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& Over, EUA, 2013. Direção: Jon Lucas e Scott Moore.
Roteiro: Jon Lucas e Scott Moore. Elenco: Miles Teller, Skylar Astin,
Justin Chon, Sarah Wright, Jonathan Keltz, François Chau, Russell
Hodgkinson, Daniel Booko, Russell Mercado, Josie Loren, Christiann
Castellanos, Samantha Futerman. Duração: 93 min.
Desde que Paul Weitz popularizou o gênero em American Pie na década
de 90, todos os anos há algum tipo de obra que tenta seguir os
mesmos passos: o fim da infância marcado pelo desejo sexual,
situações cômicas originadas por esse desespero e grandes festas
regadas aos mais sórdidos sonhos adolescentes. Como não poderia
deixar de ser, trouxe à tona longas excepcionais (Superbad – É
Hoje) e outros que de tão deploráveis eram lançados diretos para
home video a fim de se tornarem específicos para o público jovem
que gostaria de ver nudez com indicação recomendativa baixa.
Finalmente 18! acaba se enquadrando na segunda opção – ainda que
fruste até os rapazes que compram a ideia apenas para ver mulheres
lindas nuas.
Seguindo a cartilha da maioria dos filmes com essa temática, a
narrativa acompanha o aniversário de 21 anos (sim, a melhor piada do
longa-metragem vem do título brasileiro) de um garoto chamado Jeff
Chang, que decide farrear com dois de seus antigos amigos pelo campus
de sua Universidade. A partir disso, a dupla de roteiristas Jon Lucas
e Scott Moore passa a prometer as famosas situações desesperadoras
que o álcool proporciona na juventude e no meio do caminho sugerir
conflitos internos nos seus personagens principais.
O grande problema a ser enfrentado, porém, é que ambos não têm
nenhuma pista sobre quais serão as situações humilhantes que os
garotos passarão. Assim, o argumento absurdamente frágil da
história fica sendo achar o lugar em que Jeff mora, quando este
perde os sentidos. Tentando desviar a atenção desse aspecto, os
dois procuram inserir quase que esquetes deslocadas em um momento ou
outro para garantir que o espectador desse tipo de filme não fuja da
sessão: logo, os diretores investem em mulheres sendo subjugadas,
beijo lésbico, piadas politicamente incorretas e imbecis (“Seu
filho da puta amarelo!”), sem esquecer, obviamente, de vômito e
urina. Aliás, uma surpresa que piadas com flatulências não sejam
vistas no decorrer do filme.
Lucas e Moore, além do mais, assemelham-se aos dois protagonistas:
jovens imaturos que se acham engraçadinhos por pontualmente fazer
alguma piada com filmes ou atores e serem limitados a pensar em sexo
e álcool. Não que eles não incentivem um comportamento mais
profundo, pois eles buscam ensaiar isso no distanciamento do pai e
filho – ainda que o pai seja tratado lamentavelmente como um vilão
– e no relacionamento entre Miller e Casey, mas o máximo que são
eficientes é em demonstrar sua frustração com, estou arriscando,
suas próprias vidas (“Todos terão empregos chatos, filhos, casarão
e serão donos de uma minivan”).
Contando com estereótipos ao invés de pessoas reais, Finalmente 18!
é uma obra que traz uma cena de vômito em slow motion. Igualmente é
dirigida por homens saudosistas e sonhadores que ainda não cresceram
e vivem em um mundo imaginativo. E é terrível perceber que, ainda
assim, mesmo que o público passe a boicotar esse tipo de argumento,
é um gênero que está longe de encontrar o fim da linha. Sempre
haverá o home video.
Um comentário:
Ironicamente, só o vi em home vídeo. O panorama que você pintou, então, é a triste realidade.
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