Idem, EUA, 2014. Direção: Carlos Saldanha. Roteiro: Jenny Bicks, Yoni Brenner, Carlos Kotkin e Carlos Saldanha, baseado numa história de Don Rhymer e Carlos Saldanha. Duração: 101 min.
Ainda
que possuísse uma visão deturpada e unilateral do território
brasileiro explorado, Rio
era dono de certa urgência social: a compra e venda de espécimes em
extinção, além de versar com desigualdades sociais. Não à toa, o
diretor Carlos Saldanha explorava o contraste entre as favelas e as
grandes riquezas das praias, prédios gigantescos e a ostentação de
alguns poucos – o que, de certa forma, repete na continuação da
animação. Claro que, nesta sequência, a paisagem muda, assim como
a mensagem. Agora é na Amazônia que embarcamos e é o desmatamento
o ponto de partida. Mesmo assim, o paralelo entre mundos diferentes
(as duas personalidades humanas observadas quanto à extinção), a
ganância e, é claro, o samba não ficam de fora da proposta. A
própria sequência inicial resgata o clima de festa do primeiro,
onde durante o ano novo todos dançam ao som de uma música pop que
simboliza a união de todos os povos – inclusive com os pássaros
entrando na dança ao redor do Cristo Redentor. O próprio logo da
Fox já é tomado por pandeiros e apitos.
Entretanto,
com um apuro técnico muito mais interessante em Rio
2,
Saldanha oferece bons momentos na maneira criativa com que conduz
seus números musicais – nunca estabelecendo alguma lógica. Seja
um jogo de futebol entre pássaros azuis contra vermelhos, que deve
ser a única razão para estes existirem na história; seja nas
fusões durante as festividades: a melhor delas é quando um grupo de
pessoas dançando de branco viram flores brancas lançadas ao mar
para “agradecer” à Iemanjá. Da mesma forma, o diretor investe
nos maiores sucessos de seu primeiro filme: retomando a trama de
Nigel, a cacatua, que rouba completamente a cena com a ótima rã
venenosa chamada Gabi – as citações shakespearianas são sempre
bem colocadas. Além disso, Saldanha tem seu melhor momento na
direção ao acompanhar uma sequência de voo pelo Rio de Janeiro com
uma castanha do Pará, que igualmente diz muito sobre o que
assistiremos a seguir. Em Rio
2,
o brasileiro torna a valorizar a mensagem social e seus números
musicais, criando uma revolta de pássaros que é bem significativa.
Não é um filme brilhante, mas uma melhora considerável ao seu
original.
* Publicada originalmente no Diário Catarinense
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