23 de novembro de 2016

É Apenas o Fim do Mundo

Juste la fin du monde, Canadá/França, 2016. Direção: Xavier Dolan. Roteiro: Xavier Dolan, baseado na peça de Jean-Luc Lagarce. Elenco: Gaspard Ulliel, Vincent Cassel, Marion Cotillard, Léa Seydoux e Nathalie Baye. Duração: 1h37min.

Dono de uma filmografia instável, mas que demonstra potencial, apesar de sua juventude, Xavier Dolan é uma persona já conhecida (e reverenciada ou não) por seu exagero. Dentro de suas situações e conflitos narrativos, a espera pela emoção à flor da pele, brigas caricatas e histeria nunca dura mais do que dez minutos. É Apenas o Fim do Mundo segue essa cartilha que já virou sua marca registrada, porém com um apego muito maior pelo óbvio e denunciando pela primeira vez a imaturidade de sua mensagem.

Cultivando uma mise-en-scène digna de uma peça teatral, o francês tenta desafiar o público nos seus diálogos e brigas escandalosas, propagando uma imagem disfuncional da família infeliz que julga o retorno do filho pródigo pra casa, após 15 anos. Observe como seus personagens estão sempre dividindo pequenos espaços entre si, como se os conflitos pudessem acontecer a qualquer momento. O grande problema de Dolan se torna exatamente o que pouco que aquelas pessoas tem a dizer.

Assim, demonstrando pela primeira vez uma grande imaturidade na concepção dos seus diálogos e mensagem, a divagação do cineasta nunca deixa de ser óbvia, além de maçante e infantil, principalmente sobre o tempo. É como ler uma redação de um adolescente de 13 anos durante uma hora e meia: por mais que você entenda o que o jovem está dizendo sobre a nossa efemeridade, o seu debate é tão improdutivo que aponta para sua falta de experiência. Dolan sofre bastante, neste aspecto, em É Apenas o Fim do Mundo.

Suas revelações acabam sendo tão estapafúrdias, que um personagem chega a parar para destacar que tem 34 anos, como se isso gerasse algum confronto. Do mesmo modo, as inserções entre presente e passado são burocráticas e costumam nos tirar da narrativa.

E se Marion Cottilard tem a pior atuação de sua carreira, com suas caras e bocas, aliada a uma vulnerabilidade que chega a ser quase misógina, Vincent Cassel carrega o resto do elenco com sua irritabilidade genuína e desprezo por sua família não ver a verdadeira natureza do filho favorito daquela casa.

Tornando-se um filme de repetições, É Apenas o Fim do Mundo é sem dúvidas o filme mais imaturo da carreira de Dolan. Em compensação, como na história de todo jovem, o aprendizado com os erros sempre pode chegar. E seu próximo desafio pode ser seu ápice. 

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