2 de setembro de 2014

Magia ao Luar

Magic in the Moonlight, EUA, 2014. Direção: Woody Allen. Roteiro: Woody Allen. Elenco: Colin Firth, Emma Stone, Simon McBurney, Marcia Gay Harden, Hamish Linklater, Jeremy Shamos, Erica Leerhsen, Catherine McCormack, Jacki Weaver e Eileen Atkins. Duração: 97 min.

Durante sua prolixidade cinematográfica, Woody Allen já passeou por diversas cidades refletindo sobre existência, juventude, temores e legado. Como se suas narrativas não passassem de um monólogo do próprio cineasta, é curioso como cada novo filme apresenta um pouco dos pensamentos de Allen sobre suas próprias dúvidas, como se aquela obra fosse necessária para ele continuar vivendo. Como se dirigir um filme fosse escrever um novo livro. E, claro, nesta perspectiva, alguns acabam soando muito mais profundos que outros. Como foi o caso de Blue Jasmine no ano passado, mas que infelizmente não é o caso de Magia ao Luar. Um filme correto, mas que ironicamente carece de magia.
Escrito e dirigido por Allen, o filme gira em torno de um ilusionista famoso (Firth) que viaja até uma cidadezinha para desmascarar uma mulher que se declara vidente (Stone) e que passa a auxiliar os negócios de uma família poderosa. Mas após ser surpreendido pela moça, Stanley passa a viver de maneira bem mais otimista.
Estabelecendo seu protagonista como um protótipo de Nietzsche, Allen utiliza a figura de Firth para apresentar sua visão sarcástica e pessimista da existência. Neste caso, é notável as divagações sobre a morte que Stanley possui pontualmente e sobre o legado que deixará. Da mesma forma, as reflexões sobre ciência, religião e literatura são afiadas o bastante para nos lembrar que estamos diante de um filme de Allen. Ou a maneira com que o diretor conversa conosco pela imagem: observe, por exemplo, a vela que separa Stone e Firth num primeiro momento ou analise o instante em que Sophie indaga por que a encaramos e a câmera se afasta lentamente.
Por outro lado, ainda que a essência esteja lá, a obra nunca deixa de ser previsível ou sem vida. No próprio primeiro ato, os diálogos não soam natural, como se as conversas parecessem aleatórias, principalmente nas conversas de Stanley e Howard. E ainda que Stone e Firth estejam suficientemente em sintonia, o exagero da relação acaba suavizando muito o clímax já adocicado.
Magia ao Luar está longe de ser um exemplar ruim na carreira de Allen, mas aponta para um trabalho feito por necessidade. Divertido pontualmente, mas insípido.

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