The Big Wedding, EUA,
2013. Direção: Justin Zackham. Roteiro: Justin Zackham, baseado no
roteiro de Jean-Stéphane Bron e Karine Sudan para o francês Mon
frère se marie. Elenco: Robert De Niro, Diane Keaton, Susan
Sarandon, Katherine Heigl, Amanda Seyfried, Topher Grace, Ben Barnes,
Robin Williams, Christine Ebersole, David Rasche, Patricia Rae, Ana
Ayora, Kyle Bornheimer, Megan Ketch, Christa Campbell. Duração: 101
min.
Uma das coisas mais divertidas
ao se indagar ao final de uma sessão como O Casamento do Ano é
se o diretor/roteirista realmente acredita no trabalho que está
entregando. Uma pessoa, por exemplo, que vive ainda em uma época
cômica perdida, onde desmaios eram frutos de gargalhadas e aplausos
ou que brincadeiras com nomes ainda estavam em alta. Pois
fazendo piadas com virgindade, controle de natalidade e inferno como
se fossem tabus, Zackham comprova eficientemente que sua estreia na
direção, com Calouros em Apuros, não havia sido um erro de percurso
e é dono de uma expressiva falta de talento.
Escrito pelo próprio Zackham,
baseado no roteiro do original francês, a história acompanha o
relacionamento de uma família disfuncional que se vê diante
do casamento de um dos familiares, o filho adotivo (e não duvido
que há uma tentativa de piada aqui). Porém, com a vinda da mãe
biológica (!!) do noivo para o grande evento, os seus pais adotivos
devem fingir por um final de semana que ainda estão casados e...
… assim nós somos
agraciados com uma quantidade interminável de piadas infames
citando adultério e inferno durante toda a narrativa. Ao mesmo
tempo, Zackham pensa que um padre brincalhão é uma novidade
(interpretado por um Robin Williams que, vivendo em décadas
passadas, é o sinônimo da graça esperada pelo diretor), que cada
cena necessita começar por alguma piada, que uma menina chamando o
pai pelo nome aponta para um afastamento familiar profundo, pessoas
bebendo álcool direto da garrafa é sinal de vulnerabilidade e gags visuais como desmaios são marcantes. Há de se destacar, igualmente, a fantasia juvenil doentia
do diretor ao colocar uma irmã colombiana pedindo para o irmão
americano mostrar o seu país e, consequentemente, fazer sexo com
ela. É cômico, ainda, como o diretor sabendo que não existe uma
trama para continuar sua “história” coloca a personagem de
Sarandon novamente para...bem, para criar conflitos que ocasionarão
as resoluções no terceiro ato.
Destacando-se
como a maior tragédia do elenco, Katherine Heigl consegue manter sua
carreira no fundo do poço ao criar uma personagem estúpida
dramaticamente: surgindo sempre com um olhar perdido e suspiros
pontuais, a atriz desmaiando ao ver filhos (é necessário repetir) deve ser uma das cenas
mais involuntariamente engraçadas do ano e seu refluxo ao ver uma criança para demonstrar seu estado de espírito diz muito. E enquanto
Sarandon, Williams e Keaton se limitam a estar em tela, De Niro
continua se esforçando para matar de vez sua carreira.
Buscando
arrancar graça de incesto (“se isso a faz melhor, o meu irmão
está fazendo sexo com minha irmã em algum lugar”) e, como toda
obra sem inspiração do gênero, jogando seus personagens na água
ao final de tudo, Zackham mostra tanto talento para uma tragédia
cômica que adoraria que seu nome fosse anunciado em um próximo
filme apocalíptico. Ao menos haveria o consolo que a terra estaria
acabando e não precisaríamos aguentar os personagens construídos
por ele durante muito tempo.
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