10 de maio de 2011

Bem vindos a Cannes


Bienvenue à Cannes!

 Criado em 1946, o Festival de Cannes nunca foi um grande parâmetro para fazermos nossas suposições do que veremos no Oscar, mesmo assim é uma premiação excelente para começarmos a ler as primeiras opiniões sobre filmes com possibilidades de indicação. Nesse ano não será diferente!


O festival que terá início na quarta-feira (11), na Riviera Francesa, contará com filmes importantíssimos e possíveis indicados ao Oscar 2012, como: “A Árvore da Vida” de Terrence Malick, "Precisamos Falar Sobre o Kevin" de Lynne Ramsay, "Restless" do diretor Gus Van Sant, "This Must Be the Place" de Paolo Sorrentino, entre outros filmes que despontam como grandes promessas para o Oscar 2012.


Ainda que outros filmes com imensas possibilidades de estar no Oscar não estejam na lista do festival, as possibilidades dos indicados ao maior prêmio do Cinema Mundial começarem a ganhar seus primeiros comentários é grande.


Aqui vão alguns dos filmes esperados e meus comentários:


• Em competição oficial:



- "La Piel que Habito" de Pedro Almodovar (Espanha): O filme de Almodóvar parece ser corajoso na proposta e é um caminho que o diretor nunca percorreu anteriormente. Não acredito nas chances do filme para concorrer ao Oscar, mas acho que dá para esperar mais um trabalho competente do diretor espanhol.



- "L'Apollonide - Souvenirs de la Maison close" de Bertrand Bonello (França): O diretor Bertrand Bonello é bastante conhecido pelo trabalho controverso em O Pornógrafo (2001) e promete voltar em um mundo mais cru. Não vejo grande empolgação a cerca do projeto – algo que pode favorecer Bonello.


- "Pater" de Alain Cavalier (França): O cinema irregular de Cavalier não me agrada, mas é inegável que o filme tenha uma sinopse que chame atenção e algo comum nas obras do cineasta, a pessoalidade de seus filmes.


- "Footnote" de Joseph Cedar (Israel): O filme de Cedar parece ter uma premissa bastante simples em abordar o desejo de ser reconhecido na sociedade. Ainda sem grande repercussão ou expectativa.


- "Once Upon a Time in Anatolia" de Nuri Bilge Ceylan (Turquia): Não conheço o cinema do diretor. O trailer do filme não motiva.


- "Le gamin au vélo" de Jean-Pierre e Luc Dardenne (Bélgica): Mais um filme em tratar do tema adoção. O grande diferencial? É um filme dos irmãos Dardenne com Cécile de France. Com o histórico dos Dardenne e pelo poder que seus filmes autorais geralmente possuem é um dos favoritos ao prêmio principal.


- "Le Havre" de Aki Kaurismäki (Finlândia): Não é uma trama nova, mas pode surpreender por um contexto político.


- "Hanezu No Tsuki" de Naomi Kawase (Japão): Adorei o argumento do filme. Apesar de não ser fã de filmes que tem como função nos colocar frente à janela da alma ou sobre situações existenciais, a sinopse é promissora assim como a fotografia.


- "Sleeping Beauty" de Julia Leigh (Austrália): O trailer é bastante provocativo e a atriz Rachel Blacke é estonteante. Promete bastante.


- "Polisse" de Maïwenn (França): Mexer com ambientes caóticos e explorar os traumas e resoluções pessoais dos envolvidos nesse mundo é sinônimo de prêmios, mas não consigo visualizar isso em “Polisse”.


- "A Árvore da Vida" de Terrence Malick (EUA): O filme mais esperado do ano finalmente terá seus primeiros comentários. Malick promete criar uma obra bastante controversa e que vai precisar de uma montagem impecável porque na proposta em que o filme se encaixa seriam necessárias 5 horas de filmes no mínimo. O filme é uma das grandes promessas do ano e possível indicado ao Oscar em diversas categorias.

- "La Source des Femmes" de Radu Mihaileanu (Romênia): Depende muito do toque o diretor Mihaileanu vai dar em seu longa-metragem porque a sinopse é bastante complicada para se trabalhar e se mal administrada pode ser ofensiva.


- "Hara-kiri: Death of a Samurai" de Takashi Miike (Japão, 3D): Alguém me explica como deixam um filme do Takashi Miike ser exibido no festival em 3D? Possivelmente será ainda mais chocante que o longa do Von Trier e irá explorar a violência de uma forma abusiva no 3D.


- "Habemus Papam" de Nanni Moretti (Itália): O filme de Moretti não passa nem um pouco de curiosidade. O que já mostra um ponto do filme: uma crise católica. A não crença nos limites propostos pela igreja, a sociedade atual, etc. Se o filme conseguir trabalhar bem esse ponto poderá trazer muitos seguidores (com o perdão do trocadilho) ao filme.


- "Precisamos Falar sobre o Kevin" de Lynne Ramsay (Grã-Bretanha): A febre do livro ainda é latente com os inúmeros casos de crimes que poderiam ser evitados se um simples fato ocorresse antes que pudéssemos imaginar. O roteiro é um dos principais atrativos do longa e Tilda Swinton pode voltar a brilhar e ser indicada ao Oscar novamente.


- "Michael” de Markus Schleinzer (Áustria): O primeiro filme do diretor e sem idéia do que esperar.


- "This Must Be the Place" de Paolo Sorrentino (Itália): Um filme com um dos possíveis indicados ao Oscar 2012: Sean Penn. O ator vai oferecer tudo que o Oscar gosta: mudança de aparência, personagem multifacetado e um filme de redescobertas. And the Oscar goes to...


- "Melancolia" de Lars Von Trier (Dinamarca): Depois do sublime e controverso “Anticristo”, Von Trier mexerá com o fim do mundo. Precisa dizer mais? Um dos filmes mais esperados do ano...


- "Drive" de Nicolas Winding Refn (cineasta dinamarquês, produção dos EUA): Apesar de um filme com temática de filme de ação, os envolvidos no projeto são tão excelentes que não tem como não ficar ansioso e esperançoso em possíveis prêmios.


- "The Artist" de Michel Hazanavicius (França): Acredito que outro filme favorito a levar o prêmio principal. Argumento interessantíssimo, bons atores, excelente fotografia e não tão controverso quanto os filmes principais. É o franco favorito.


• Fora de competição:



- "Meia-Noite em Paris" de Woody Allen (EUA): O filme que abrirá o festival é do mestre Allen e já poderemos verificar as chances no Oscar. Fiquem ligados no roteiro e atuações.


- "Um Novo Despertar" de Jodie Foster (EUA): O filme que espero mais ansiosamente. A direção de Foster e a atuação de Mel Gibson que estão conquistando elogios por onde passam são os principais atrativos.


- "Piratas do Caribe - Navegando em Águas Misteriosas" de Rob Marshall (EUA, 3D): O reinicio da franquia possivelmente pode garantir sua presença em categorias técnicas do Oscar.


- "Les Bien-Aimes" de Christophe Honoré (França): O filme de encerramento é de mais um diretor controverso. Um bom diretor, mas irregular.



• Mostra um Certo Olhar:


- "Restless" de Gus Van Sant (EUA): Pode ser uma das surpresas do festival e também poderá ganhar força para uma indicação do geralmente esquecido Gus Van Sant.


- "Trabalhar Cansa" de Juliana Rojas e Marco Dutra (Brasil): Depois de ganhar reconhecimento no próprio festival por seus trabalhos em curtas, os diretores Dutra e Rojas investem em seu primeiro longa na história de um casal empreendedor. Um bom representante para o cinema brasileiro.



Mesmo que Cannes ainda não seja o instrumento mais adequado ou certeiro para análises fílmicas é um Festival sempre repleto de surpresas, divertido, sentimental e único. Em um ano que ainda estamos saboreando filmes vitoriosos do ano passado é Cannes que chega aos nossos olhos para tentar mudar isso,  para bom ou para pior. Tudo depende do espetáculo que começará amanhã.


Bienvenue à Cannes!

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