Escrito por Ashley Miller e Don Payne (os mesmos roteiristas do filme Agente Teen) e baseado nos personagens criados por Jack Kirby, Stan Lee e Larry Lieber, o filme conta a história de Thor (Chris Hemsworth) que está prestes a receber o comando de Asgard das mãos de seu pai Odin (Anthony Hopkins) quando forças inimigas quebram um acordo de paz. Disposto a se vingar, Thor desobedece às ordens do rei e dá início a uma nova guerra entre os reinos. Enfurecido com a atitude do filho e herdeiro, Odin retira seus poderes e o expulsa para a Terra. Lá, Thor acaba conhecendo a cientista Jane Foster (Ai, ai, Natalie Portman), enquanto seu irmão Loki (Tom Hiddleston) elabora um plano para assumir o poder.
Explorando seus efeitos especiais e a construção dos cenários desde o início da narrativa, Kenneth Branagh é admirável ao retratar Asgard (a direção de Arte é ótima) sempre em planos horizontais perfeitos e ao dar ritmo nas passagens entre mundos. Além disso, o diretor já cria excelentes cenas de batalhas em sua seqüência inicial quando Thor vai para Jotunheim em sua vingança particular e mostra todas as suas vocações como um Deus guerreiro. A seqüência é tão impressionante que lembra batalhas de videogame em que Thor surge batendo seu martelo no chão e massacrando seus adversários ou girando seu Mjolnir fazendo uma espécie de boliche com Gigantes de Gelo. E nunca pensei que formaria uma frase assim!
Branagh é igualmente competente ao retratar a mitologia do herói ou fazer planos contra-plongeé com qualidade quando mostra o seu herói olhando para cima e clamando para que o pai o perdoe ou o deixe voltar. Outro aspecto interessante da direção de Branagh é o recurso do slow motion usado de forma pontual e elegante, ao demonstrar cenas de batalhas de forma bastante orgânica dentro da narrativa. Além da trilha sonora de Patrick Doyle, que consegue transmitir cada emoção ou acontecimento que passa dentro da trama de forma eficiente.
Criando Thor com uma destreza e caráter marcante, Chris Hemsworth compõe um dos melhores super-heróis que já passaram nas telas do cinema. O ator consegue demonstrar, além de beleza ou imponência, sensibilidade e bondade em seu olhar e faz uma notável evolução de seu personagem desde o começo do primeiro ato – em que surge sempre sorridente, arrogante e merecedor de tudo – até o momento em que começa a formar suas particularidades aqui na Terra, nos fazendo acreditar em sua evolução. Seu olhar triste quando se vê totalmente vulnerável sem seus poderes e sem poder voltar ao reino de qual faz parte ou quando ouve o relato de seu irmão sobre o que ocorreu em Asgard, sua incompreensão ao não poder retirar o martelo de um rochedo ou sua raiva quando descobre toda a verdade de Asgard - todos os gestos e expressões de Hemsworth trazem um poder interessante para a trama.
Igualmente competente na construção de seu personagem está Tom Hiddleston que domina parte da trama ao mostrar todas as artimanhas que seu personagem possui, o que faz para chegar ao poder e o mais importante: nunca é caricato. Hiddleston orquestra os acontecimentos de seu mundo e faz justamente àquilo que o roteiro diz, ele é um talentoso mentiroso. Já Anthony Hopkins surge sempre sábio e como alguém que se deve confiar.
Apesar de não ter uma química notória com o protagonista principal e não nos fazer acreditar em um amor entre os dois (além da atração física), Natalie Portman consegue também criar uma personagem interessante ao retratar uma cientista que apesar de acreditar em “recursos divinos” é cética o bastante ao querer recuperar todo seu material de pesquisa para provar a passagem de mundos que a trama instiga. Ao passo que os personagens de Stellan Skarsgard e Kat Dennings não acrescentam em nada na trama.
Thor ainda é de uma grande qualidade técnica. A fotografia de Haris Zambarloukos é fascinante ao retratar os três ambientes em que a história se passa de maneira interessante. Se a Terra, que tem como local o Novo México, exibe uma fotografia que demonstra o clima de deserto e “western”; em Asgard, ela é feita salientando as cores, o dourado, e representando um lugar com muito mais vida. Ao passo que Jotunheim aparece com a ausência de, em um clima muito mais frio e pragmático.
Encerrando com um ótimo 3º ato e com créditos finais que dão alusão ao que iremos ter a seguir, Thor segue o caminho pelo qual a Marvel se propôs a fazer nesses filmes de apresentação de seus heróis ao espectador para a realização de um filme sem precedentes: Os Vingadores. Se já tivemos um mundo em que a mutação e o preconceito eram explorados, um mundo em que um escalador de paredes era um símbolo de heroísmo ou um mundo em que empresários bilionários e irresponsáveis podem ser símbolos de justiça e paz, aqui fomos apresentados ao mundo dos Deuses. E mesmo que o roteiro de Miller e Payne tente sabotar o filme em alguns momentos, como as insistentes piadas modernas ou as inúmeras cenas computadorizadas, Thor consegue sempre manter um ritmo preciso e eficiente. E, finalmente, consegue trazer um filme da Marvel em um patamar altíssimo, simplesmente por respeitar seus fãs com auto-referências sempre bem colocadas de seu universo. Thor acaba originando um dos melhores filmes de super-heróis provenientes da companhia e isso já é muito, até para um Deus!
(4 estrelas em 5)
3 comentários:
Que Thor seja o inicio dos ÉPICOS MARVEL
Esse ano realmente vai ser um prato cheio pra quem curte filmes de heróis! (tipo eu, rs)
Thor foi ótimo! Saí dos cinemas com os olhos brilhando, e cheio de expectativas pros Vingadores :D
Boa crítica! Abraço.
Vitor
http://filmesepizza.blogspot.com/
Bom ver sua crítica sobre Thor, pq ainda não assisti o filme e confesso que não tenho grandes expectativas.
Mas só por ser um projeto com Kenneth Branagh e ter um grande elenco, acho que vale a pena assistir.
Postar um comentário