13 de setembro de 2010

Vicio Frenético (2010)


Logo quando comecei a assistir ao novo filme de Werner Herzog, Vicio Frenético, veio ao meu pensamento à cinebiografia do diretor. Aguirre, a Cólera dos Deuses; Fitzcarraldo; O Enigma de Kasper Hauser; O Homem Urso; Lições da Escuridão, entre outros...

É incrível como um diretor que fez parte do Novo cinema Alemão - que traz obras que não considero como sensacionais como tantos outros fazem alusão – fez obras tão incríveis e apaixonantes como as listadas no primeiro parágrafo.

Então é com vergonha, que assumo que pensei que o projeto a partir de seu terceiro ato iria desandar. Parecendo que não conhecia o diretor alemão, acreditei que Herzog ficaria no politicamente correto, e que não teria coragem para fazer o que fez. Uma obra quase que irretocável e um dos melhores filmes do ano.

Na história escrita por William M. Finkelstein, após salvar um prisioneiro de afogamento em decorrência do furacão Katrina, o detetive Terence McDonagh (Nicolas Cage) é promovido a tenente. Com as costas seriamente contundidas, passa a depender de analgésicos para agüentar a dor. Um ano depois, está viciado em Vicodin e cocaína, mas continua trabalhando em nome da lei. Quando uma família de imigrantes africanos é assassinada, ele é nomeado para o caso e sai à procura do assassino. Mas seu próprio envolvimento em atividades ilegais compromete seus padrões morais e ameaça colocar sua missão em risco.

A direção de Herzog é ao mesmo tempo confusa e brilhante. Ao passo que os enquadramentos são sempre certeiros, o cineasta por vezes confunde o espectador em algumas cenas embaçadas e “frenéticas” (com o perdão do trocadilho). Veja por exemplo quando vemos um crocodilo (acredito que era), na estrada em que Terence vai conversar com o policial responsável da área, para anular uma multa. Ou as cenas das “iguanas”, em que o diretor brilhantemente consegue passar a sensação de imaginação fértil do personagem principal, sempre mostrando embaçado o animal em questão e logo depois dando zoom in no rosto de Terence. Provocando uma sensação de instabilidade.

Em relação as atuações, Nicolas Cage como Terence McDonagh nos traz a melhor atuação de sua carreira até o presente momento. Um personagem que ao mesmo tempo que mostra uma faceta seriamente repulsiva, nos mostra um personagem que desperta uma sensação de pena no espectador em alguns momentos por nós acreditarmos que Terence pode voltar a ser o herói que vimos no começo do longa, ou até mesmo que ele vai conseguir se livrar do vício.

Veja por exemplo a cena em que Terence faz um interrogatório cruel contra duas senhoras, e logo depois proíbe seu parceiro de matar outro assassino a sangue-frio. Isso é justamente usado para manipular nossos sentimentos, o que é usado brilhantemente pelo diretor, diga-se de passagem.

Eva Mendes como Frankie, nos traz uma atuação correta; ficando em segundo plano a maior parte do tempo em que aparece em tela. Ao passo que Val Kilmer apenas aparece em cena, sem trazer absolutamente nada de novo.

Por fim, Vício Frenético talvez não seja a melhor obra de Herzog, já que ainda fico com Aguirre e Lições da Escuridão, mas certamente figurará nos melhores filmes do ano de muitos críticos. Com merecimento, pois esse filme é mais uma obra cinematográfica complexa, inteligente e sutil que Herzog nos proporciona. E cada vez mais o diretor está perto de chegar ao patamar de melhor diretor alemão de todos os tempos.

(5 estrelas em 5)

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