25 de março de 2008

REC


A coisa que mais decepciona , nós críticos , é esperararmos filmes que achamos ser bons , e virem verdadeiras bombas. Já aconteceu diversas vezes comigo por exemplo. Nos últimos meses eu tive mais sorte. Vi a estréia do impecável “Zodiaco” , me apaixonei pela animação “Ratatouille” , e fiquei surpreendido com o filme "Eu sou a Lenda".
Mais uma vez um filme esperado muito por mim , não decepcionou ; ao contrario , vai surpreender muita gente , podendo o colocar na cadeira do filme mais tenso e assustador de todos os tempos.
Rec - [Rec] é uma obra-prima , e consequentemente o melhor filme do ano.

Passado por três mãos diferentes o roteiro é assinado por Jaume Balagueró,Luiso Berdejo,Paco Plaza. A trama começa quando somos apresentados a Uma repórter de TV e seu cinegrafista , que seguem um grupo de bombeiros da cidade.E Depois que recebem um chamado de uma senhora que diz estar presa dentro de casa, eles
chegam ao prédio dela e escutam gritos apavorantes - que dão início um longo pesadelo e a uma reportagem nunca vista antes.

A primeira palavra que vem a sua cabeça quando se está assistindo [Rec] , é realismo. Uma coisa que impressiona. Usado no também excelente “A Bruxa de Blair” , o realismo com só uma camera digital acompanhando o elenco do filme. Cenas amadoras.

Chega ser um pouco estranho , devido ao sucesso de “Bruxa de Blair” , outros diretores não usarem a mesma idéia para fazer outros filmes. Aqui Jaume Balagueró e Paco Plaza investem num tema muito presente no cinema e conhecido por todos que é o filme de zumbi. Mas se Resident Evil peca em muitos fatores; Dia dos Mortos tem momentos mais comicos do que assustadores ; ou se você não acha “Exterminio” impecável ; [Rec] nos tras tudo o que desejamos num filme de zumbi. Realismo , Tensão e Medo.

Palavras fortes num filme do gênero. Assustador. [Rec] tem grandes cenas de susto. Sua grandeza como filme assustador é ressaltada na ultima cena do filme , onde você sabe exatamente o que vai acontecer , mas mesmo assim acaba se assustando. Outras menos esperadas também mexem com o espectador , fazendo-o prender a respiração e não se desgrudar da cadeira.
O recurso da camera digital é bem utilizado. Como no filme “A Bruxa de Blair” , sentimos na pele a tensão dos personagens. Mas diferente de a “Bruxa de Blair” em que somos forçados a engolir um final que não faz juz ao resto do filme , em [Rec] é ao contrário. As cenas do camera são interessantes a todo momento. E chega em seu ápice quando consegue pegar desde um suicidio até uma cena de autópsia.

As atuações condizem com a trama e nos faz simpatizar com os personagens. O filme começa bem mostrando-nos o dia-a-dia dos bombeiros e entrevistas com os próprios , e a chegada no prédio que desenrolaria a trama a se passar. Tudo isso é orquestrado brilhantemente por atores e direção. Destaques para Manuela Velasco que com a personagem Angela faz uma brilhante atuação , nos passando tensão e aflição. E Vicente Gil que pega para si em alguns momentos o desenrolar da história e nos mostra o que é ser um verdadeiro herói ; em profissão , e em cenas de liderança.

[Rec] vem para desbancar o filme considerado mais assustador de todos os tempos - “O Bebe de Rosemary”. Com uma direção impecável, ótimas e convincentes atuações e um roteiro surpreendente e inovador. [Rec] nos faz querer levantar as mãos para o céu e gritar “Enfim o que eu estava esperando”.

(5 estrelas de 5).


Direção: Jaume Balagueró, Paco Plaza
Roteiro: Jaume Balagueró,Luiso Berdejo,Paco Plaza
Elenco: Manuela Velasco (Ángela), Vicente Gil (Policial), Ferran Terraza (Manu), Pablo Rosso (Marcos), Martha Carbonell
(Sra. Izquierdo)

11 de março de 2008

Once


É absolutamente incrivel um filme de 1:35 deixar você sorrindo o dobro de tempo depois da projeção. Once funciona maravilhosamente bem. Alguns tentarão encaixar em sua mente que Once seria um letra e musica melhorado. Bobagem. Nenhuma comparação poderá ser feita com Once e outro filme musical. Once é diferente e fascinante.

Escrito e dirigido por John Carney. Um músico que toca suas canções nas ruas de Dublin conhece uma florista tcheca que toca belissimamente o piano. Durante uma semana, eles convivem um com o outro, compõem e se tornam próximos, embora ela seja casada e ele esteja apaixonado pela ex-namorada.

O filme é feito em poucas tomadas. E com poucas cameras. O espectador poderá ver ao longo da projeção que nenhuma cena tem mais de três angulos diferentes. Em cenas como quando o personagem de Glen Hansard conhece a personagem de Markéta Irglová , ou a cena em que o rapaz vai na casa da garota. Isso mesmo os nomes não são levados em conta em nenhum momento do filme mas sim os aspectos fisicos, psicológicos , e emocionais.

A primeira cena do filme já vemos o talentoso rapaz que canta apenas nas ruas de Dublin. Logos vemos uma perseguição, o titulo de apresentação e quando o rapaz conhece a garota. O incrivel do filme é que em 1:35 minutos você parece estar vendo uma espécie de Big Brother. É tudo muito realista. A unica coisa que te faz concordar que está vendo o filme é os creditos iniciais. E isso tudo é administrado brilhantemente por John Carney.

Nos traz um tom simplista , mas ao mesmo tempo impecável. Com poucas câmeras para dirigir , faz um trabalho que cineastas com muitas não conseguiriam. Administra bem a amizade dos dois protagonistas , e os rumos que os dois vêem a tomar. Carney foi esquecido pela Academia em melhor direção. Aliás , Once foi esquecido e muito pela Academia. Só concorrendo e ganhando por uma de suas brilhantes musicas. "Falling Slowly". Mas não podemos esquecer de outras musicas do filme. "When your minds made up" , "Lies" , "The Hills" , a divertida " Fallen Form the Sky" , entre outras.

O filme ainda é enriquecido por atuações tremendamente concentradas de Glen Hansard e Markéta Irglová. Que mostram que não precisa-se de beleza para nos preoucuparmos com o rumo de cada personagem ou mesmo um possivel romance entre os protagonistas. Enquanto "Step Up" se preoucupava com com a beleza dos seus personagens e não dava a atenção devida a história ; em Once é totalmente ao contrário. Once nos apresenta personagens que fogem do padrão de beleza atual , mas nos traz personagens absolutamente ricos em todos os sentidos , como falado anteriormente nesta critica.

Sendo subestimado por muitos prêmios internacionais , Once é um marco cinematográfico em seu genero e em sua estrutura. E não se espante se depois de acabar o filme ainda continuar sorrindo e ouvindo sua rica trilha por várias horas ; pois você será só mais um dos que foram cativados por este brilhante filme Irlandês.

(5 estrelas em 5)

Direção: John Carney (V)
Roteiro: John Carney (V)
Elenco: Glen Hansard (Rapaz), Markéta Irglová (Garota)

10 de março de 2008

Trair e Coçar é só Começar


Cumprindo o combinado de atualizar uma semana , estou enviando duas criticas pro site , no dia de hoje...
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Antes de começar a fazer esta critica , eu queria perguntar pro leitor :O filme brasileiro de comédia é pior do que os americanos?
Na minha opinião , não. Produzimos algumas besteiras de vez em quando. Mas geralmente superamos as comédias "forçadas" americanas. Ou você realmente achou "Deu a Louca em Hollywood" engraçado? Ou Norbit? No brasil tivemos este ano , a obra-prima "Saneamento Básico , o Filme" , ou até mesmo se você quer encaixar neste gênero "O Cheiro do Ralo". Agora outra pergunta : Trair e coçar é só começar é bom? Não. É melhor do que muitos filmes de comédias americanos lançados nesse ano? Sim.
Pronto. É por aí que você tem de reconhecer o valor do filme brasileiro "Trair e Coçar é só Começar". Ele não é um grande filme , mas é um bom filme agua com açucar.

Na história , Olímpia é uma intrometida e confusa empregada, que desconfia que seus patrões, Inês e Eduardo, estão tendo casos. A própria Inês desconfia que Eduardo a está traindo, com Salete. A mesma desconfiança tem Cristiano, marido de Lígia, que acredita que ela está lhe traindo com Ricco. Há ainda Vera, que desconfia que seu marido Cláudio tem um caso com Inês. Todos estes casais moram um condomínio de classe média alta, onde estas desconfianças causam várias confusões.
Dirigido por Moacyr Góes e baseado na peça teatral Trair e coçar é só começar, de Marcos Caruso. O filme tem um tom simples e leviano. Mas é ao mesmo tempo um tom realista que não deixa o espectador bocejar ao longo da projeção. Um bom trabalho de Góes que consegue desenvolver um tom simplista que o filme precisava. Realmente o único problema do filme são as atuações.

Adriana Esteves não consegue trazer absolutamente nenhuma simpatia a sua empregada , pelo contrário o espectador fica profundamente revoltado com a cena final. E Cassio Gabus Mendes , Ailton Graça , Otavio Müller e Bianca Byington estão razoavelmente bens. Não conseguem trazer nenhum "quê" a mais para trama , mas também não interfere nela.

O filme não consegue se dar tão bem com o espectador como conseguia fazer no teatro , mas nem de longe chega ser um filme ruim. Na cabeça do espectador , só fica faltando alguma coisa a mais , que faça nos importarmos um pouco mais com o destino que a história ruma e até mesmo seus personagens

(2 estrela em 5)