The Amazing Spider-Man 2, EUA, 2014. Direção: Marc Webb. Roteiro: Alex
Kurtzman, Roberto Orci e Jeff Pinkner, baseado nos quadrinhos de Stan Lee e
Steve Ditko. Elenco: Andrew
Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Dane DeHaan, Colm Feore, Felicity Jones, Paul
Giamatti, Sally Field, Embeth Davidtz, Campbell Scott. Duração: 142 min.
Basicamente, o problema
de O Espetacular Homem Aranha residia
no desconforto de Marc Webb com as suas sequências de ação. Desta forma, explorando
muito mais o relacionamento de Peter e Gwen, numa espécie de
“teenager-hero-movie”, o diretor focalizava sua força numa estrutura dramática em
que interessava muito mais o romance dos dois que o contexto heroico do
personagem. Porém, quem é o público do super-herói e o que ele procura? Esta é
exatamente a pergunta que Webb acredita ter desvendado nessa sequência.
Porque é expondo uma
veia muito mais cômica e madura, na forma com que explora todas as lacunas
deixadas pelo filme anterior, que o longa-metragem ganha sua força: aliando a
vida pessoal de Peter com suas responsabilidades sociais, a narrativa introduz
muito mais um estudo de personagem que, novamente, um filme de super-herói.
Assim, Webb adiciona o paralelo solitário entre as responsabilidades como Peter
Parker – rasas, pouquíssimas e nada profundas – com sua popularidade como Homem-Aranha.
E é exatamente sob
esta ótica que Andrew Garfield parece crescer como ator, pois emprega a arma
que muitas pessoas com depressão utilizam em instantes de relacionamentos
interpessoais: o humor. Não à toa, é fácil não encontrar razão para
diagnosticar alguém que parece estar sempre se divertindo como depressivo,
ainda que a insegurança e timidez nos momentos cruciais comprometam esse
sentimento. Garfield é eficiente em apontar que a máscara de Homem-Aranha não
serve apenas como esperança popular, mas esperança própria. Como todo rapaz
novo, aliás, troca as cicatrizes prematuras do personagem de Raimi, nos filmes
com Tobey Maguire (cujo talento para isto freava qualquer intenção do diretor),
para algo mais crível para sua idade: o destempero com que trata a vida do
crime, com uma curiosidade aguçada, além de ser engraçado e descolado, algo que
acaba deixando um pouco para Peter também – que é o que mais necessita desta
camada pessoal.
Repetindo sua
personagem, com o interesse pela personalidade incomum de Peter Parker (sempre nos
lembrando de que se apaixonou pelo garoto, não pelo herói), Emma Stone
desenvolve Gwen Stacy com uma personalidade ainda mais forte que a do filme
anterior, colocando sua vida pessoal antes de qualquer outra coisa. Ao mesmo
tempo, a química entre os dois atores funciona outra vez, fazendo com que
permitimos entender a decisão final de ambos e tornar a sequência final muito
mais dolorosa.
Além do mais, o filme
possui muito mais apego as histórias originais dos quadrinhos, caindo muitas
vezes de propósito no caricatural, como todas as sequências envolvendo o
personagem de Paul Giamatti ou a primeira luta entre Homem Aranha e Electro (a
mangueira é impagável). Por outro lado, a atmosfera caricatural do
longa-metragem faz com que seja um pouco dúbio o processo: vezes parecendo se
encaixar muitíssimo bem, outras nem tanto (o uso do vilão de Osborn, por
exemplo). O desconforto de Webb com as sequências de ação, igualmente, retornam
quando o clímax precisa ser desenvolvido – somente encontrando a substância
necessária com Gwen e Peter.
Mais interessante que o
seu primeiro filme, ainda que menos atrevido, O Espetacular Homem Aranha é mais um filme raso tendo um personagem
da Marvel como destaque, mas divertido.
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