9 de maio de 2010

Missão Quase Impossível (2010)


Existe um ponto bastante comum, em produções, que mesmo sendo chamada de “comédia”, não faz o espectador rir durante a projeção. A insegurança diante desse fato, ganhou contrastes interessantes quando os diretores, percebendo a grande furada que tinham nas mãos, passaram a colocar nos créditos finais, erros de gravação, para que ao menos o espectador saísse do cinema tirando aquele gosto amargo da boca, que o filme havia deixado no decorrer da projeção. Principalmente dos anos 2000 em diante, esse tipo de recurso começou a ser usado sucessivamente. E esse é justamente um ponto bastante comum nos filmes de Jackie Chan.

Não que o ator tenha feito obras que não seriam dignas de atenção, afinal, “Hora do Rush”, “Mr. Nice Guy” e “Bater ou correr” são obras que cumprem bem o seu papel no gênero. Mas o que Chan acabou desenvolvendo em projetos seguintes como o terrível “Hora do Rush 3” e A Volta ao mundo em 80 dias”, são exemplos claros de péssimos roteiros que acabam arrancando uma risada inconsciente de seu espectador. Isso se mostra mais uma vez presente em uma nova obra de Jackie Chan.

Escrito por três mãos diferentes – que como o critico Pablo Villaça costuma dizer, é sempre motivo pra desconfiança – a história é roteirizada por Jonathan Bernstein, James Greer e Gregory Poirier , onde conhecemos o espião Bob Hoo (Jackie Chan), que acreditava que deixando para trás a vida de super espião da cia finalmente conseguiria levar uma vida normal e tranquila ao lado da sua vizinha e namorada, Gillian (Amber Valletta). Bob precisava cumprir só mais uma missão antes de casar com Gillian: conquistar os pestinhas dos filhos dela.

Mas os pestinhas tem um plano - tornar a vida de Bob impossível e fazer o cara desistir de casar com a mãe deles. Sem querer, eles entregam a localização de Bob a um terrorista russo e, agora, Bob e as crianças vão ter que deixar as diferenças de lado e se unirem para salvar o mundo...

Logo no começo da projeção já nos deparamos com a arrogância/oportunismo de Jackie Chan, que coloca uma espécie de “trailer” de sua carreira como se fosse a trajetória de espião do próprio Bob. Infelizmente nada disso funciona e começamos a perceber o que veremos a seguir. As fotografias por satélite tirada nos créditos iniciais, já servem para salientar o tom desastroso do filme no decorrer da projeção.

A trilha sonora se mostra extremamente brega, e ainda as cenas de luta que geralmente são os maiores acertos nos filmes de Chan. Aqui se mostra sem vida e mal coreografadas. Em algum momento da projeção até o vilão se vira para Bob e fala “ Foi como treinar para aeróbica”. Um dos poucos momentos de graça do filme, pois justamente revela a sua própria deficiência da narrativa.

Em relação as atuações Jackie Chan aparece em seu piloto automático. Fazendo as mesmas caretas usadas em seus últimos projetos, como “O Terno de 2 bilhões de dólares” e Hora do Rush 3 , Chan tenta compor um personagem desgastado com sua vida profissional e querendo basicamente ser aceito pela sociedade constituindo uma família ao lado de Gillian. O que De Niro havia feito em Entrando numa Fria. Infelizmente essa proposta acaba ficando só no papel. Já Amber Valletta surge desconfortável em seu papel de mãe e “apaixonada” por Bob. Em nenhum momento essa “paixão” se torna crível, o que acaba sendo mais um ponto negativo da projeção.

As crianças interpretadas por Madeline Carroll, Will Shadley e Alina Foley cumprem seu papel, e se torna a única parte que traz uma certa verossimilidade para o filme. Ao passo que Magnús Scheving como Poldark faz o que talvez seja o pior vilão da história do cinema. Incrivelmente pavoroso, Poldark além de ser fraquíssimo é sacaneado por um roteiro que tenta fazer graça com as roupas do vilão. Onde temos uma montagem extremamente desconcertante quando o vilão pede roupas descoladas e é brindado com uma roupa de capuz e bermudão.

Como já dito o filme ainda conta em seu final com os erros de gravação em seus créditos. O que acaba se revelando até interessante, pois até os erros de gravação não despertam nenhum tipo de graça, o que abala até um recurso que era interessante por dificilmente ser falho. Já Jackie Chan precisa arrumar projetos melhores e rápido. Pois daqui a algum tempo a nova geração não se lembrará mais de seus acertos passados, mas sim de seus desastres, assim como é esse novo Missão Quase Impossível.

(1 estrela em 5)

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