Grudge Match, EUA, 2013. Direção: Peter Segal. Roteiro: Tim Kelleher e Rodney Rothman. Elenco:
Sylvester Stallone, Robert De Niro, Kevin Hart, Alan Arkin, Kim Basinger, Jon
Bernthal. Duração: 113 min.
Para quem viveu no final da década de 70 o auge do boxe cinematográfico,
quando o mundo conheceu Rocky e Jake La Motta, um confronto entre Robert De
Niro e Sylvester Stallone – igualmente, no ápice de suas carreiras – seria
visto com as melhores expectativas. No entanto, mais de 30 anos depois, quando
ambos enfrentam um grande declínio, Ajuste
de Contas mais se mostra uma tentativa fracassada de ressuscitar duas
lendas – claro, a seu devido modo. E é curioso que não apenas o filme aponte
esse deslocamento de época, como também aproveite essa deixa para criar gags e
piadas que indicam essa realidade: Stallone, por exemplo, aproveita uma passada
num frigorífico para treinar; o personagem de De Niro continua vivendo por um
prestígio adquirido há muito tempo; e assim por diante. O diretor Peter Segal,
famoso por suas comédias melodramáticas, não evita que essa ótica fora de época
contamine a sua narrativa, o que não seria um grande problema, se soubesse a
usar em seu favor. Assim, é uma pena que o roteiro explore como alívio cômico
piadas insistentemente infames ao falar sobre tamanho, peso e idade, além de
uma loud comedy (expressão que designo para comédia gritada) insuportável de
Kevin Hart.
Além disso, a direção de Segal é tão evidente e complementadora com o
roteiro infantil que chega a ser cômico o instante em que um personagem precisa
falar duas vezes que outro é gordo, apenas para soar “engraçado”. Por outro
lado, se De Niro está no controle automático, Stallone oferece algo de
veracidade ao seu Razor. Deixando suas mãos sempre em movimento no primeiro ato
e alongando a cervical constantemente, como se estivesse preparado para entrar
no ringue, o ator só é sabotado quando Segal traz as atenções para ele
novamente ao inserir uma estrutura sacrificável ao contexto e tornar tudo muito
mais pretensioso do que precisava. O que nos traz a pergunta pertinente de
Razor no primeiro ato: “o momento passou, por que agora? Não vale a pena!”. Uma
pena que os produtores não pensaram da mesma maneira.
· Crítica originalmente publicada no Diário Catarinense
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