max discutem sobre religião, e Max diz que é ateu. O passo seguinte do roteiro é mostrar como o ateu se sente em relação à vida e a sociedade. E me emociona muito, uma frase usada por Max para comprovar isso: “Às vezes penso que queria ser o distribuidor de todos os chocolates no céu, mas aí me lembro que sou ateu, e que não irei para o céu”, algo que a direção precisa de Elliot completa com o sonho se evaporando do personagem, na tela. É tocante.

Aliás, Max é uma figura fascinante. Cansado de viver sem amigos e da sociedade, ele não agüenta a rotina em que vive, mas mesmo assim não consegue sair. Por mais que as coisas aconteçam positivamente em sua volta. Ganhar um prêmio ou uma mulher que parece interessada por ele. Nada faz Max perder esse seu sofrimento do mundo, esse isolamento, e conseqüentemente as crises nervosas que o personagem possui.

A direção de arte acerta em cheio em retratar esse mundo melancólico que Max vive. Vemos toda sua depressão, não apenas em suas ações, mas também em seu lar e sua paixão por uma animação...

Já Mary é uma personagem com forte interessante para conhecer um novo mundo. Uma nova sociedade. Já que não possui nenhuma amizade em sua cidade, também vive reclusa, mas justamente tem o interesse de conhecer novos lugares, para sair dessa “prisão” e conhecer coisas novas. Veja como sempre as perguntas sobre o mundo e sua existência sempre parte dela. O único problema de Mary é que ela é a parte mais frágil da amizade. Mary geralmente é a que mais sofre na relação dos dois personagens.

Olhe por exemplo quando Max não aceita um texto escrito por Mary, e como a casa da personagem vira pro avesso. Mais uma vez retratado brilhantemente pela direção de arte de Frison.

Por fim, como em toda a animação competente, a lição pra se levar é a da amizade. Não importando credo, cor ou classe social; e no mais novo exemplo, nem a distância. A amizade pode ser com qualquer pessoa, que entenda a gente ou não. Que ajude a gente ou não. O importante é que ela está lá para nos tirar de um mundo sujo, corrupto e rotineiro. É a amizade de duas pessoas que gostam uma da outra. É a amizade de Mary & Max.

(5 estrelas em 5)

9 de julho de 2010

Tudo pode dar Certo (2010)

É interessante que ao longo de seus 45 anos como diretor e ator, Woody Allen, sempre conseguiu dividir opiniões de critica e público.

Se nós sairmos um pouco de nosso mundo técnico e crítico, e apenas nos concentrarmos nas pessoas que vão a uma videolocadora em busca de “diversão”. Veremos nesses ambientes como o nome de Allen é repudiado.

Muitas vezes acontece de a pessoa não pegar um filme - independente do elenco - só por ter a seguinte frase: “um filme de Woody Allen”.

E eu digo que é interessante isso, pois ao longo de sua carreira cinematográfica, Allen já nos presenciou com obras irretocáveis.

“Noivo Neurótico, Noiva Nervosa” ; “Interiores”; “ Tiros na Broadway” ; “Trapaceiros” ; só para listar algumas...

Acredito que o provável significado das pessoas detestarem obras de Allen, ou são porque realmente não conhecem as obras do diretor e vão pelo senso comum, ou talvez pelo “moralismo” que o diretor gosta tanto de evidenciar em suas melhores obras.

Afinal, discussões sobre crises existenciais, ateísmo, descaso com a raça humana, e outras neuroses são sempre salientadas em obras de Allen. O que pode criar um debate significativo sobre determinada idéia, ou talvez o “falso moralismo” presente cada vez mais em algumas pessoas.

Dito isso, tem outro fato na carreira de Allen que me intriga também. O fato de que eu passei a apreciar suas obras mais “novas” do que as mais clássicas (já listei algumas).

Obras como Match Point, Vicky Cristina Barcelona e agora a mais nova Tudo pode dar Certo , me “tocaram” de um jeito, que nenhuma obra de Allen tinha conseguido fazer, e essa última da qual irei falar nesse momento, evidencia (em minha opinião) onde uma mente “fora do comum” pode chegar...

Na mais nova história de Allen, o filme narra um improvável relacionamento entre um velho e hipocondríaco enxadrista, Boris Yelnikoff (Larry David), com uma jovem e ingênua interiorana sulista, recém-chegada a Nova York, Melodie (Evan Rachel Wood). Ela inicialmente pede-lhe um lugar para passar uma noite, que em seguida se estende por mais uma semana e, enfim, resulta num casamento.

Mais tarde a mãe da garota visita o casal, inopinadamente, e logo fica contra o relacionamento; ao procurar um novo parceiro para a filha, acaba ampliando seus horizontes. Também o pai de Melanie surge, e da mesma forma busca o autoconhecimento.

Como em toda a obra de Allen, as crises existênciais e a busca de um autoconhecimento dos personagens é muito recorrente. É intrigante por exemplo, quando nos vemos de frente para um personagem sentado em uma mesa de bar, refletindo sobre o porquê do abandono de sua parceira, e explicando seu medo de não ser aceito na sociedade por não ser o politicamente correto que a cidade enpunha para ele... Quantas vezes não nos perguntamos ou nos distanciamos de algo, por não ser moralmente correto?

O roteiro que foi escrito também por Allen, evidência justamente essa questão do descaso com a raça humana. Um exemplo, é seu personagem principal debatendo em uma mesa sobre Karl Marx. Não só a cena se mostra absolutamente hilária, pelas filosofias apresentada por Boris, como também interessante por destruir em algumas frases uma filosofia comunista atemporal: “As filosofias de Marx e desses comunistas são muito bonitinhas e tal, mas eles não contavam com a estupidez humana... Então não venha colocar a culpa no capitalismo, enquanto o ser humano é mal”.

Outra coisa que o roteiro de Allen consegue fazer é brincar com seu espectador.

Logo na cena inicial, me veio na memória o livro “A Mão e a Luva” de Machado de Assis: suicidios pela falta de amor, e a não crendice no ser humano. Ou até mesmo pela história que estamos acostumados a ver desses autores, só que com uma abordagem diferente.

Veja na primeira cena, quando Boris começa a se comunicar conosco, e dizer que irá contar a sua história. Logo pensamos por alguns instantes que o diretor está brincando conosco sem nenhum propósito. Muito pelo contrário, essa cena inicial, não só é totalmente importante para o desenrolar da história, como também para entender melhor o personagem de Boris...

Allen ainda vai mais longe e mostra para quem ainda não conseguiu captar sua mensagem, um desfecho sublime. Em que Boris , não só explica para os espectadores o porquê dele estar falando conosco, mas também mostra como as pessoas fora da tela também são estupidas. Algo que não poderia ser dito de melhor forma. E aposto que muitos sairão do filme, ainda sem saber que foram ofendidos.

Na direção, Allen é igualmente esperto. Note por exemplo quando Allen tira a câmera da frente de Boris, e mostra seus amigos pensando que ele está sendo louco. O diretor tenta passar para nós que talvez, se não fizesse um corte seco naquele momento, ficariamos incomodados de realmente estar falando com Boris, o que remete mais uma vez a nossa incrivel estupidez...

Em relação as atuações, Larry David nos presenteia com um personagem carrancudo, que fala dos defeitos dos outros, mas que em alguns momentos acaba se passando pelo que mais repudia. Não é questão de ser hipócrita, mas de ser apenas um ser humano. O que vai de encontro as idéias do próprio personagem. Evan Rachel Wood faz um ótimo trabalho ao retratar uma moça altamente influênciavel. Ao passo de que Patricia Clarkson faz um trabalho correto.

Por mais sublime que essa obra seja, acredito que o público em geral ainda não irá aceitar o nome do Allen como uma influência. Muitos nem irão ver apenas por desgosto mesmo. Uma pena, pois quem vive ou está presente nesse mundo do diretor sempre tem um ponto de vista interessante ou uma obra irretocável. E que não demore muito para que Woody Allen nos presenteie com mais um
espetáculo como é esse “Tudo Pode dar Certo”.

(5 estrelas em 5)

3 de junho de 2010

Sex and the City 2 (2010)


Logo quando acabei de ver o primeiro longa produzido pela série Sex and the City, me lembrei sobre as conversas que nós temos com amigos ou amigas diariamente e também sobre o mergulhar no mundo dos personagem que você vê numa tela. Seja de cinema ou de televisão. E como a minha experiência com essas quatro amigas – Samantha, Charlotte , Miranda e Carrie – havia sido maravilhosa. Mas havia lamentado também sobre os diálogos certeiros e o 'timing” do seus personagens não terem saído como planejado no longa. Fazendo com que o filme agradasse mais os fãs da série do que qualquer outra coisa. Isso foi mudado e nessa continuação, as piadas e os diálogos certeiros estão de volta e em grande forma, assim como os atores estão mais confortáveis com seus personagens. Nos trazendo um filme muito melhor que o primeiro.

Dirigido e roteirizado por Michael Patrick King, na história: 'Sex and the City 2' traz de volta a diversão, a moda, a amizade, tudo isso e muito mais quando Carrie (Sarah Jessica Parker), Samantha (Kim Cattrall), Charlotte (Kristin Davis) e Miranda (Cynthia Nixon) arrasam novamente pela Big Apple— e outros lugares. O que acontece depois do “sim”? A vida é exatamente como elas desejaram que fosse, mas não seria Sex and the City se a vida não guardasse mais algumas surpresas…

Desta vez elas aparecem na forma de uma aventura glamurosa e ensolarada que carrega as mulheres de Nova York para um dos destinos mais luxuosos, exóticos e enigmáticos do planeta, onde a festa nunca termina e há sempre algo misterioso em cada esquina. Uma viagem que surge no momento perfeito para as quatro amigas, que se descobrem envolvidas nas regras tradicionais do casamento e da maternidade, e tentam lutar contra isso, e blá blá blá ….

A direção de King é segura e nos mostra bastante entendimento técnicamente sobre o que está propondo. Um grande exemplo é a cena inicial onde temos bons “racords”feitos no amadurecimentos das “garotas” e toda a sequência de encontros casuais na rua por onde Carrie passa. O diretor ainda nos mostra confiança e segurança para mostrar suas locações em planos sempre mais longos. Fora os closes sutis que dá em todas as marcas mostradas no filme. Como num “rolex, ou num vestido que uma das personagens está usando. Infelizmente isso acaba parecendo mais como um catalogo de moda em algumas partes, principalmente a cena final das burcas, que é extremamente desconcertante. Cenas cômicas muito boas temos principalmente no casamento gay, onde é estabelecido uma ótima química entre Mr. Big e Carrie. E as sequencias no hotel com Samantha. E claro a sequência de Liza Minelli é hilária também.

Em relação as atuações. Sarah Jessica Parker como Carrie Bradshaw encarna uma mulher preocupada com a rotina em que se envolveu. Mostra uma personagem que não teve um amadurecimento completo, mesmo conseguindo tudo o que havia desejado um dia. Um complexo de querer sempre mais ou nunca estar realmente satisfeita. Já Cynthia Nixon (Miranda) nos mostra o papel de mulher trabalhadora que deseja a todo o custo conseguir seu sucesso profissional e ser aceita em uma sociedade machista no seu atual trabalho, não obtendo esse mesmo empenho em sua relação familiar. Kim Cattrall como Samantha é como sempre a base para a boa comédia das quatro garotas. E como uma mulher que não quer aceitar a idade chegando, nos apresenta uma das melhores atuações do longa. Kristin Davis consegue encarnar bem uma mãe feliz, mas “acabada”, fisicamente e psicologicamente. E Chris Noth carismático e eficiente como sempre em todas as cenas do longa. Ao passo que Willie Garson, David Eigenberg, Evan Handler e John Corbett cumprem bem seus papéis ao lado das quatro garotas.

Consideravelmente melhor que o primeiro longa, e voltando as suas raízes de seriado comico com toques inteligentes sobre relacionamentos. Sex and the City 2 é o alívio para alguns que esperavam um primeiro filme muito melhor que o apresentado. O que inclusive pode apresentar uma aceitação maior e trazer um novo longa metragem. Fazendo nós voltarmos mais uma vez com o mesmo sorriso no rosto e a mesma alegria em rever essas quatro mulheres que fizeram parte da vida de muita gente.

(4 estrelas de 5)

Obs: Para quem quer se aprofundar mais no marketing e na moda do filme, peço que visitem esse site: http://www.doqueelasgostam.com.br/ , onde a jornalista de moda, e minha amiga, Mariana Goulart escreve um brilhante texto sobre o filme...

25 de maio de 2010

Halloween II (2010)


A primeira vez que eu tive a oportunidade de ver Halloween de John Carpenter, foi em 1996. Algo que fez com que eu não vivesse aquela “febre” que o filme acabou causando em seus espectadores, quando foi lançado em 1978. O personagem principal Michael Meyers se tornou um ícone no gênero terror, ao lado de nomes, como: Freddy Krueger e Jason Vorhees.

Devido ao sucesso e apelo comercial dessa franquia, desde então já passaram pelas telas 8 filmes sobre o famoso personagem. Mas devido as falhas contínuas das últimas obras, a franquia acabou dando um tempo. E voltou com uma refilmagem em 2006, que acabou sendo sabotada pela desastrosa direção de Rob Zombie, como havia explicitado na critica naquela época.

Nessa continuação Zombie voltou, e com problemas bem mais sérios do que havia mostrado na refilmagem. Em Halloween II somos obrigados a passar por uma tortura cinematográfica que nem Uwe Boll em seu pior momento na carreira nos fez passar. Aqui Rob Zombie acerta em cheio em como destruir um clássico do terror e como deixar o espectador irritado com o que está assistindo.

Dirigido e roteirizado por Rob Zombie, nessa continuação Michael Meyers continua sua busca implacável por vingança. Depois que sua irmã Laurie não o aceita como membro da família, ele se torna ainda mais perigoso, já que seu único laço com as emoções foi quebrado. Agora, há duas principais vítimas em seu caminho: a jovem Laurie e o dr. Samuel Loomis.

Acredito que nem Zombie tenha olhado o seu próprio argumento para o filme. Pois não é possível que não tenha percebido durante o filme inteiro, que Meyers não está perseguindo o Loomis. Aliás, Halloween começa já a dar sinais de desastre quando justamente não consegue nem acompanhar a própria premissa. Só temos uma cena do 2º para o 3º ato, onde Loomis está numa livraria em uma sessão de autógrafos que Meyers observa de longe. Mas nada mais de perseguição.

Outro ponto negativo é o uso exagerado de sangue. Com o objetivo de chocar, Zombie passa a usar na maioria de suas cenas envolvendo morte uso em demasia de sangue. Exemplos como a cena de cirurgia no hospital com a personagem Annie. Ou até mesmo o sangue que sai da boca do paramédico quando este acaba sofrendo um acidente por ter batido em uma “vaca”. Sem falar na cena em que uma personagem morre no banheiro de seu apartamento com 3 facadas, mas o ambiente fica com sangue por tudo, até no teto.

A direção de Zombie chega a ser até engraçada de tão deplorável. Mostra seu lado picareta e começa a sabotar ainda mais o projeto. Para começar as cenas afastadas. Zombie investe todo o tempo nesse tipo de plano. Como se o personagem sempre estivesse estudando o melhor momento para o ataque, ou até mesmo para trazer aquela sensação para o espectador de falta de paz. De angustia ou sofrimento para com os personagens. O problema é que a única sensação incomoda que o espectador sente é a de que está vendo um projeto de péssima qualidade. O que chega a ser irônico.

Sobre as atuações. Scout Taylor-Compton como Laurie continua inexpressiva. Malcolm McDowell como Dr. Sam Loomis, que eu inclusive havia salientado na critica do filme de 2007: era o único que levava o projeto adiante. Aqui é totalmente sabotado pelo roteiro. Loomis se transforma na história no pior tipo de vigarista, arrogante e cínico. O que em nada se parece com o Dr bondoso que tivemos o prazer de conhecer no resto da franquia. Parece que a principio Rob Zombie, ou tinha um problema com o personagem ou se imaginou como ele. Daí a palavra vigarista se encaixaria perfeitamente.

Mas como todo filme de terror que se preze sempre temos uma saída quando não nos identificamos com os personagens do bem. Oras, vou torcer é pelo assassino, é o que sempre pensamos. Não mais. Até nisso Zombie falha. O diretor consegue criar um Michael Meyers que parece ser fraco e entediado. A trilha da franquia, que ainda é lembrada no mundo todo, aqui não é utilizada. O assassino fica todo o tempo sem a mascara. E o que é pior geme quando mata., o que Zombie queria deixar parecendo uma experiencia sexual para o assassino. Fora que anda com um tipo de casaco de moletom, no pior estilo “maloqueiro”, que acaba também o deixando parecido com um mendigo com a barba e cabelo aparecendo. Sem esquecermos da fala de Meyers no final do 3 ato, que simplesmente volta a falar. Igualmente ruim ao argumento criado no filme de 2007. Onde Meyers decidiu não falar mais. Oras, mas é muito fácil assim.

Criando quase que uma tortura cinematográfica. Zombie se supera a cada obra nova. Chegando ao seu ápice de desastres nessa infeliz continuação. Aqui ele ainda usa, sempre, referencias de halloween, para parecer mais esperto. Temos exemplos, como: a cabeça de abóbora do começo da projeção ou o corpo de caveira com a mascara de Meyers. Fora a trama da mulher branca que é extremamente estupida e deselegante. Mas no fim, nada me preparou para uma experiencia tão sofrível quanto esta. E espero realmente que Zombie se foque só no mundo musical. Pois se não, talvez o mundo ainda acabe antes de 2012 com mais uma obra torturante de Rob Zombie.


(1 estrela em 5)

9 de maio de 2010

Missão Quase Impossível (2010)


Existe um ponto bastante comum, em produções, que mesmo sendo chamada de “comédia”, não faz o espectador rir durante a projeção. A insegurança diante desse fato, ganhou contrastes interessantes quando os diretores, percebendo a grande furada que tinham nas mãos, passaram a colocar nos créditos finais, erros de gravação, para que ao menos o espectador saísse do cinema tirando aquele gosto amargo da boca, que o filme havia deixado no decorrer da projeção. Principalmente dos anos 2000 em diante, esse tipo de recurso começou a ser usado sucessivamente. E esse é justamente um ponto bastante comum nos filmes de Jackie Chan.

Não que o ator tenha feito obras que não seriam dignas de atenção, afinal, “Hora do Rush”, “Mr. Nice Guy” e “Bater ou correr” são obras que cumprem bem o seu papel no gênero. Mas o que Chan acabou desenvolvendo em projetos seguintes como o terrível “Hora do Rush 3” e A Volta ao mundo em 80 dias”, são exemplos claros de péssimos roteiros que acabam arrancando uma risada inconsciente de seu espectador. Isso se mostra mais uma vez presente em uma nova obra de Jackie Chan.

Escrito por três mãos diferentes – que como o critico Pablo Villaça costuma dizer, é sempre motivo pra desconfiança – a história é roteirizada por Jonathan Bernstein, James Greer e Gregory Poirier , onde conhecemos o espião Bob Hoo (Jackie Chan), que acreditava que deixando para trás a vida de super espião da cia finalmente conseguiria levar uma vida normal e tranquila ao lado da sua vizinha e namorada, Gillian (Amber Valletta). Bob precisava cumprir só mais uma missão antes de casar com Gillian: conquistar os pestinhas dos filhos dela.

Mas os pestinhas tem um plano - tornar a vida de Bob impossível e fazer o cara desistir de casar com a mãe deles. Sem querer, eles entregam a localização de Bob a um terrorista russo e, agora, Bob e as crianças vão ter que deixar as diferenças de lado e se unirem para salvar o mundo...

Logo no começo da projeção já nos deparamos com a arrogância/oportunismo de Jackie Chan, que coloca uma espécie de “trailer” de sua carreira como se fosse a trajetória de espião do próprio Bob. Infelizmente nada disso funciona e começamos a perceber o que veremos a seguir. As fotografias por satélite tirada nos créditos iniciais, já servem para salientar o tom desastroso do filme no decorrer da projeção.

A trilha sonora se mostra extremamente brega, e ainda as cenas de luta que geralmente são os maiores acertos nos filmes de Chan. Aqui se mostra sem vida e mal coreografadas. Em algum momento da projeção até o vilão se vira para Bob e fala “ Foi como treinar para aeróbica”. Um dos poucos momentos de graça do filme, pois justamente revela a sua própria deficiência da narrativa.

Em relação as atuações Jackie Chan aparece em seu piloto automático. Fazendo as mesmas caretas usadas em seus últimos projetos, como “O Terno de 2 bilhões de dólares” e Hora do Rush 3 , Chan tenta compor um personagem desgastado com sua vida profissional e querendo basicamente ser aceito pela sociedade constituindo uma família ao lado de Gillian. O que De Niro havia feito em Entrando numa Fria. Infelizmente essa proposta acaba ficando só no papel. Já Amber Valletta surge desconfortável em seu papel de mãe e “apaixonada” por Bob. Em nenhum momento essa “paixão” se torna crível, o que acaba sendo mais um ponto negativo da projeção.

As crianças interpretadas por Madeline Carroll, Will Shadley e Alina Foley cumprem seu papel, e se torna a única parte que traz uma certa verossimilidade para o filme. Ao passo que Magnús Scheving como Poldark faz o que talvez seja o pior vilão da história do cinema. Incrivelmente pavoroso, Poldark além de ser fraquíssimo é sacaneado por um roteiro que tenta fazer graça com as roupas do vilão. Onde temos uma montagem extremamente desconcertante quando o vilão pede roupas descoladas e é brindado com uma roupa de capuz e bermudão.

Como já dito o filme ainda conta em seu final com os erros de gravação em seus créditos. O que acaba se revelando até interessante, pois até os erros de gravação não despertam nenhum tipo de graça, o que abala até um recurso que era interessante por dificilmente ser falho. Já Jackie Chan precisa arrumar projetos melhores e rápido. Pois daqui a algum tempo a nova geração não se lembrará mais de seus acertos passados, mas sim de seus desastres, assim como é esse novo Missão Quase Impossível.

(1 estrela em 5)

1 de maio de 2010

Homem de Ferro 2 (2010)

Robert Downey Jr. Não há como fazer uma critica de um filme desse ator sem parecer um fã incontrolável. Lembro da primeira vez em que vi ele no filme Mulher Nota 1000, onde já carismático nos divertia com seu personagem Ian. Fui realmente visualizar o ápice de sua carreira e onde chegava o seu talento, num dos filmes mais brilhantes já feitos: Chaplin. A composição de personagem que Downey jr fez para o personagem-título é algo que beira ao sublime. Fazendo juz ao nome de Charles Chaplin. Logo depois por questões de dependência de drogas e álcool tivemos um pequeno/longo afastamento de Downey Jr do cinema. Mas isso passou. Hoje o que vemos em tela é aquele ator que nos agraciou no passado com grandes projetos. E seus últimos filmes provam que ele é, e provavelmente sempre será um dos melhores atores da história do cinema.

Escrito por Justin Theroux(Trovão Tropical), depois que o mundo inteiro descobre a "vida dupla" do bilionário Tony Stark, ele passa a ser pressionado pelo governo, pela imprensa e pelo público em geral para que ele revele e divida sua tecnologia com as forças armadas. Contrário à ideia de abrir mão de sua invenção, o Homem de Ferro, juntamente com Pepper Potts e James Rhodes, Stark vai formar novas alianças e enfrentar perigosos inimigos.

Acredito que foi em Super Homem III que tivemos a noção de um super herói no fundo do poço. E não da maneira ficcional, mas da produção e dos obstáculos que os próprios colocavam em seu roteiro. Afinal os Salkind responsáveis pela produção, não só “sacanearam” todos os envolvidos nos projetos anteriores, como: Christopher Reeve, Margot Kinder e Richard Donner. Assim como mataram a filosofia do homem de aço, o dividindo em dois para enfrentar sua parte arrogante e depressiva. É nesse projeto que temos uma das cenas mais desconcertantes da história do cinema, onde vemos o herói apanhando bêbado num bar de um caipira.

Dito isso, acredito que Theroux quis mostrar nessa continuação justamente esse lado arrogante e depressivo de um super herói em Tony Stark. O problema, como foi em Superman III, onde tínhamos cenas de Pryor caindo de um prédio com esquis e uma toalha rosa nos ombro. Também se torna presente em Homem de Ferro 2, onde temos o personagem comendo rosquinhas numa gigantesca Rosca de Donnuts. Esse é justamente uma das únicas falhas do roteiro e que compromete, infelizmente, sua estrutura. Tentando transformar o personagem numa piada.

Felizmente em algumas cenas essas “gags” são bem planejadas e executadas. Um exemplo é a cena da festa de Stark onde o personagem bêbado usa seu poder de fogo para quebrar garrafas de champagne, no que parece ser um divertido jogo de tiro ao alvo com belas garotas o patrocinando. Outra cena cômica é logo na cena inicial onde Stark aparece dançando com sua “armadura” acompanhado por garotas “fantasiadas” de “mulheres de ferro”.

Os efeitos especiais novamente são um bom atrativo na trama. Exemplos como a cena da batalha do Homem de Ferro com os “robôs de ferro”, ou as dos cortes que o personagem de Rourcke faz nos carros de fórmula um. Todas bem acabadas e trabalhadas. Méritos para a equipe ILM que fez mais um trabalho belíssimo.

Nas atuações, mais uma vez Robert Downey Jr é um expert em sua composição de personagem. E parece criar – assim como no primeiro filme – muita empatia com seu personagem Tony Stark/Iron Man. Provavelmente por seu período depressivo e de consumo alcoólico de alta escala. Downey Jr nos mostra todas as silhuetas de seu personagem: o arrogante, carismático, solitário e até heróico. Em contrapartida, ainda acredito, que Gwyneth Paltrow não é a melhor figura romântica para Stark, assim como já havia falado na critica do primeiro filme. Paltrow continua não dando carisma para seu personagem e parece ser simplesmente jogada na trama. Ao passo de Don Cheadle encarna seu personagem Rhodes com muito menos simpatia e carisma do que seu companheiro antecessor Terence Howard. Já o destaque da projeção ao lado de Downey Jr, é a estonteante Scarlett Johansson que encarna a personagem Natasha Romannof como a “secretária” perfeita de Stark. E suas cenas de ação no filme é um dos principais atrativos na trama. Mickey Rourke realmente está de volta, mas aqui fortemente prejudicado pelo roteiro de Theroux que não passa nenhum temor ou angustia quanto ao seu personagem.. Limitando-se a cenas como: “busque meu pássaro agora” ou, “Stark acabou com minha família a 40 anos e a vingarei agora”... Vanko acaba se tornando realmente ameaçador só pela aparência e físico de Rourcke que dá o dinamismo assombroso e russo que o personagem precisava.


Por fim, o principal atrativo em Homem de Ferro 2 e o que provavelmente trará exito em público/bilheteria são seus efeitos especiais e principalmente o carisma do protagonista. O que colocando numa balança traz algo muito positivo pra obra. Voltamos então ao que foi dito no inicio da critica. Robert Downey Jr com Sherlock Holmes, O Solista e Homem de Ferro 1 e 2 vêm se tornando o principal ator dessa geração e estabelecendo seu retorno como triunfal para o cinema. Quem ganha? Nós com toda certeza.

(4 estrelas de 5)

Obs: Referências é o que não falta em Homem de Ferro 2. No decorrer da projeção, aparece não só o escudo do capitão américa numa cena no laboratório, como também o Martelo de Thor no fim. Fique atento.

19 de abril de 2010

Alice no País das Maravilhas de Tim Burton (2010)


A primeira vez que fui conhecer o trabalho de Tim Burton, foi no superestimado Batman (1989). O trabalho do diretor já naquela época se mostrava com uma fotografia um pouco sombria e principalmente com um trabalho de câmera sempre demonstrando esse clima soturno. O que combinou perfeitamente com a proposta do filme do morcego naquela época; mas que vi que seria a marca registrada do diretor em suas produções seguintes. Independente do estilo e roteiro o diretor seguia essa sua conhecida fórmula.

Mas conhecendo o diretor, quando este foi designado para assumir o projeto de Alice, pensei no melhor. Sim! Até eu fiquei incomodado com meu próprio pensamento, sabendo dos desastrosos projetos do diretor antes dessa adaptação.

Foi quando começaram a surgir as primeiras informações e fotos do filme, e não preciso nem comentar que o clima de excitação em ver alguma coisa digna de aplausos aumentou. Erro meu mais uma vez. Fui surpreendido por uma obra em alguns momentos desconcertante e extremamente estúpida.

Na História a personagem título agora tem 19 anos, vive um período de desgosto em sua vida e não se lembra que já havia visitado o País das Maravilhas quando era criança. No dia do seu provável noivado, então , Alice segue o coelho branco e volta para aquele mundo imaginário onde já tínhamos visto antes; agora dominado pela Rainha de Copas.

Ao contrario de Avatar onde a direção de arte, figurino, maquiagem e efeitos especiais eram vitais para o desenrolar da trama, já que tínhamos que conhecer aquele mundo chamado Pandora. Aqui em Alice já estávamos ao menos familiarizados com o ambiente. E se no clássico da Disney de 51 vemos cores fortes demonstrando a alegria do lugar onde Alice está e não aquele mundo tedioso em que vivia, nesta obra de Burton só vemos a imposição do diretor em tentar passar isto para o espectador, o que acaba trazendo algo incômodo na projeção.

Em relação as atuações do filme, um contraste ainda pior. Ao começar pela protagonista Mia Wasikowska – não conhecida por grande parte do público, por fazer filmes com não tanto renome como Um Ato de Liberdade e Violência em Família – não cria a simpatia do espectador desde as suas primeiras cenas quando vai acontecer a proposta de casamento. Helena Bonham Carter e os outros atores como Alan Rickman e Anne Hathaway se limitam a apenas em aparecer no decorrer da projeção. Na verdade isso parece que é o que mais importa para Burton. Não importa o roteiro ou a direção de atores, o mais importante é maquia-los do jeito mais estranho e interessante possível, para que o espectador não perceba a falha narrativa que nós temos aqui.

E não esquecemos de falar de Johnnny Depp que é o grande centro publicitário do filme como o Chapeleiro Maluco. Infelizmente Depp é o que está mais no piloto automático do elenco do filme. Limitando-se a caretas e esquisitices nos apresenta o que talvez seja uma das atuações mais sem graças e tediosas da sua excelente carreira.

Por fim o que realmente torna a experiencia de ver Alice não se tornar tão desastrosa é o sempre magnifico trabalho de maquiagem feitos nos filmes de Tim Burton. Todos os personagens da trama são cuidadosamente trabalhados. Desde o coelho branco, passando pela Rainha de Copas e sem esquecer o magnifico trabalho feito em Johnny Depp como o Chapeleiro. E isso já é uma grande vantagem para Burton só falta acertar a mão principalmente no roteiro de suas obras, como conseguiu em Sweeney Tood por exemplo. Vamos Burton nos surpreenda em sua próxima obra. Estarei mais uma vez esperando o melhor...

(2 estrelas de 5)

Cães de Aluguel (1992)




Quentin Tarantino é um dos poucos diretores de cinema que é tão adorado por muitos e tão odiado por tantos outros. Apesar de não ser um David Lynch ou um Lars Von Trier que geralmente causam uma sensação incomoda ao espectador, Tarantino mostra mais a violência em seus filmes. Sangue, Reviravoltas e Diálogos afiados.

Em Cães de Aluguel, o primeiro do diretor , nós vemos tudo isso. Não tanto sangue quanto em Kill Bill,não tanta reviravolta como em A Prova de Morte, mas tudo isso que gostamos em Tarantino está presente na trama de Cães de Aluguel.

Na história Joe Cabot (Lawrence Tierney), um experiente criminoso, reuniu seis bandidos para um grande roubo de diamantes, mas estes seis homens não sabem nada um sobre os outros e cada um utiliza uma cor como codinome. Porém durante o assalto algo ao saiu , pois diversos policiais esperavam no local. Mr. White (Harvey Keitel) levou Mr. Orange (Tim Roth), que na fuga levou um tiro na barriga e morrerá se não tiver logo atendimento médico, para o armazém onde tinha sido combinado que todos se encontrassem. Logo depois chegou Mr. Pink (Steve Buscemi), que está certo que um deles é um policial disfarçado e eles precisam descobrir quem os traiu. Em um clima de acusações mútuas a situação fica cada vez mais insustentável

Logo na primeira cena do filme, nós somos apresentados para alguns personagens que estão em discussão em uma mesa de bar sobre a musica “Like a Virgin” e seu significado. Nessa cena Tarantino já mostra para o espectador basicamente o caráter de cada um naquela mesa em seus minimos detalhes através de diálogos únicos e excelentes. Aliás na cena, o mais surpreendente é ver sete criminosos discutindo sobre uma música da Madona. O que nos mostra que fora os diálogos afiados presente na cena, Tarantino nos mostra outra faceta sua. O humor.

O humor negro que muitas vezes é presente na obra. Por exemplo na cena em que Larry está com Orange em seus braços e começa a contar sobre como é a dor que Orange sente e que vai ficar pior. Ou até mesmo na cena em que o policial é ameaçado com gasolina. São cenas extremamente cômicas. Algo que acaba se tornando um tipo de marca registrada do diretor, inclusive em seus projetos seguintes, como é o caso do brilhante Bastardos Inglórios.

A montagem do filme também é digna de aplausos, principalmente pelos saltos na trama, que mesmo indo e voltando muito na trama no assalto, acaba se tornando agradável na obra e muitas vezes quase nem se presta muito atenção ao fato de não incomodar. Por fim Tarantino nos cria um final bastante ao seu estilo, com muito sangue e muitas reviravoltas. É o começo de um novo mestre do cinema e um começo em grande estilo.

(5 estrelas de 5)

Posters (Parte 2)



Temos Vagas - Apesar de um filme absolutamente ridiculo, o poster é bastante interessante. Se os estudios levassem mais a sério os roteiros do que a publicidade, os filmes seriam bem melhores.



A maior obra prima de todos os tempos tem pra mim um dos melhores posters que já fizeram. Batman - The Dark Knight

















Brilhante. Assim como o filme












Pra finalizar um dos melhores: Regras de Atração





Bons filmes