13 de maio de 2011

Erreurs et plus d'erreurs ou Divagando sobre Cannes – 3ª parte

Crise católica, do Papa!!
E Cannes continua. As críticas de “Precisamos falar sobre o Kevin” também. A maioria exaltando o filme e agraciando ainda mais a performance de Tilda Swinton. "Se havia dúvidas de que Swinton é uma das maiores atrizes vivas, em KEVIN ela prova que talvez seja a maior”, disse James Rocchi, da Indiewire. François Aubel foi além e disse que Swinton já é favorita ao Prêmio de melhor atriz. A competição vai passando e os críticos, presentes no festival, cada vez mais hiperbólicos. Depois do choro por “Restless” de Van Sant, foi à vez do novo filme de Kim Ki-duk, na mostra Un Certain Regard, provacar êxtase na platéia e ser muito aplaudido no final da sessão. Os comentários são ótimos. A cena final que Merten descreve é de uma unicidade marcante e quero ver nas telas em breve. Gosto muito do cinema de Kim Ki-duk e aprecio demais o filme “A Casa Vazia”, portanto, só espero coisas positivas de “Arirang”.



Em Un Certain Regard foi também apresentado oficialmente o longa-metragem brasileiro “Trabalhar Cansa” de Marco Dutra e Juliana Rojas. O filme parece ser uma espécie de suspense pertinente. Estabelece críticas sociais sobre desemprego e flerta com um ambiente aterrorizante. No mínimo curioso, mas não foi bem aceito por boa parte da critica. Os críticos brasileiros foram os mais entusiasmados com o projeto. Merten chegou a dizer que o filme “vai dar o que falar no sul do Equador”. O filme é com o ator Marat Descartes. Admiro muito o trabalho dele em "Os inquilinos" do Sergio Bianchi. Aliás, considero o filme brilhante, olha só, também na crítica social. Não vi nem um dos curtas de Dutra e Rojas, mas estou curioso.


Na competição oficial tivemos o francês "Polisse" de Maïwenn. Como havia falado aqui e aqui, mexer com ambientes caóticos e explorar os traumas e resoluções pessoais dos envolvidos nesse mundo é sinônimo de prêmios, mas não conseguia visualizar isso em “Polisse”. Parece que errei. O filme foi bem recebido. Muitos dizem que daria mais certo como seriado e que o filme não desperta muito interesse técnico, mas Merten achou impressionante e não foi só ele. Brad Brevet, da Rope of Silicon, disse que o filme é “comovente, trágico e emocionante”. Em contrapartida, Kevin Jagernauth, da Indiewire, achou que a diretora não compreendeu o que tinha em mãos e não estruturou a narrativa de forma adequada (menos é mais, diz ele!).


Mais um filme bem recebido no dia foi o novo filme de Moretti, “Habemus Papam”, muitos aplaudiram. Principalmente pela atuação de Michel Piccoli que interpreta o novo Papa. Não via o filme com curiosidade, havia falado disso em meu primeiro texto sobre Cannes. Agora vejo. Sempre gostei de Moretti, principalmente no maravilhoso “O Quarto do Filho”, mas não fiquei empolgado com a sinopse. Graças a Deus (trocadilho inevitável), estava errado! Sukhdev Sandhu, do Daily Telegraph, disse “Piccoli, de 85 anos, impregna em seu Papa um nível de dor, decepção e olhos tristes questionadores que engana”. Aliás, até os que não gostaram do filme acharam Piccoli brilhante. Fiquei animado, confesso.

Já foram três filmes da mostra oficial exibidos e criticados. “Polisse”, “Habemus Papam” e “Precisamos falar sobre o Kevin”. Dentre os três? Acho que Kevin ainda é favorito, por enquanto. Veremos mais reações no fim de semana, quando todos vão “descansar” e apresentar mais opiniões sobre os projetos. Também apresentaram para a crítica, “Piratas do Caribe 4”. Parece que não agradou. “Tedioso, desnecessário e longo demais”, muitos disseram. Outros falaram que “Sparow ainda conduz o filme com carisma e o apelo sexual de Penélope Cruz trará ainda mais publico para a franquia, mas até onde a franquia pode ir?”. Nunca fui fã de Piratas do Caribe, não nego. Gosto apenas do primeiro e com ressalvas. Gostei do trailer e sou um dos que torce pelo filme agradar. Só espero que não vire uma franquia como “Jogos Mortais”, etc. “Que acabe no tempo certo!”, assim como Cannes e nossa ansiedade.

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