A nova animação da DreamWorks, Turbo, basicamente se volta para o que fez a Pixar ganhar tanto apreço e espaço conquistado na década passada: sensibilidade. Uma premissa que já percorreu tanto os sonhos de Remy em Ratatouille quanto os de Lightning McQueen em Carros – a oportunidade de ser algo maior do que a realidade espera de você. No filme de Remy, por exemplo, observávamos um rato querendo ser um chefe de cozinha, alguém desestimulado por sua classe e que encontrava na amizade de Linguini uma oportunidade para realizar os seus sonhos mais impossíveis.
Turbo, por sua vez, conta a história de um caracol que tem o desejo de ser o mais rápido do mundo e participar da Fórmula Indy. Estimulado pela figura midiática de seu maior ídolo, Guy Gagné, ele passa a achar que é possível sua força de vontade ultrapassar o seu físico; no entanto, numa virada do destino, surpreende-se ao ganhar habilidades que realmente o tornam o caracol mais rápido do mundo, o que o faz cativar o mundo e ter uma chance na tão sonhada Fórmula Indy.
O estreante e interessante diretor David Soren também conta com a figura humana presente para dar sustentabilidade ao sonho do caracol. Theo, seu nome original, e Tito ainda buscam encontrar seu lugar no mundo, onde devem se encaixar. Ambos se complementam. Já Gagné, de figura incentivadora e querida publicitariamente, transforma-se em um grande vilão egocêntrico – uma perfeita análise de muitos dos nossos próprios heróis. Talvez o que o próprio Gusteau fosse se mostrar caso o conhecêssemos no universo habitado por Remy.
Numa época em que a Pixar tenta tanto retomar o seu lugar ao pódio, resgatando histórias conhecidas para tentar retomar o que a fez tão prestigiada, é a DreamWorks, pelo segundo ano consecutivo, que traz uma animação tão competente para adultos quanto para crianças.
*Crítica publicada originalmente no Diário Catarinense.
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