19 de abril de 2010

Alice no País das Maravilhas de Tim Burton (2010)


A primeira vez que fui conhecer o trabalho de Tim Burton, foi no superestimado Batman (1989). O trabalho do diretor já naquela época se mostrava com uma fotografia um pouco sombria e principalmente com um trabalho de câmera sempre demonstrando esse clima soturno. O que combinou perfeitamente com a proposta do filme do morcego naquela época; mas que vi que seria a marca registrada do diretor em suas produções seguintes. Independente do estilo e roteiro o diretor seguia essa sua conhecida fórmula.

Mas conhecendo o diretor, quando este foi designado para assumir o projeto de Alice, pensei no melhor. Sim! Até eu fiquei incomodado com meu próprio pensamento, sabendo dos desastrosos projetos do diretor antes dessa adaptação.

Foi quando começaram a surgir as primeiras informações e fotos do filme, e não preciso nem comentar que o clima de excitação em ver alguma coisa digna de aplausos aumentou. Erro meu mais uma vez. Fui surpreendido por uma obra em alguns momentos desconcertante e extremamente estúpida.

Na História a personagem título agora tem 19 anos, vive um período de desgosto em sua vida e não se lembra que já havia visitado o País das Maravilhas quando era criança. No dia do seu provável noivado, então , Alice segue o coelho branco e volta para aquele mundo imaginário onde já tínhamos visto antes; agora dominado pela Rainha de Copas.

Ao contrario de Avatar onde a direção de arte, figurino, maquiagem e efeitos especiais eram vitais para o desenrolar da trama, já que tínhamos que conhecer aquele mundo chamado Pandora. Aqui em Alice já estávamos ao menos familiarizados com o ambiente. E se no clássico da Disney de 51 vemos cores fortes demonstrando a alegria do lugar onde Alice está e não aquele mundo tedioso em que vivia, nesta obra de Burton só vemos a imposição do diretor em tentar passar isto para o espectador, o que acaba trazendo algo incômodo na projeção.

Em relação as atuações do filme, um contraste ainda pior. Ao começar pela protagonista Mia Wasikowska – não conhecida por grande parte do público, por fazer filmes com não tanto renome como Um Ato de Liberdade e Violência em Família – não cria a simpatia do espectador desde as suas primeiras cenas quando vai acontecer a proposta de casamento. Helena Bonham Carter e os outros atores como Alan Rickman e Anne Hathaway se limitam a apenas em aparecer no decorrer da projeção. Na verdade isso parece que é o que mais importa para Burton. Não importa o roteiro ou a direção de atores, o mais importante é maquia-los do jeito mais estranho e interessante possível, para que o espectador não perceba a falha narrativa que nós temos aqui.

E não esquecemos de falar de Johnnny Depp que é o grande centro publicitário do filme como o Chapeleiro Maluco. Infelizmente Depp é o que está mais no piloto automático do elenco do filme. Limitando-se a caretas e esquisitices nos apresenta o que talvez seja uma das atuações mais sem graças e tediosas da sua excelente carreira.

Por fim o que realmente torna a experiencia de ver Alice não se tornar tão desastrosa é o sempre magnifico trabalho de maquiagem feitos nos filmes de Tim Burton. Todos os personagens da trama são cuidadosamente trabalhados. Desde o coelho branco, passando pela Rainha de Copas e sem esquecer o magnifico trabalho feito em Johnny Depp como o Chapeleiro. E isso já é uma grande vantagem para Burton só falta acertar a mão principalmente no roteiro de suas obras, como conseguiu em Sweeney Tood por exemplo. Vamos Burton nos surpreenda em sua próxima obra. Estarei mais uma vez esperando o melhor...

(2 estrelas de 5)

Um comentário:

Andarilho disse...

Discordo quando vc fala que a atriz Mia whatever não cria simpatia com o espectador por não ser conhecida. O fato de não ser conhecida até ajudaria o público a pensar nela como Alice, e não como uma outra personagem que ela interpretou.

Acho que o problema da personagem Alice é mais o desenvolvimento dela no roteiro, coisa que atuação nenhuma vai salvar. A Alice é apresentada primeiro como uma típica adolescente: confusa, sem rumo na vida, etc., coisa que a maioria das pessoas consegue se identificar, todo mundo passa por alguma fase dessas (sendo na adolescência ou não). Só que um personagem deve crescer, e ela fica enrolando muito na indecisão. E, quando muda, muda de uma vez, como se desse um salto na escala. Isso a torna artificial e difícil de engolir, daí que eu vejo que qualquer identificação inicial vai pelo ralo.

De resto, bom texto. Só não concordo que Batman seja superestimado, acho que a ele tem sido dado o peso certo.