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26 de fevereiro de 2017
Moonlight: Sob a Luz do Luar
Nesta
sensibilidade com que lida com a sua temática sobre autoaceitação
e liberdade sexual, a direção de Barry Jenkins é eficiente ao
ilustrar as situações que os personagens vivem – seja num ligeiro
plano detalhe de uma arma, para invocar a sensação de perseguição,
quanto numa câmera inquieta para retratar os alucinógenos agindo na
cabeça da mãe de Little. Jenkins é seguro em cada frame, como
aquele em que acompanha (num travelling circular) a chegada de Juan no
seu ponto de drogas, ou nas cenas em que evidencia o isolamento de
Chiron. Observe, por exemplo, o momento em que o garoto se afasta dos
colegas jogando futebol ou a fantástica cena em que os colegas são
mostrados vivendo suas vidas normalmente enquanto ele se sente acuado
no fundo do plano.
Essa
segurança, igualmente, também é sublinhada na montagem
de Joi McMillon e Nat Sanders, que pontuam brilhantemente cada fase
da vida de Chiron e o que o faz crescer: se num primeiro momento, o
aprendizado com Juan sobre como ele precisa ser ele mesmo no mundo
faz com que ele adquira personalidade; na segunda fase, no colégio,
ele aprende a revidar. Na última, quando adulto, ele garante seu
respeito. Não precisa mais correr. Ele continua de pé, não
importando a quantidade de socos que leva/levou. É curioso, idem,
que o que traz o choro de Chiron de volta seja exatamente seu passado
– representado pela conversa com sua mãe e pelo telefonema que
recebe de Kevin.
Se
Chiron representa a dureza dessa vida reprimida, com suas expressões
fechadas, poucas palavras e sem sorrisos, seu melhor amigo, Kevin, é
exatamente seu oposto: alguém que aprendeu a se adequar na
sociedade, mesmo que não seja necessariamente ele mesmo. Kevin casa,
tem um casamento fracassado, ganha uma criança para cuidar, bate no
amigo para ganhar status no colégio, é sempre sorridente, mas
inveja o caráter de Chiron. Ama-o com certa devoção. Já Chiro,
interpretado por três atores identicamente impressionantes na
composição do personagem, como se realmente víssemos o
amadurecimento dele em tempo real, aprende a ter um equilíbrio em
sua vida, deixando-se apenas vulnerável pela sua paixão por Kevin. E se Naomie Harris e Janelle Monáe são marcantes nas poucas cenas que
possuem, Marhershala Ali tem a conversa mais inesquecível e sensível
do filme ao encorajar Chiron a ser ele mesmo, não deixar que as
pessoas decidam por ele e explicar como a sociedade tentará
fazer com que ele sinta vergonha de ser quem ele é.
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