22 de agosto de 2013

Bling Ring: A Gangue de Hollywood

The Bling Ring, EUA/Inglaterra/França/Alemanha/Japão, 2013. Direção: Sofia Coppola. Roteiro: Sofia Coppola, baseado em um artigo da Vanity Fair. Elenco: Katie Chang, Israel Broussard, Emma Watson, Claire Julien, Taissa Farmiga, Georgia Rock, Leslie Mann, Carlos Miranda, Gavin Rossdale, Stacy Edwards, G. Mac Brown, Janet Song, Marc Coppola. Duração: 90 min.

No ano passado, em Florianópolis, cinco jovens de classe média foram detidos por furtar e entrar em casas do bairro Jurerê Internacional por... diversão. Entravam nas residências, tiravam fotos, roubavam as bebidas contidas em adegas e outros objetos eletrônicos sem qualquer necessidade a não ser dar um mínimo de aventura em suas vidas “pacatas”. Meninos com faixa etária entre 19 e 26 anos. Quando foram presos, supostamente envergonhados do que fizeram, apelaram para o que mais conheciam, mas que nesse caso não resolveria a situação: um pedido de desculpas. Bling Ring se move pelo mesma temática: a vida fútil de jovens com poder aquisitivo alto e a libertinagem que possuem em seu mundo. Todavia, infelizmente, Sofia Coppola sofre para dar mais profundidade para algo que carecia disso e guia uma trama tão superficial quanto a abordagem objetiva de uma investigação criminal dessa natureza.

Escrito pela própria Coppola, baseado em um artigo da Vanity Fair que se inspirou na história de um grupo de jovens que entrava nas residências da alta elite de Los Angeles apenas por diversão e status, a história aborda exatamente o que haveria levado aqueles jovens a cometerem o crime. Transitando entre os depoimentos e os assaltos, a diretora/roteirista tenta acrescentar um estudo sobre o mundo glamoroso em que estão e a ostentação que os cerca.

Percebendo que não tem um grande domínio sobre qual é a mensagem a ser passada na narrativa, Coppola tenta apropriar o seu tipo de estilo na história de Rebbeca, Mark e as outras garotas, mas sem a confiança de outrora. Assim, os cortes feitos aqui e ali nunca são sutis e chega a apostar até em um bullying deslocado no começo do longa-metragem. Além do mais, a diretora aponta para a futilidade do mundo adolescente sem muita inspiração, investindo no básico: fotos na balada, leitura de conteúdos inúteis na internet e inserções de fotos de celebridade sem um grande contexto. Os flashes, a fama, a riqueza estão lá – mas sem nenhuma novidade ou provocação. Por outro lado, apesar da montagem óbvia (o que falar da elipse infantil no tribunal?), a diretora consegue transmitir a evolução dos roubos e das investigações da polícia com um pouco mais de talento. Neste caso, observe como de uma invasão na escuridão, os garotos vão ficando mais descuidados, passam a esquecer das câmeras e a primeira vez que são vistos não estamos inseridos na ação junto com eles – apenas se nota os furtos de longe, num establishing shot eficiente e com os sons de polícia ao fundo.  

Mas isso é raro. Por mais que Coppola tenha seus momentos como diretora/roteirista – como aquele em que Rebbeca pergunta sobre a reação da Lindsay Lohan ou a que Mark afirma orgulhosamente que aceitou 800 novas pessoas no Facebook –, os erros são muito mais evidentes e facilmente contornados. Afora o vergonhoso slow motion que acompanha Rebecca subindo as escadas do colégio – com direito a flares e cabelos ao vento –, a cena nonsense de Mark dançando na frente da web cam é ainda mais cômica, comprovando que Coppola não possuía muita ideia do que estava fazendo a não ser criticar superficialmente costumes adolescentes.

Quanto ao elenco, Israel Broussard falha ao entregar um personagem que é levado não só pela adrenalina dos crimes, mas principalmente por estar em busca de uma aceitação social e atrás de amizades (se você não é amigo de ninguém, você não é ninguém!), e Katie Chang se sai extremamente mal na pele de líder da turma; ao passo que Emma Watson não consegue extrair nada de uma personagem já morta narrativamente desde a construção do roteiro.

Por mais que a história abra um leque de possibilidades, a exploração e profundidade dela são o que mais dá para sentir falta. No fim, mesmo com a falta de recursos, até mesmo a matéria do jornal feita sobre os jovens de classe média que furtavam casas em Florianópolis acaba tendo uma penetração muito maior que os jovens do filme de Coppola.


                                  

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