Caso
enxerguemos que o cinema é feito de contextos, a época que vivemos
é bem variada. Ao mesmo tempo em que o Irã nos entrega obras de
grande impacto político e a Europa também vive a crise econômica
na telona, os Estados Unidos vivem uma era de sci-fi teen sem
precedentes. Os best-sellers que criam universos fictícios
militarizados e que reverberam nas crianças passaram a dominar
Hollywood com o sucesso de Jogos Vorazes, Divergente, Ender’s Game,
entre outros. Sucesso aos seus respectivos modos, claro. Algo
completamente diferente do domínio sci-fi dos anos 50, por exemplo,
quando o pós-guerra, a bomba atômica e o anticomunismo dominavam a
maioria dos filmes. No
Limite do Amanhã,
por sua vez, entra no mesmo panorama de Oblivion e Elysium: mundos
catastróficos que requerem atos de heroísmo.
E
é difícil imaginar, sob esta ótica, um nome tão eficaz quanto o
de Tom Cruise para estrelar o longa-metragem: aqui, o ator usa sua
imagem carismática para perdoarmos o seu marketing pessoal – o
charlatão que Cage realmente é – até chegarmos a abraçá-lo
como o protagonista que nasceu para ser. A montagem do filme, ao
mesmo tempo, consegue estabelecer uma atmosfera eficiente para
compreendermos cada ação/etapa vivida pelo ator e sua completa
transformação de novato para, finalmente, honrar a alcunha de
Major. Aliás, o fato de retirar o cômico (com as voltas no tempo)
da tragédia é um dos grandes acertos da narrativa – como
demonstra um acidente ou uma perna quebrada. E se a direção de Doug
Liman é indecifrável durante as sequências de ação, algo que só
funciona na instabilidade da chegada na praia à la O Resgate do
Soldado Ryan, Emily Blunt igualmente desenvolve uma personagem
fortíssima, que chega a esconder seu segundo nome por achar uma
fragilidade sua. Assim, mesmo que o filme sacrifique sua lógica no
final para manter sua atmosfera adocicada, mantém-se divertidíssimo
e interessante por ter trazido protagonistas tão cativantes.
* Critica feita originalmente para o Diário Catarinense
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