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Grand Piano,
Espanha, 2013. Direção: Eugenio Mira. Roteiro: Damien Chazelle. Elenco: Elijah Wood, John
Cusack, Kerry Bishé, Tamsin Egerton, Allen Leech, Alex Winter. Duração:
90 min.
Uma das coisas
mais interessantes de Toque de Mestre, basicamente, reside na maneira com que o
espanhol Eugenio Mira procura criar sua atmosfera: algo extremamente hitchcockiano,
mas com uma essência de thriller dos anos 90, onde um personagem se vê afetado
por uma força quase que terrorista desprendida de grandes motivos. Desta
maneira, o diretor procura garantir o incômodo no espectador a partir de um
evento específico, como se estivéssemos vendo em loop a sequência passada no
Albert Hall, em O Homem que Sabia Demais.
Aliás, a referência
do filme de Hitchcock não é exclusiva por uma aparência de cenário, mas por
diversas tentativas do diretor soar como um aprendiz do mestre do suspense. Sob
esta ótica, é claro que Mira não perde a oportunidade de criar paralelos com
aquela obra, a própria função narrativa do personagem de Cusack indica esse
ponto ou o som produzido por um personagem
interromper um crime evidencia a intenção. Ao mesmo tempo, o espanhol também é
competente na forma como passa a acompanhar cada ação de um desorientado Elijah
Wood: a impressão de estar sendo observado nos corredores dos bastidores ou a
sequência em que o casal formado por Tom e Emma conversa no telefone. Além
disso, Mira guarda seus esforços para o seu principal momento narrativo: o
concerto. Assim, a centralização da ação com a principal tomada de aproximação
no piano, fazendo com que o personagem comece a se sentir comprimido aos poucos
até a subida da câmera, enquadrando-o num instante de impotência, surge
poderoso.
Da mesma forma, o
clima de tensão e mistério orquestrado pelo diretor é muitíssimo bem
conduzindo, apenas falhando na completa estupidez do enredo. Neste aspecto, as
decisões do personagem de Elijah Wood só não são mais embaraçosas do que as
saídas dramáticas encontradas pelo roteirista Damien Chazelle. Nem pelo fato de
gerar a incompreensão do tesouro escondido no valioso piano, uma safadeza
assumida, mas por não ter sentido algum as suposições presentes na partitura de
Tom. Por outro lado, o plano-sequência do pedido de ajuda por um SMS é um dos
melhores momentos da direção, assim como o belo split screen. Sem deixar de
destacar, o segundo em que o corte numa garganta é trocado pelo acorde final de
um violoncelo – num ótimo trabalho de montagem de José Luis Romeu (Crimes Temporais).
E se o roteiro de
Chazelle abusa da ingenuidade e comete erros básicos para um thriller dessa
magnitude, Elijah Wood só colabora para transformar seu personagem em algo sem
importância para o público – guiando-se numa arrogância estranhamente
introvertida e forçada, o ator busca manter seu olhar assustado constantemente,
além de não indicar nenhuma ambiguidade, a não ser em palavras. Até mesmo o seu
medo do palco nunca é devidamente explícito ou compreendido.
Exatamente por
isto que, no fim das contas, Toque de Mestre acaba sendo a cara de um diretor
interessante. Utilizando o vermelho da cortina para trazer muito mais
significados ao final de um espetáculo, Mira consegue se sustentar numa
precária sinfonia.
Um comentário:
Mano tem como voce posta o ezocismo de emile hozer por favor obrigado des de jah !!!
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