22 de dezembro de 2011

Making of e entrevistas de Tudo Pelo Poder

Nesta sexta-feira (23), Tudo Pelo Poder estréia nacionalmente e finalmente o público brasileiro poderá ver o belíssimo trabalho de Clooney por trás das câmeras e na frente delas também. Indicado ao Globo de Ouro 2012 nas quatro categorias principais, The Ides of March (o título original) é uma intensa história sobre ambição, lealdade, traição e vingança. O filme segue um jovem assessor de imprensa que é vítima dos bastidores da política, das manipulações traiçoeiras de agentes veteranos e é seduzido por uma jovem estagiária.

Depois de dirigir o excepcional "Confissões de uma Mente Perigosa" e sua obra-prima "Boa Noite e Boa Sorte", George Clooney volta com um dos grandes filmes de 2011. Aqui vai alguns videos, liberados pela Califórnia Filmes, mostrando os bastidores e entrevistas com Clooney e Gosling:






20 de dezembro de 2011

Tudo pelo Poder (The Ides of March, EUA, 2011)



           Posso fazer qualquer coisa, mas eu tenho que acreditar na causa.


A frase dita pelo personagem Stephen Meyers, interpretado pelo ator Ryan Gosling, nos introduz no universo político da narrativa já de imediato – revelando-nos o caráter do personagem principal. Está no cerne de “The Ides of March” o corrompimento humano, o jogo político, a sujeira em torno do tema abordado. Não há aqui um universo maniqueísta, com bandidos e heróis ou certo e errado, há apenas personagens humanos com respostas humanas e que vivenciam situações humanas. O filme de Clooney não oferece grandes pontos de viradas, uma ação desenfreada ou um caos ideológico e perigoso; para Clooney, o mais importante é a denúncia de uma sociedade falida, de uma democracia perigosa, um lugar em que ninguém pode se portar diferente de como as coisas são.

Escrito pelo próprio Clooney, com a parceria de Grant Heslov e Beau Willimon, a história gira em torno de Meyers (Gosling), um jovem idealista que trabalha como assessor de imprensa do governador Mike Morris (Clooney) e que se vê diante de jogos políticos sujos nos bastidores das eleições para disputar a presidência dos Estados Unidos. Meyers acaba tendo duas opções ao longo da narrativa: render-se ao ambiente corrupto ou percorrer outros caminhos.

Investindo em planos abertos para mostrar os debates do governador com o grande público e em planos fechados para momentos mais íntimos de seus personagens, Clooney também é admirável ao realizar um recurso de campo/contracampo para demonstrar duas conversas ao telefone que os dois assessores de Morris estão tendo – se vemos Gosling de primeiro momento conversando ao telefone, a câmera vai se afastando sutilmente até vermos nosso real foco, Hoffman.

Clooney é igualmente elegante ao mostrar momentos íntimos de seus personagens com eles sempre próximos (o Governador com sua mulher no carro) e ao apresentar Morris do ponto de vista do povo, de seus eleitores, nos primeiros debates.

Aliás, o diretor é tão honesto que consegue deixar o espectador frio e desacreditado com seu próprio personagem. Se em um momento quando ouvimos Morris falar sobre sua proposta de ensino, acreditamos em suas ideias e partilhamos do mesmo sentimento de Meyers; no outro, passamos a desprezar o candidato por ter cometido tantos erros e não ser o que pensávamos que ele era (também partilhando os sentimentos de Meyers). E não dá para deixar de salientar a cena final em que vemos Gosling imponente na frente das câmeras e Clooney falando sobre ética no fundo.

Sim, no mundo político proposto por Clooney não podemos ter personagens ingênuos ou que acreditam em um ideal. É claro que para o diretor isso está claro, nada é mostrado de forma gratuita – olhe, por exemplo, quando nos é mostrado o escritório de Meyers na campanha, o que vemos ali? Um quadro negro escrito em giz “Morris terá meu voto” do lado de uma bandeira americana e de recortes de jornal mostrando a trajetória do governador atrás do personagem de Gosling. Depois que Meyers descobre sobre um erro do Governador, o que ocorre? Quase não vemos mais aquele quadro.

Para Clooney, Stephen Meyers é seu fio condutor. É pelo personagem que o diretor desenvolve suas principais idéias sobre os bastidores de uma campanha. Em uma das cenas do longa, em que vemos o personagem de Gosling ir em direção de Wood, podemos notar apenas um vão de uma escada, nunca as escadas, algo que sugere que Meyers está parado. Não há para onde ir, subir ou descer. O personagem está apenas sem sair do lugar. É interessante notar, ao final do longa, Meyers descendo escadas gigantescas até chegar a um ginásio onde fará uma declaração para a imprensa. Se antes víamos o personagem pelo vão das escadas, sem sair do lugar, ali víamos o personagem chegando ao submundo da política, finalmente, rendendo-se aquele mundo corrompido.

E é guiando-nos pelo seu personagem principal, seu centro dramático, que Clooney nos apresenta sua peça mais importante de seu roteiro, ao conceber alguém com um caráter ingênuo, sensível, mas não menos inteligente. Gosling é excelente ao retratar o amadurecimento de seu personagem conforme as situações que enfrenta ao decorrer do longa e como aquela ingenuidade do seu personagem vai morrendo aos poucos – note, por exemplo, quando Gosling enfrenta sua primeira realidade ao se deparar com uma gravidez inesperada ou quando se depara com o motivo de sua demissão e busca uma saída imatura e vingativa (“Vou denunciar todos vocês!”).

Ainda, a coesão dramática de Clooney, ao primeiramente denunciar a aura infantil de seu personagem perante os jogos políticos (como vemos na cena inicial) até o personagem rendido diante da corrupção na cena final. Se no começo temos Meyers brincando com o microfone e ensaiando sua fala de forma descontraída, no final temos uma situação totalmente inversa quando nos vemos diante de um personagem insensível e corrompido (o olhar de Gosling é de uma tensão absurda).

Estabelecendo seus personagens como seres humanos propensos a erros e extremamente falhos, impressiona que mesmo em um elenco de tantos nomes interessantes, todos tenham seus personagens bem desenvolvidos. Gosling é a ingenuidade da campanha, Hoffman é a lealdade, Ben o jovem com potencial e Tomei é a jornalista sempre em busca de um furo: “Se fosse um bom furo, meu noivo entenderia”. Nem Morris parece ser perfeito, já em seu primeiro discurso diz: “Devemos liderar o mundo novamente, como fazíamos antes”.

De qualquer forma, naquele mundo, todos têm um foco: as eleições. A maioria de suas conversas é centrada nisso. Não há muito tempo para casualidades. Em determinado momento, Morris pergunta: “Meyers, está solteiro?”, “Casado com a campanha, Governador”, “Boa resposta”, “E você, Ben?”, “Casado com campanha, Governador”, “Timaço!”, responde Clooney.

E enquanto a trilha de Desplat é inteligentemente equilibrada (note que só começamos a ouvi-la no primeiro ponto de virada do roteiro), a fotografia de Phedon Papamichael é brilhante ao utilizar sempre um jogo de sombras que favorece muito o clima de corrupção da obra. Pode-se ressaltar a emblemática cena em que Meyers encontra Morris no terceiro ato e, desde o primeiro momento, vemos Gosling com “duas caras” – veja como Meyers aparece com a parte esquerda do rosto sombreada e com a direita iluminada (justamente quando vai chantagear Clooney); enquanto o Governador é visto com o lado esquerdo do rosto claro e o direito sombreado, como se estivesse sendo travado um duelo naquele local.

Além do mais, parecendo tomar “Todos os Homens do Presidente” como fonte de inspiração, é normal vermos os personagens saindo de lugares escuros para dar alguma revelação importante – observe como Meyers sai das sombras para dar o dinheiro para Molly – ou quando vemos personagens conversando em meio às sombras. Vide a cena de Gosling e Hoffman discutindo na frente da bandeira americana, também sombreados, numa clara alusão aos bastidores políticos.

De certa forma, “Ides of March” traz muito tanto de “Boa Noite e Boa Sorte” quanto de “Todos os Homens do Presidente. O jogo de luzes, as chantagens e a manipulação de personagens. É interessante também perceber e elogiar a tradução do título, pois vemos um sinônimo para o mundo político de Clooney. Há uma trama de ambição ao poder subjacente a política e é aí que reside a maior qualidade da narrativa. Se notarmos que o único personagem que parecia ser o mais correto e leal fora sacrificado nessa disputa (falo de Hoffman aqui), percebemos uma triste realidade. Ou se submete ao jogo ou é exterminado.

(5 estrelas em 5)

5 de dezembro de 2011

Um Dia (One Day – EUA, 2011):

Dex and Em. Em and Dex.


Há alguns anos atrás se iniciou uma discussão sobre adaptações e se é mais importante um filme manter uma boa qualidade cinematográfica ou ser o mais próximo que conseguir de onde se baseia (seja livro, game ou série de TV) – a tal fidelidade. Obviamente, fico com a qualidade cinematográfica. Todavia, sempre acabamos sendo parciais quando lemos um livro e vemos sua adaptação – claro, julgamos a qualidade técnica e se o filme é bem desenvolvido, mas acabamos muitas vezes apontando grandes problemas na construção de algo e o fato de ser superficial ou não em determinado aspecto, principalmente, por já ter tido uma base no livro que lemos.   

Um Dia é um daqueles livros que fisga o leitor desde a primeira página e já o impressiona pela química do casal mostrada nas páginas do romance. O livro de Nicholls nunca surge como algo tolo, saído de um romance piegas de Nicholas Sparks, sempre surpreende pela linguagem utilizada e por possuir um aprofundamento humano maravilhoso para um livro do gênero. Infelizmente, Nicholls parece não ter a mesma qualidade como roteirista. Na versão cinematográfica de seu livro, peca no melodrama, constrói seus personagens superficialmente e só consegue sustentar-se por seus protagonistas.

Escrito por David Nicholls, também autor do livro, a história gira em torno de Dexter Mayhew e Emma Morley que se conhecem no dia 15 de julho de 1988, na noite de formatura dos dois jovens. Os dois tornam-se melhores amigos nesta noite e a história gira em torno do relacionamento de Dex e Em durante 20 anos, tendo como base sempre a data de 15 de julho.  

Sempre superficial na construção de seus personagens, Nicholls falha desde sua cena inicial a dar um dinamismo quase nulo para os dois protagonistas e de forma extremamente desinteressante – note como tudo parece ser feito sempre às pressas para ter tempo de mostrar os anos que virão a seguir.  O roteirista peca em nunca estabelecer uma química instigante entre seus personagens em suas primeiras cenas, parecendo uma relação comum e nada especial entre um homem e uma mulher, transformando toda a narrativa em algo sem aprofundamento por não parecer preocupado com a apresentação de seus personagens – possivelmente por pensar que o espectador já tivesse conhecimento prévio sobre o que veria.

Mais preocupante ainda é Nicholls não conseguir repetir diálogos inspirados entre os dois protagonistas, repetindo fórmulas arcaicas que só empobrecem ainda mais a narrativa, como quando Emma afirma: I got to know you. You cured me of you. Algo totalmente diferente de frases geniais do livro, como: "Houve uma época, não muito tempo atrás, em que todos os garotos queriam ser Che Guevara. Agora todos querem ser Hugh Hefner. Com um videogame". Aliás, o filme é tão incoerente, sem qualquer coesão dramática, que até em diálogos que se encaixavam perfeitamente no relacionamento dos dois, algo como I love you, Dex, so much. I just don't like you anymore”, soam desconexas no filme.

Em contrapartida, “Um dia” tem alguns aspectos interessantes, como a montagem do novato Barney Pilling – que consegue desenvolver a trama (a passagem de tempo, ano após ano) de forma competente e sempre de maneira interessante (seja em um notebook, seja por um calendário, a forma de passar os anos nunca cansa).

Igualmente interessantes são as atuações dos dois jovens protagonistas, Anne Hathaway e Jim Sturgess. Enquanto Hathaway concentra-se em transformar Emma em uma personagem mais autoconfiante ao passar do tempo e autodepreciativa em outros momentos, Sturgess passeia entre o carismático e o boçal de forma extremamente competente, sendo surpreendente até no alcoolismo – que apesar de extremamente forçado e rasteiro, sustenta-se pela atuação do jovem ator. Ao passo que Patricia Clarkson e Ken Stott surgem apenas como caricaturas.

Criando planos que apenas não comprometem mais do que já havia sido comprometido pelo roteiro, Lone Scherfig guia o filme quase que como uma homenagem a outros filmes falhos do gênero. Temos sempre os destinos cruéis, traições, dramas, alcoolismos, personagens mesquinhos e platonismos baratos. “Um Dia” acaba soando como nada mais que convencional e fugindo completamente da proposta do livro de Nicholls. Ao fim, o filme talvez se torne um objeto de estudo para as mesmas discussões acaloradas citadas no começo da crítica. Pensando nisto, vou propor que a principal discussão torne-se “porque não deixar o autor de um livro escrever o roteiro de um filme”.

(2 estrelas em 5)

22 de novembro de 2011

Happy Feet 2: O Pinguim (Austrália, 2011)

Diria Freddy Mercury: "Watching some good friends..."



Happy Feet 2 é muito parecido, de certa forma, com “Rio” de Carlos Saldanha. A diferença é que enquanto na obra do brasileiro a dança era no Rio de Janeiro e o ar de urgência era a compra e venda de espécimes em extinção; no filme dos pingüins dançantes temos a dança na Antártica e a urgência do filme, de primeiro momento, parece ser o derretimento das geleiras e as conseqüências para a família dos pingüins imperadores. De primeiro momento, porque o que se desenvolve a partir do segundo ato é uma trama competente, sem cair nas armadilhas melodramáticas em que pisa e com um arco dramático bem construído sem precisar se render a obviedades.

Escrito e dirigido por George Miller (Mad Max e Happy Feet), a trama gira em torno de Mano (protagonista do primeiro filme) e seu filho, Erik, que busca compreensão no sentido de dançar (dúvidas dos próprios espectadores, aliás) e parte para a “terra” natal de Ramon. Enquanto procura o filho, Mano se vê diante do derretimento das geleiras que ocasionam no isolamento de dezenas de pingüins e precisará contar com a ajuda de todos que cruzarem seu caminho...

Estabelecendo uma subtrama divertida e interessante logo no inicio do longa, Miller acerta em cheio na história de Will e Bill, dois camarões que também estão tentando encontrar sentido na vida e buscando entender sua situação na cadeia alimentar. O roteiro não tarda em explorar a trama divertida dos dois e que conseqüentemente geram as melhores piadas do filme, criando uma espécie de road-movie de camarões. “Um passo para um crio, um grande passo para os invertebrados sem medula” ou “Vamos subir na cadeia alimentar e comer algo que tem rosto” ou até mesmo “Onde você está? Aqui na sua frente, não me reconhece? Claro que não, somos todos iguais” fazem parte desse humor inteligente de Miller.  

Em contrapartida, o diretor parece gostar mais de travellings circulares que o Michael Bay. Contei uns 10, antes de parar a contagem. Ainda assim, os planos são bem feitos – com geralmente o diretor mostrando planos mais abertos para mostrar os pingüins dançando e planos mais fechados quando explora o cardume dos camarões, por exemplo. Outro tom assertivo do diretor é explorar sutilmente a questão de homem X religião. É interessantíssimo quando vemos Mano salvar um elefante marinho com seu poder de raciocínio/coragem e vemos o pequeno Erik pensando que tudo aquilo foi capaz apenas com sua fé (ou força do pensamento, dito pelo personagem Sven – que parece ter saído do livro O Segredo). Assim como o tom certeiro que o diretor trata o derretimento das geleiras. Sempre de longe e de forma sutil, não girando o filme em torno apenas desse problema.

A parte técnica de Happy Feet, como era de se esperar, também é competente. Ficando apenas a fotografia dos Davids, Dulac e Peers, como deslocada ao conferir sempre uma fotografia em PB nas cenas que deveriam ser mais tensas, como se só por estar em preto e branco já trouxesse o ar de perigo que a cena requeria.

Happy Feet 2, aliás, acaba só tendo grandes prejuízos em sua construção melodramática, soando forçada quando seus personagens começam a cantar gospel em tom de melancolia e de esperança (principalmente nas patéticas cenas em que Erik canta para os Elefantes marinhos e Gloria canta para seu filho) – algo que é totalmente ao contrario da sutileza preservada pelo filme até então. Assim como frases prontas como “Às vezes temos que recuar para depois seguir em frente”.

Encerrando com um espetáculo visual, Happy Feet 2 sustenta-se por conta própria e sem ser formulaico e depender do original. O resultado, apesar das falhas, consegue ser no mínimo satisfatório – desde cenas como a dos humanos indo ao encontro dos pingüins isolados depois de ver um dos pingüins dançando ao som de We Are The Champions até a fantástica cena final (fechando a subtrama dos camarões e proporcionando um desfecho incrível ao som de Under Pressure). E mesmo as falhas são esquecidas quando nos damos conta que, no final, Happy Feet 2 acaba sendo um filme em que pingüins dançam e cantam Queen. Sim, pingüins dançando e cantando Queen. Precisa mais?

(3 estrelas em 5) 

16 de novembro de 2011

Previsões para o Globo de Ouro e Indicados (Golden Globes)

Quem não gostaria de ver ele lá mais uma vez?



Foram divulgados, hoje (15), os indicados ao Globo de Ouro. Como a premiação faz parte da corrida ao Oscar (esse ano está mais para uma caminhada), fiz minha lista sobre o que achava que poderia aparecer nos Golden Globes (a cerimônia será dia 15 de janeiro de 2012) e comentei o que achei das escolhas. 

Segue minha lista de apostas e comentários:

[UPDATE: 15/12/2011]

Melhor Filme Drama (Best Picture Drama) 

The Descendants
War Horse
Hugo
The Help
Extremely Loud and Incredibly Close
Moneyball
The Ides of March

Runner-ups: J. Edgar, The Tree of LifeDrive, The Ides of MarchTinker, Tailor, Soldier, Spy, Moneyball.

Comentário: Havia colocado The Ides of March e Moneyball como possibilidade, mas acreditava que Daldry iria ser mais lembrado e não esperava que fossem indicar SEIS filmes. Surpresa interessante o filme de Clooney (que só verei semana que vem) ser ressuscitado na corrida de prêmios. (Acertos 4. Erros 2.)

Melhor Filme Comédia ou Musical (Best Motion Picture – Comedy or Musical)

The Artist
Midnight in Paris
Bridesmaids
My Week with Marilyn 
The Muppets
50/50

Runner-ups: Beginners, We Bought a Zoo, Carnage, Crazy Stupid Love, 50/50.

Comentário: Achei que a paixão da crítica americana por Muppets iria considerar forte colocá-lo entre os indicados. Engano meu. O ótimo 50/50 acabou ficando com a vaga - que já havia colocado como Runner-up. (Acertos 4. Erro 1.)

Melhor Atriz – Drama (Best Actress in a Leading Role – Drama)

Viola Davis – The Help
Gleen Close – Albert Nobbs
Elizabeth Olsen – Martha Marcy May Marlene
Tilda Swinton – We Need to Talk About Kevin
Meryl Streep – The Iron Lady
Rooney Mara - The Girl with Dragon Tattoo

Comentário: Preferiram a tão comentada performance de Mara e não a jovem Olsen. Acredito que a performance de Maara seja maravilhosa, mas acho que o Oscar priorizará pela Elisabeth. E Close voltou a corrida! (Acertos 4. Erro 1.)

Melhor Ator – Drama (Best Actor in a Leading Role – Drama)

George Clooney – The Descendants
Leonardo DiCaprio – J. Edgar
Brad Pitt – Moneyball
Michael Shannon – Take Shelter
Michael Fassbender – Shame
Ryan Gosling - The Ides of March

Comentário: Ok, não fui pelo óbvio e arrisquei Shannon, mas Gosling foi uma linda surpresa. E acho que Oldman dá adeus a corrida. (Acertos 4. Erro 1.)

Melhor Atriz – Comédia ou Musical (Best Actress in a Leading Role – Comedy or Musical)

Charlize Theron – Young Adult
Kate Winslet – Carnage
Jodie Foster – Carnage
Kristen Wiig – Bridesmaids
Michelle Williams - My Week With Marilyn

Comentário: O que era esperado. (Acertos 5.)

Melhor Ator – Comédia ou Musical (Best Actor in a Leading Role – Comedy or Musical)

Steve Carrel – Crazy, Stupid, Love
Jean Dujardin – The Artist
Johnny Depp – The Rum Diary
Paul Giamatti – Win Win
Owen Wilson – Midnight in Paris
Brendan Glesson - The Guard
Joseph Gordon-Levitt - 50/50
Ryan Gosling - Crazy, Stupid, Love

Comentário: Gosling de novo? Realmente não esperava. Ótimo! Pensei que seria Carrel a escolha mais provável pelo ótimo "Crazy, Stupid, Love". Só de não darem bola pro Depp já mostra como o Globo de Ouro se levou a sério esse ano. Giamatti, achei surpreendente estar fora. Glesson e Gordon-Levitt foram ótimas escolhas. (Acertos 2. Erros 3.)

Melhor Direção (Best Directing)

Alexander Payne – The Descendants
Martin Scorsese – Hugo
Steven Spielberg – War Horse
Stephen Daldry - Extremely Loud and Incredibly Close
Michel Hazanavicius - The Artist
George Clooney - The Ides of March
Woody Allen - Midnight in Paris

Comentário: Loud e Close mais uma vez esquecido. Interessante. War Horse por filme e Spielberg fora de diretor? Também interessante. Todavia, Clooney mais uma vez lembrado por The Ides of March e Allen por Midnight in Paris alegraram o dia. (Acertos 3. Erro 2.)

Melhor Roteiro (Best Screenplay)

The Descendants
Midnight in Paris
Moneyball
The Artist
Win Win
The Ides of March

Comentário: Apostei em Win Win pelo histórico GG + Giamatti. E ele estava sendo lembrado em outras premiações. Mais uma vez errei em não prever a força Clooney. (Acertos 4. Erro 1.)

Melhor Atriz Coadjuvante (Best Actress in a Supporting Role)

Vanessa Redgrave – Coriolanus
Melissa McCarthy – Bridesmaids
Octavia Spencer – The Help
Jessica Chastain – The Help
Shailene Woodley – The Descendants
Berenice Bejo - The Artist
Janet McTeer - Albert Nobbs


Comentário: Redgrave é outra que está perdendo o folego na corrida. Não terem indicado McCarthy dá os sinais de seriedade que falei para a premiação. Nobbs que parecia morto, ressurgiu e Bejo não lembrei.  (Acertos 3. Erros 2.)

Melhor Ator Coadjuvante (Best Actor in a Supporting Role)

Christopher Plummer – Beginners
Albert Brooks – Drive
Kenneth Branagh – My Week with Marilyn
Kevin Spacey - Margin Call
Max Von Sydow - Extremely Loud and Incredibly Close
Viggo Mortensen - A Dangerous Method
Jonah Hill - Moneyball

Comentário: Outra esnobada em Loud and Close. Hill com indicações ao SAG e ao Globo volta a corrida de prêmios - algo que havia falado ser possível na minha primeira lista do Oscar. Mortensen foi inesperado.  (Acertos 3. Erros 2.)

Melhor Trilha Original (Best Original Score)

Alexandre Desplat – Extremely Loud and Incredibly Close
John Williams – War Horse
John Williams – Tintin
Howard Shore– Hugo
Ludovic Bource – The Artist
W.E., Abel Korzeniowski
The Girl with the Dragon Tattoo, Trent Reznor and Atticus Ross

Comentário: W.E.? Sem comentários.  (Acertos 3. Erros 2.)

Melhor Animação (Best Animated Feature)

The Adventures of Tin Tin: The Secret of the Unicorn
Rango
Puss in Boots
Arthur Christmas
Kung Fu Panda 2
Cars

Comentário: Ok, troquem Kung Fu Panda por Carros e deixem o numeral. (Acertos 4. Erro 1.)

Melhor Filme Estrangeiro (Best Foreign Language Film)


A Separation (Irã)
The Skin I Live In (Espanha)
In The Land of Blood and Honey (EUA/Bósnia)
Where Do We Go Now? (Líbano)
Le Havre (Finlândia) 

The Flowers Of War (China)
The Kid With The Bike (Bélgica)

Comentário: Os dois últimos foram filmes que pensava que iriam agradar os votantes.  Apostei bem em Jolie e no do Almodovar (como a Espanha não me indicou para a lista dos pré-candidatos?). Ótima presença dos Dardenne e o outro não lembrei que também estava bem falado. (Acertos 3. Erros 2.)


Melhor Canção Original (Best Original Song)

Life is a Happy Song - The Muppets
Pictures in My Head - The Muppets
The Living Proof - The Help
Star Splanged Man - Captain America
Lay Your Head Down - Albert Nobbs 
Hello Hello – Gnomeo & Juliet
The Keeper – Machine Gun Preacher
Masterpiece” – W.E.

Comentário: O que houve com os Muppets? Criminosa as escolhas! (Acertos 2. Erros 3.)

14 de novembro de 2011

Previsões dos ganhadores do Oscar 2012 (apostas e comentários)



Neste domingo (26), serão anunciados os ganhadores do Oscar 2012. Como fiz as listas de apostas desde julho passado, não deixaria de apostar nos prováveis ganhadores de 2012.

Segue a lista de apostas e comentários:



Melhor filme (Best Picture)

The Artist
The Descendants
Hugo
Moneyball
The Help
Midnight in Paris
Tree of Life
War Horse
Extremely Loud and Incredible Close

Comentário: O Artista vem dominando toda a corrida de prêmios (ganhou PGA, DGA, BFCA, HFPA, NYFCC, etc.) e deve ser o grande premiado da noite. Curiosamente, melhor filme é o prêmio mais certo para o filme na noite. O único que poderia ser um adversário para o francês seria Os Descendentes, mas o filme de Payne já perdeu sua força. Hugo (o melhor) começou a ganhar força no final e o medíocre The Help deve passar longe, mesmo tendo ganhado o SAG.

Quem leva: O Artista
Qual seria o meu voto: Hugo
Que passe bem longe: The Help

Melhor Direção (Best Director)

Martin Scorsese, Hugo
Michael Hazanavicius, The Artist
Alexander Payne, The Descendants
Woody Allen, Midnight in Paris
Terence Malick, Tree of Life

Comentário: Previa há algum tempo que seria o filme de Payne o grande ganhador no final, ledo engano. Depois apostei em Scorsese, mas também perdeu o DGA. Não conseguia ver o francês com o Oscar de melhor diretor, mas acho que O Artista levará quase tudo e não há concorrência quando falamos dos Weinstein. Além do fato das injustiças com Fincher, Clooney, Refn e outros.

Quem leva: Hazanavicius.
Qual seria meu voto: Scorsese.
Que passe longe: Payne, por ser um dos seus trabalhos mais fracos atrás das câmeras.
Quem deveria estar aí e levar tudo: George Clooney, Tudo Pelo Poder.


Melhor Ator (Best Actor)

George Clooney, The Descendants
Brad Pitt, Moneyball
Jean Dujardin, The Artist
Gary Oldman, Tinker Tailor Soldier Spy
Démian Bichir, A Better Life

Comentários: Pitt está bem em Moneyball, mas nada que justifique tantos prêmios – seu personagem só tem algo a mais pelo roteiro, não pela maneira como ator de vez em quando realiza uma explosão. Dujardin embarca na adoração envolvendo The Artist, é carismático o suficiente, tem uma boa atuação no filme e ganhou o SAG: o favorito. Oldman e Clooney eram os que mais mereciam, mas não terão grandes chances.

Quem leva: Dujardin, O Artista
Qual seria meu voto: Oldman.
Que passe longe: Bichir.
Quem deveria estar aí: Gosling por Tudo pelo Poder.


Melhor Atriz (Best Actress)

Meryl Streep, The Iron Lady
Michelle Williams, My Week with Marilyn
Viola Davis, The Help
Glenn Close, Albert Nobbs
Rooney Mara, The Girl with the Dragon Tattoo

Comentários: Minha previsão era por uma batalha entre gerações: Streep X Williams. Pendendo pro lado da segunda. Infelizmente, um filme que mexe com racismo, mexe com a Academia. O medíocre The Help, depois de levar SAG e as duas atuações de Davis e Spencer, também deve levar em atuações.

Quem leva: Davis, The Help
Qual seria meu voto: Rooney Mara por The Girl With the Dragon Tattoo
Pagaria aos votantes para não levar o prêmio: Davis, The Help

Melhor Ator Coadjuvante (Best Supporting Actor)

Christopher Plummer, Begginers
Kenneth Branagh, My Week with Marilyn
Jonah Hill, Moneyball
Nick Nolte. Warrior
Max Von Sydow, Extremely Loud & Incredibly Close

Comentários: Sempre surge na temporada de prêmios um filme indie bonitinho que recebe alguma atenção, deixando de fora atuações fantásticas em filmes pesados. Esse ano não poderia ser diferente. Plummer está bem em Begginers, mas o favoritismo para ele só se dá pelo fato de que o melhor (Albert Brooks) não está aí.

Quem leva: Plummer, Begginers.
Qual seria meu voto: Nolte em Warrior. Simplesmente pelo fato que o filme deveria ser mais reconhecido e que Hardy deveria estar aí também. Nolte representaria a grande vitória do filme.
A humanidade nunca será perdoada por ele não estar entre os indicados: Albert Brooks, Drive.

Melhor Atriz Coadjuvante (Best Supporting Actress)

Octavia Spencer, The Help
Jessica Chastain, The Help
Melissa McCarthy, Bridesmaids
Berenice Bejo, The Artist
Janet McTeer, Albert Nobbs

Comentários: Mais uma vez duas atrizes coadjuvantes indicadas pelo mesmo filme. Ano passado foi pelo ótimo O Vencedor, esse ano o patético The Help – algo que demonstra a seriedade do prêmio em questão. Falando em seriedade, McCarthy indicada ao Oscar e teremos que conviver com isso pelo resto de nossas vidas. Chastain foi pelo filme errado. Bem, reformulem todas as indicadas e tentem mais uma vez.

Quem leva: Spencer, The Help
Qual seria meu voto: em branco.
Deveria ganhar para celebrarmos o Oscar como a piada que foi esse ano: Melissa McCarthy, Missão Madrinha de Casamento.

Melhor Roteiro Original (Best Original Screenplay)

Midnight in Paris
The Artist
Bridesmaids
A Separation
Margin Call

Comentários: Quatro grandes roteiros e um que não há nada de original. Mas aqui Meia-noite em Paris deve levar, por ser o possível único prêmio do filme na noite. 

Quem leva: Meia-noite em Paris
Qual seria meu voto: Meia-noite em Paris
Não ficaria triste se levasse: Margin Call
Se ganhar, deveriam mudar o nome da categoria: Bridesmaids.

Melhor Roteiro Adaptado (Best Adapted Screenplay)

The Descendants
Moneyball
Hugo
Tinker, Tailor, Soldier, Spy
The Ides of March

Comentários: Talvez a melhor categoria da noite. O roteiro de Os Descendentes tem seus problemas, mas também deverá ser o único prêmio de Payne na noite... 

Quem leva: The Descendants
Pode levar: Moneyball
Qual seria meu voto: Tinker, Tailor, Soldier, Spy
Sua vitória traria alguma luz para a noite: Ides of March

Melhor Animação (Animated Feature)

Chico & Rita
Rango
Puss in Boots
A Cat in Paris
Kung Fu Panda 2

Comentários: Chico & Rita tem uma boa proposta, mas rende-se a uma trama infantil. Um Gato em Paris é uma presença terrível nessa lista e a chance de Rango perder melhor animação é a mesma de que Steve Jobs ressuscite no dia da cerimônia.

Quem leva: Rango.
Qual seria meu voto: em branco, pela ausência de Tintim.
Se ganhar, tento o suicídio: Um Gato em Paris

Melhor Montagem (Best Film Editing)

The Artist
Hugo
The Descendants
The Girl with Dragon Tattoo
Moneyball

Comentários: O Artista deve levar filme e montagem. A presença de Os Descendentes é inexplicável, as outras três são ótimas e qualquer que seja o resultado será justo.

Quem leva: The Artist
Qual seria meu voto: The Girl with Dragon Tattoo
Se ganhar, subo no palco e rasgo o envelope: The Descendants


Melhor Fotografia (Best Cinematography)

The Artist
Tree of Life
War Horse
Hugo
The Girl With The Dragon Tattoo

Comentários: Se Tree of Life não ganhar essa categoria, deveriam punir os responsáveis. Não deveria nem ser discutido isso.

Quem leva: Tree of Life
Qual seria meu voto: Tree of Life

Melhor Direção de Arte (Art Direction)

Hugo
The Artist
Harry Potter 7.2
War Horse
Midnight in Paris

Comentários: Todas excelentes e com trabalhos igualmente dificeis. A mais fraca dos cinco é War Horse. A vitória de Harry Potter 7.2 poderia significar uma grande vitória para o filme nas poucas chances que tem. O filme de Allen não deve ter chances. A disputa fica entre Hugo e The Artist.

Quem leva: Hugo
Qual seria meu voto: Hugo
Por favor, dêem o prêmio a ele: Hugo



Melhor Figurino (Best Costume Design)

The Artist
Hugo
Jane Eyre
Anonymous
W.E.

Comentários: Geralmente tenho sorte nessa categoria e sempre vou contra a maré. Não acho que Hugo ou The Artist surpreendam aqui. Vejo os últimos três com mais chances.

Quem leva: Jane Eyre
Qual seria meu voto: Jane Eyre
Quem não seria uma surpresa se levasse: W.E.


Melhor Maquiagem (Best Makeup)

Albert Nobbs
The Iron Lady
Harry Potter 7.2

Comentários: Albert Nobbs não deve levar nada e com justiça. Iron Lady tem um bom trabalho de maquiagem e se Streep não levar atriz, o filme dela deve ser premiado aqui. No mais, acho que Potter leva o seu único prêmio da noite nessa categoria.

Quem leva: Harry Potter 7.2
Qual seria meu voto: Harry Potter 7.2
Deve ser sinal de alguma força divina não estar entre os indicados: J. Edgar.


Melhores Efeitos Especiais (Visual Effects)

Transformers 3
Harry Potter 7.2
Hugo
Rise of the Planet of the Apes
Real Steel

Comentários: A adoração em cima de Planeta dos Macacos deverá ser celebrada aqui. Transformers não levou nem pelo primeiro filme (o melhor trabalho) e só se quiserem recompensar uma trilogia ridícula que só teve esse aspecto como ponto forte. Gigantes de Aço é um melodrama cativante e só a indicação já está de bom tamanho. Hugo também.

Quem leva: Rise of the Planet of the Apes
Qual seria meu voto: Rise of the Planet of the Apes
Se levar, será o mais próximo do fim que já chegamos: Transformers 3

Melhor Trilha Sonora (Original Score)

The Artist, Ludovic Bource
Hugo, Howard Shore
War Horse, John Williams
Tintin, John Williams
Tinker Tailor Soldier Spy, Alberto Iglesias

Comentários: Duas trilhas me fascinam e tiram o meu sono: The Artist e Hugo. Não conseguiria escolher entre as duas, mas os votantes devem optar por Bource.

Quem leva: The Artist, Ludovic Bource
Qual seria meu voto: empate de Bource e Shore
Por favor, não façam esse crime: dar a vitória para Williams.


Melhor Canção (Best Song)

 “Man or a Muppet”, Os Muppets
“Real in Rio”, Rio

Comentários. “If I'm a man that makes me a muppet of a man

Quem leva: Man or Muppet
Qual seria meu voto: Man or Muppet
Se levar, será responsável pelos assassinatos em massa que cometerei na saída do local: Real in Rio.
Nem deveríamos estar discutindo: Rio.




Melhor Edição de Som (Sound Editing)

War Horse
Hugo
Transformers 3
Drive
The Girl With Dragon Tattoo

Qual seria meu voto: Hugo.

Melhor Mixagem de Som (Sound Mixing)

War Hose
Hugo
Transformers 3
The Girl With Dragon Tattoo
Moneyball

Qual seria meu voto: Hugo.


Melhor Filme Estrangeiro (Foreign Language Film)

A Separation – Iran
In Darkness – Poland
Footnote – Israel
Monsieur Lazhar – Canada
Bullhead – Belgium

Qual seria meu voto: A Separação.

Melhor Documentário (Documentary Feature)

Pina
Paradise Lost 3
Undefeated
Hell and Back Again
If a Tree Falls

Qual seria meu voto: Pina.


Era isso, na segunda-feira coloco meus erros e acertos. Boa cerimônia!  

    27 de outubro de 2011

    Contágio (EUA, 2011)


    Obs: O texto pode conter Spoilers. Sugiro ler depois de ver o filme. 

    Em determinado momento de Contágio, novo filme de Soderbergh, é notável a frieza do mundo criado pelo diretor. Não há tempo para nada. Seus personagens parecem não ser desenvolvidos por completo, a trilha é rápida, o clima investigativo perdura em nossa mente e o filme consegue manter o espectador paranóico logo depois da sessão. Diferente de filmes como o fraco “Epidemia”, o humano e tenso “Ensaio sobre a Cegueira” e o irregular “Eu sou a Lenda”, Contágio explora o caminho do vírus – levando o espectador a não criar uma grande empatia por seus personagens, mas nunca se sentindo indiferente a trama.

    Escrito pelo promissor Scott Z. Burns (O Ultimato Bourne e O Desinformante!), o filme conta a história da comunidade médica mundial frente ao rápido progresso de um vírus letal que mata em poucos dias. Ao mesmo tempo em que humanos lutam para sobreviver em uma sociedade que está desmoronando, médicos e cientistas tentam encontrar a cura para o vírus.

    Investindo no clima de paranóia desde o começo do longa, Soderbergh é muito competente ao retratar cada toque humano em copos, nos apoiadores dos ônibus, nas pessoas tossindo em locais públicos e constrói de forma belíssima a política do medo que permanece até o final da narrativa. É, portanto compreensível quando vemos o personagem de Damon não deixando o suposto namorado de sua filha entrar em sua casa ou quando abandona um supermercado por ver dezenas de pessoas possivelmente infectadas tocando nos produtos.

    Igualmente interessante é a forma que Soderbergh focaliza seus personagens, sempre sem medo de mostrar seus corpos. Desde a cena em que a personagem de Winslet é jogada em um local envolta em um plástico azul até a cena em que a personagem de Paltrow é mostrada corajosamente em uma autópsia.

    Por outro lado, é gritante a falta de emoção na narrativa. Se o personagem de Damon é o único que ganha certo desenvolvimento, ainda que fraquíssimo, não podemos falar disso dos outros personagens. É notável, por exemplo, quando não sentimos uma empatia forte pela personagem de Winslet quando se descobre com o vírus. Algo que seria esperado. Mesmo que seja uma decisão do diretor ser frio, chega a ser um pouco frustrante. Ainda mais quando a resolução do personagem de Damon apela para o melodrama no baile de formatura e em sua lamentação final.

    E se Damon não consegue criar seu personagem de forma realista, nunca sentindo a dor pela perda do filho e da esposa, é Winslet e Law que roubam a cena (apesar do curto tempo de seus personagens). Enquanto Winslet é perfeita ao criar uma médica inteligente, um pouco fria e com notável segurança, Jude Law faz o perfeito charlatão. Talvez o personagem mais humano do filme, Law consegue ser ao mesmo tempo irresponsável e engraçado. Desde seus vídeos sobre uma possível cura que um remédio proporcionaria para os humanos até o tipo de roupa em que seu personagem anda pelos destroços de uma das cidades atingidas.

    Mesmo com ligeiras falhas, Contágio acerta em cheio em mais dois grandes fatores: roteiro e montagem. Se a montagem é brilhante ao ditar o ritmo da narrativa sempre de forma rápida e criando um clima de investigação certeiro (note como os flashbacks são intercalados perfeitamente com as investigações da personagem de Cotillard), o roteiro de Burns beira ao sublime a retratar o vírus se alastrando e citando alguns fatores que espalham ainda mais a crise do vírus. As filas para a dosagem do remédio que Law sugere é mostrada em apenas uma cena e a greve das enfermeiras que é só dita são alguns dos fatores que contribuem para mostrar aquilo que havia dito anteriormente: não há tempo para se preocupar, a cura é a real importância aqui.

    Por isso, depois da cura finalmente descoberta e o começo da fabricação das vacinas, só aí, que vemos talvez a melhor cena do filme e que mostra toda a coesão do filme de Soderbergh: como a epidemia começou. O diretor pode ter sido superficial em desenvolver seus personagens e foi prejudicado no que era justamente seu trunfo, o elenco estelar, mas é inegável que Soderbergh ainda consegue nos surpreender. E espero que continue, por um bom tempo...

    (3 estrelas em 5)

    26 de agosto de 2011

    Planeta dos Macacos: A Origem (EUA, 2011):


    Existe um certo ar de urgência em “Planeta dos Macacos: A Origem”, algo ameaçador e dolorosamente cruel: o maltrato de animais. De certa forma, o apelo do filme pode lembrar o de 68 protagonizado por Heston que também possuia uma crítica social mordaz – ali, quanto aos sistemas políticos e descriminalização -, mas no filme de Rupert Wyatt o alvo é outro. E essa, talvez, seja uma das únicas semelhanças entre os dois filmes, sem contar as referências obvias. O filme de Wyatt guia-se por um perigoso caminho de investir em uma trama que não lembra muito o original e como chegará lá, mas que prioriza acima de tudo seu principal personagem: César.


    Escrito por Rick Jaffa e Amanda Silver, baseado no romance francês “La planète des singes”, a nova versão passa-se em San Francisco, onde Will Rodman (James Franco) é um cientista que trabalha em um laboratório que são realizadas experiências com macacos. Ele está interessado em descobrir novos medicamentos para a cura do mal de Alzheimer, já que seu pai, Charles (John Lithgow), sofre da doença. É quando um dos macacos consegue escapar e provocar vários estragos e sua pesquisa é cancelada que Will leva para casa algumas amostras do medicamento, aplicando-as no próprio pai, e um filhote de macaco de uma das cobaias.


    O pai de Will, não apenas se recupera como tem a memória melhorada, graças ao medicamento. Enquanto o filhote, que recebe o nome de César, demonstra ter inteligência fora do comum, já que recebeu geneticamente os medicamentos aplicados na mãe. O trio leva uma vida tranquila, até que, anos mais tarde, o remédio para de funcionar em Charles e, em uma tentativa de defendê-lo, César ataca um vizinho. O macaco é então engaiolado, onde passa a ter contato com outros símios e, cada vez mais, se revolta com a situação.


    Investindo na situação dolorosa em que seus personagens vivem desde seu primeiro ato, Wyatt é cuidadoso ao estabelecer os protagonistas de sua narrativa – desde a doença de Charles até a chegada do pequeno César e suas consequências na vida da familia. O desenvolvimento de César é muito bem demonstrado através da boa montagem de Conrad Buff IV e Mark Goldblatt que aproveita o ambiente de sequóias em que o animal é levado no longa para mostrar o crescimento do personagem em três anos – num excelente uso de elipses.

    O impressionante Andy Serkis com seu olhar dócil e assustado. 

    César, aliás, é o grande destaque do filme e Wyatt é inteligente ao investir quase que por completo em um aprofundamento no personagem. Andy Serkis é brilhante ao fornecer por meio de olhares todo o temperamento de seu personagem: seu aspecto dócil visto no começo do longa, seu jeito brincalhão e emocional, passando pelo seu estado assustado ao perceber seus erros e chegar ao cativeiro, até seu olhar experiente e fechado com os humanos – inclusive seu próprio “dono”. Impressiona, Serkis urrando contra o cachorro no parque e estabelecendo uma reação que ainda não havíamos visto em seu personagem: não querer ser tratado como um animal de estimação.


    Infelizmente, Wyatt parece querer privar esse aprofundamento em César e estabelece o restante do elenco apenas como peças sacrificáveis em um jogo de xadrez. Começando com o personagem de David Oyelowo representando a aura capitalista sem remorso, Tom Felton como um humano maligno e sem alma, Cox como alguém que parece nunca querer saber o que está acontecendo e Freida Pinto totalmente deslocada na trama. Se isso não fosse o bastante, até Franco é apenas competente em seu papel, não criando nenhum tipo de vínculo paternal com César – algo que apenas mostra que se fosse qualquer outra pessoa carinhosa cuidando do animal, a relação seria igual ou melhor. Sobra pra John Lithgow criar um personagem que é apenas notado graças ao talento do ator, desenvolvendo desde a doença até sua aparente cura.


    Criando um roteiro óbvio, mas pontualmente inteligente, Rick Jaffa e Amanda Silver conseguem estabelecer o aprofundamento de César e a crítica social que o filme se guia de forma competente, apenas falhando na construção do vírus (que mais parece ter saído de um roteiro da franquia “Resident Evil”) e nos referenciais que muitas vezes apenas parecem ter sido jogados na trama para estabelecer-se como um “pré-original” que nunca acontece. Claro que é notável situações como César brincando com uma réplica da estátua da liberdade, ou no cativeiro, em que o personagem de Felton berra “it's a mad house! A mad house!”, ou na missão de Heston indo pra Marte, entre outras referências. O grande problema é que isso nunca passa de uma tentativa de estabelecer semelhanças com o original e apenas jogadas de forma desnecessária. Um exemplo é a cena pós-créditos que salienta ainda mais a comparação da bizarra droga com o universo da franquia “Resident Evil”, como se apenas aquela cena demonstrasse o que viria num futuro próximo.


    Ainda que seja um filme tecnicamente impecável, os efeitos especiais e o realismo dos macacos são impressionantes e serão possivelmente concorrentes ao Oscar, o filme guia-se pelo mesmo aspecto que outras obras depressivas de 2011 guiaram-se e falharam: a dor de estar numa sociedade cruel. Nunca fornecendo grandes respostas ao tema qual baseou-se, “Planeta dos Macacos: A Origem” não sofre apenas da péssima tradução de título, mas também do uso de estereótipos para definir a humanidade – sim, a mesma saída encontrada por Von Trier no cretino “Melancolia”, como se o fato da humanidade ser cruel, burra ou “má” (referenciando a frase patética de Dunst no filme do diretor dinamarquês) é o bastante para querermos que ela chegue ao fim de alguma forma. Oras, chega a ser irônico que um filme a favor da vida trague uma mensagem conflitante dessas em seu final.

    (3 estrelas em 5)