![]() |
![]() |
Fences, EUA, 2016.
Direção: Denzel Washington. Roteiro: August Wilson, baseado na peça de sua
própria autoria. Elenco: Denzel Washington, Viola Davis, Stephen Henderson,
Jovan Adepo, Russell Hornsby, Mykelti Williamson. Duração: 2h19min.
Proporcional
as suas analogias, Fences carrega certa compatibilidade com Beisebol. Os
jogadores são trocados por atores que revezam seus papeis na defesa e no ataque
continuamente, fazendo com que as consequências de suas ações ajam naturalmente
no desenrolar da narrativa. Isso nem sempre dá certo, claro, como nos mostra
uma das cenas mais significativas do longa-metragem de Denzel Washington: a
confissão de Troy sobre seu caso extraconjugal. Trazido à tona de maneira pobre
e forçada, a cena apenas serve para ilustrar um choque entre o casal sem que
isso seja antecipado em nenhum outro momento. Na sutileza, no entanto, Denzel
consegue resguardar a segurança de sua trama. Quando Gabe corre pelas ruas
delirando sobre o juízo final, uma placa de Pare se destaca. O segredo de
Fences, afinal, reside na sua simplicidade.
Percebendo
isso, Denzel deixa a sua câmera agindo constantemente em harmonia com os
monólogos e discussões de seus personagens. Aproveitando seu cenário teatral,
ele os coloca em palanques para a exposição de seus pensamentos, fazendo com
que o diálogo seja sempre a principal ferramenta da narrativa. A imagem pouco
influencia. A condução é calculada, próxima, quase íntima. Denzel entende o que
precisa fazer para solidificar sua decisão de filmar quase que uma peça teatral
sem interlúdios. De tal modo, é comum que enquanto uma discussão seja travada
acerca de dinheiro, uma personagem fique andando para lá e para cá ao fundo,
fazendo com que essa consonância fique mais nítida.
Troy
Maxson, o personagem de Denzel, precisa ser o centro da atenção. Seu rancor em
não ter conseguido mais do que poderia na vida faz com que ele precise invariavelmente
contar suas histórias e trazer a tona seu passado. A sua complexidade está nas
ligeiras variantes que o ator proporciona, como nas diferentes maneiras com que
lida com Gabe e seu filhos, Lyons e Cory: a culpa por um e o julgamento dos
outros.
Viola
Davis, por sua vez, oferece uma empatia marcante para Rose. A parte
compreensiva do casal, ela tenta administrar todos os relacionamentos da casa,
soando como o grande porto-seguro da família. A cena em que finalmente confronta
Troy sobre seus 18 anos, apesar de apelativa, sublinha o talento de Davis.
Ancorado,
principalmente, em suas atuações principais, Fences é um filme eficiente acerca
de relacionamentos, de cicatrizes que podem ocorrer durante a jornada e o
passado sempre influenciando o presente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário