23 de fevereiro de 2011

Justin Bieber: Never Say Never (2011)

Com uma carreira musical nova, mas de evidente estouro, o cantor Justin Bieber poderia ser citado como o Crepúsculo da música atual. O único fator que diferencia os dois é que Justin é realmente um astro e tem um talento nítido enquanto Crepúsculo é uma febre que passará dentro de alguns anos. É notável, por exemplo, que o cantor pop tenha começado a ganhar fama através do simples advento da internet - mais precisamente do Youtube. Foi assim que Bieber começou aos poucos se tornar uma verdadeira febre na música atual e arrastar milhares de adolescentes apaixonadas para seus shows. O grande ponto é que o artista tem apenas 16 anos. Têm problemas como todos os jovens possuem, tem seus momentos de raiva, começou a ter fama muito cedo, tornou-se um símbolo sexual para muitas adolescentes, mas o fato é que ainda sim o cantor é apenas um adolescente. Jon Chu merece palmas por ter visto isso e mostrar não só o lado das fãs gritando apaixonadas pelo astro teen ou o tipo de cabelo que ele usa, Chu mostra o lado familiar, o lado altruísta e o mais importante: o lado humano.



Dirigido por Jon Chu ( o mesmo dos desastrosos Step Up), o documentário centra-se na vida de Justin Bieber e mostra detalhes de sua carreira, mostrando suas primeiras aparições desde fotos de familia até primeiros vídeos e como o astro conseguiu alcançar o sucesso.


É muito bem pensado por Chu que o filme começe e guie o espectador não apenas através de um show que iria levar as fãs do cantor para o cinema, mas ao mesmo tempo investir no documental mesmo, nas realizações, nas primeiras afirmações. É muito bem articulado, portanto, que o cantor seja mostrado através de videoclipes como uma criança, logo nos primeiros minutos do filme, lembrando o garoto que começou sua carreira através de videos disponibiliazados na internet.


Chu acerta desde sua primeira cena. Além de colocar videos do cantor como criança tentando tocar seus primeiros acordes de violão, o diretor aumenta a carga emocional da obra em vários momentos. O carisma daquela criança de apenas 6 anos que começa a bater em cadeiras e há mostrar um ritmo considerável, chegando aos 10 anos como bateirista em um evento de Jazz é muito bem montado.


É para ser considerado também a passagem do cantor por uma adolescente tocando violino no antigo ponto em que ele tocava. A cena mostra-se tocante em mostrar a emoção da menina que ouve elogios do astro e contrasta com o belo altruísmo que Elvis, por exemplo, possuía em dar carros e dinheiro para transeuntes.


É interessante comparar com o apelo do Rei do Rock porque esse parece ser o mesmo sentimento de Chu com sua obra: guiar o espectador por momentos da vida de um dos “Reis do pop”. É notável, portanto, que Chu procure evidenciar esse momento e ao mesmo tempo a preocupação do astro em levar uma vida normal, ficando quase impossível pela fama. A comparação com Elvis também surge no apelo do astro com as mulheres e finaliza numa cena maravilhosa em que Bieber começa a passar pelos corredores do Madison Square Garden e anda pelos mesmos corredores que astros inesquecíveis como Elton John, Michael Jackson e o próprio Elvis Presley passaram. Veja como o diretor passeia pelos mesmos corredores, através de Bieber, e consegue mostrar as fotos desses artistas na parede. Mostrando que seu astro atingiu o que ele queria.


Outro fator positivo do documentário é o contato com o público. É emocionante ver as fãs ganhando ingressos do agente e da mãe do astro de forma gratuita. Não é o gesto que emociona, apesar de ser notável, mas a reação das fãs que nos mostra toda a sensibilidade que o longa quer passar. Sensibilidade que também é mostrada de forma muito coesa em inclusões de fotos durante o show que passa pelo espectador e nos tweets do astro para as fãs. É um outro fator instigante da obra: as redes sociais. Desde momentos em que o youtube é mostrado e seus comentários em tela até as mensagens mandadas para Justin pelos fãs e entrando na tela de maneira irresistível.


É uma pena que Chu seja um pouco covarde na escolha de guiar a trama a partir do segundo ato de maneira inteiramente marqueteira. Veja, por exemplo, que o astro parece não ficar nunca bravo e que não tem grandes problemas há não ser uma infecção nas cordas vocais mostrada por um instante. O lado adolescente de Justin é salientado poucas vezes, com destaque na cena em que o astro visita sua cidade e é mandado arrumar a cama. A profundidade que os problemas de um jovem astro poderia demonstrar geraria um conceito muito interessante, mas os realizadores acabam criando um universo linear e salientando um marketing ainda maior. É por isso que a fala dos envolvidos no final do longa dizendo “que não fazemos isso pelo dinheiro” é extremamente hipócrita e desconcertante.


Guiando através da emoção de todos os envolvidos, mostrando belos sentimentos dos pais do protagonista e surpreendendo pela maneira em que é conduzida a narrativa, Chu acerta pela primeira vez em sua carreira. Contando com o carisma de Bieber frente às cameras e com momentos muito elegantes, Chu nos leva para um mundo que não só fãs do astro irão gostar de presenciar, mas pessoas que não têm a minima noção de quem é Justin Bieber poderão apreciar a obra também. E isso Crepúsculo algum jamais conseguiu.


(3 estrelas em 5)

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