"We Need to talk about Swinton" |
Depois da ode ao esplendor parisiense que o filme de Allen proporcionou na abertura do Festival e passado o êxtase momentâneo, Cannes finalmente começou a competição oficial com o filme da escritora Julia Leigh “Sleeping Beauty”. Coloco escritora porque foi o que disseram por lá, nunca li nada dela. “Frio como a protagonista” (foi o que muitos disseram). Ainda assim, a performance de Emily Browning chamou muito a atenção por ter enfrentado cenas estranhamente humilhantes. Parece ser quase um consenso que o filme de Leigh (o primeiro longa dela) não foi sensacional, nem terrível. Apenas frio. Ou um tipo de sinônimo para filme Cult, disse um. Realmente parece que o filme não se priva de sua natureza estranha para agradar o público e se mantém angustiante durante toda a narrativa. Acho um acerto da diretora, mas pago pra ver. Gosto da beleza de Browning, odeio Sucker Punch. Mas não a culpo, sabotagem de roteiro é um caso difícil para qualquer um. Triste foi ver o G1 dando a chamada “Bruna Surfistinha macabra silencia Cannes”. Não apenas de mau gosto, mas bizarra. Deveria ser silenciada era a pessoa que escreveu isso. Lamentável!
Porém, tanto o filme de Julia quanto a atuação de Browning foram imediatamente esquecidas após a exibição do “devastador, brilhante e assustador” (apenas cito o que li) “Precisamos Falar sobre o Kevin”. Não que precisem saber, mas comecei a ler o livro hoje. É uma adaptação complicada para ser feita. Se Tilda Swinton realmente encarnou todas as nuances da personagem e sentimentos conflitantes descritos no livro será um trabalho realmente louvável e possivelmente “presenteado” com uma indicação ao Oscar. Sou realmente fã de Swinton. Uma atriz que investiu em caminho de águas contrárias, mas achou a cachoeira. Trabalhos sublimes, esse caso não deve ser diferente. Voltando aos comentários, o filme teve cabine para a imprensa nessa manhã, o crítico Anthony Breznican ficou assombrado ao final da sessão. Mike D’Angelo foi ainda mais adiante dizendo que “a primeira metade soa como o melhor filme jamais feito”. Já o crítico Jeff Wells (havia se derretido por Midnight in Paris) disse que o filme não envolve. Swinton está bem, mas o filme não o convenceu. Simples assim!
Quem abriu o festival Un Certain Regard foi o esperado “Restless” do cineasta Gus Van Sant. Li alguém que disse que Van Sant é gênio, mas só às vezes. Não poderia concordar mais. Gosto da fase antiga do diretor. Adoro Elefante. Sou fã mesmo. Acho a situação do filme bastante pertinente e a abordagem corajosa e inteligente. Acho que Elefante é o último grande Van Sant. Aqui sou obrigado a concordar com Merten, Van Sant virou fake. Calculadamente cult. Pauline Kael dizia “o público Cult usa os filmes de arte em grande parte do mesmo modo permissivo que o grande público usa o produto de Hollywood: encontrando satisfação sob a forma barata e fácil da exibição de sua sensibilidade e liberalismo”. São fantasias do público do cinema de arte (diz ela!). Concordo. Sempre quis escrever sobre essas diferenciações de Cult, espectador médio e pseudo-cults. Acho uma completa bobagem. Desculpas que arranjaram para um detestar o outro. Os jovens adolescentes que não assistem outros tipos de filmes, que fuja do estereótipo blockbuster, xingam os críticos e cults por não gostarem do novo filme da franquia “Jogos Mortais”; os cults dizem que qualquer tipo de trabalho indie é complexo, profundo e feito sob medida para inteligentes. Os dois lados da moeda estão errados. Sou um tipo diferente, amo o cinema. Em todas as proporções que ele tem para oferecer. Gosto do Van Sant em seus primeiros longas-metragens (Garotos de Programa, Um Sonho Sem Limites, Gênio Indomável), não gosto do símbolo que se tornou. Mas estou divagando sobre um assunto que não cabe nesse Post. Retomo outro dia!
Iria embora sem me despedir adequadamente. Adequadamente, no momento, é com os comentários acerca do novo filme de Gus Van Sant. Alguns choraram na exibição do filme, "Restless", mas Merten chamou o filme de "Hollywood às avessas". Mais uma vez! Simon Gallagher disse que "Restless" é tão emocionante quanto "Blue Valentine". O filme mais "sereno" de Van Sant. Aliás, muitos disseram isso. O filme do Van Sant é praticamente uma história de amor, mórbida, mas uma “love story”. A Varierty disse que é o filme mais acessível do diretor. Hollywood Reporter achou uma versão Indie do próprio filme “Love Story”. Andrew Pulver, “aquele do The Guardian”, foi o mais amargo com o filme. Disse que o único tratamento do filme era uma “transfusão de carisma” (palavras dele, não minhas!).
Ainda ansioso pelas estréias dos Dardenne, Von Trier e Malick no Festival. Falando nisso, consegui a trilha sonora do filme “A Árvore da Vida”, ontem à noite. Espetacular. A trilha de Desplat ainda entrega um ponto chave do que veremos no filme e que não me atreverei a contar aqui. Dois dias de Cannes e já estou querendo que o festival não acabe mais. Deve ser o sentimento de muitos por lá. Enquanto nos ansiamos por aqui e esperamos cada comentário dos raros de lá, nos sentimos invejosos natos. Ao menos, me sinto assim. Volto mais tarde com os comentários dos próximos filmes que estão começando a afetar minhas suposições para a corrida do Oscar de 2012. O Red Carpet está movimentadíssimo.
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