jOBS*,
EUA, 2013. Direção: Joshua Michael Stern. Roteiro: Matt Whiteley.
Elenco: Ashton Kutcher, Dermot Mulroney, Josh Gad, Lukas Haas,
Matthew Modine, J.K. Simmons, Lesley Ann Warren, Ron Eldard, Ahna
O'Reilly, Victor Rasuk, John Getz, Kevin Dunn, Nelson Franklin, Eddie
Hasell. Duração: 128 min.
Se há uma
mensagem evidente em Jobs é que estamos diante de um líder.
Um messias. Alguém que transformará a tecnologia como conhecemos e
aperfeiçoará sistemas de armazenamento até caminhos antes
impensáveis. Steve Jobs inicia o longa-metragem caminhando de costas
para a câmera, como se o espectador não fosse digno de visualizar –
não ainda – a figura que conheceríamos em instantes. Não nos
aproximamos de sua imponência, e uma série de cortes rápidos
afastam o nosso primeiro contato. A trilha sonora também assinala os
tons épicos da narrativa. Ashton Kutscher, que é agraciado por uma
bela e sutil maquiagem, recebe os aplausos de pé ao demonstrar o
Ipod pela primeira vez. O jeans, a aparência jovial, os tênis, os
gestos e os refletores estão lá. Tudo está em seu devido lugar,
mas a voz de Jobs pertence a um homem que está em seus 35 anos. E
esse é o maior problema do filme de Joshua Michael Stern (Promessas
de um Cara de Pau): a aparência ou a presença do seu
personagem-título é mais importante do que o que lhe compõe.
Jobs não
sabe que tipo de filme quer ser. É sobre a vida de Steve Jobs? A
construção da Apple? O ápice da empresa? Os problemas de
relacionamento que ele possuía com quem o rodeava? Sua solidão? A
desconstrução de um mito? O diretor não se limita a fazer uma
burocrática autobiografia, pensa em trazer a aura pop de filmes como
A Rede Social ou Johnny e June, mas acaba se perdendo
como uma das amizades de Steve. A diferença entre Zuckerberg e Jobs
está na forma como a narrativa se desenvolve e nos envolvidos nela,
não em quem possui uma história mais cinematográfica do que o
outro. Falta profundidade em Jobs. Embora seu relacionamento
agressivo com a ex-namorada e a filha que demorou para aceitar (mas
colocou o nome dela em seu principal projeto) seja sublinhado, o
roteiro somente se arrisca a brincar com a maneira quase divina que o
sujeito é visto atualmente: “Jesus? Não, é o Steve”. Falta
para o diretor saber que um quadro de Einstein pendurado em uma casa
não aponta para a inteligência de uma pessoa e a
maquiagem não esconde os problemas do roteiro.
*Crítica publicada originalmente no Diário Catarinense.
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