The Call, EUA, 2013. Direção: Brad Anderson. Roteiro: Richard D’Ovidio, baseado na história idealizada por Richard D’Ovidio, Nicole D’Ovidio e Jon Bokenkamp. Elenco: Halle Berry, Abigail Breslin, Morris Chestnut, Michael Eklund, David Otunga, Justina Machado, Roma Maffia, José Zuñiga, Michael Imperioli, Denise Dowse e Evie Thompson. Duração: 94 min.
Se há uma mensagem no novo filme do diretor Brad Anderson, responsável por filmes como O Operário e Mistério da Rua 7, é que a justiça é feita com as próprias mãos. Nesta perspectiva, a operadora Jordan Turner (Berry), embora tenha a mesma empatia que outros operadores com suas vítimas, não é uma figura normal: ela não se intimida em se dirigir sozinha até uma cena de um crime e o seu trabalho afeta muito mais sua vida pessoal do que – ela mesma assume – deveria. Enquanto o roteirista enfatiza uma afirmação de um homem que diz que ela não pode fazer o que está fazendo por ser somente uma operadora, Anderson enquadra em seguida a protagonista de baixo para cima, mostrando sua superioridade na situação e estampando uma bandeira americana ao fundo, como se ela fosse a epítome do patriotismo.
Escrito por Richar D’Ovidio (13 Fantasmas!!!!), baseado em sua própria história e de Nicole D’Ovidio e Jon Bokenkamp, o filme aborda Jordan Turner, que é uma das atendentes do sistema de emergência americano, o 911. Em uma ligação de rotina, ela atende uma adolescente que afirma que um homem está invadindo a sua casa e supostamente sendo vítima de um possível sequestro. Após um erro de Turner, a jovem é sequestrada e assassinada, o que faz a operadora cair numa problemática ansiedade. Quando o sistema de denúncia recebe outra ligação de uma nova jovem informando um delito semelhante, cabe a Turner a missão de ajudar a moça e ajudar a si própria no percurso...
Estabelecendo Turner como uma espécie de heroína desde o princípio, Anderson apresenta a protagonista se desviando de sua função, assumindo riscos, provocando situações para os policiais fazerem o que se espera deles e se mostra uma mulher inteligentíssima que desvenda sozinha um crime. Berry, por outro lado, oferece mais uma atuação não condizente com o que se espera de uma personagem sua. Dona de uma voz constantemente embargada e com uma expressão assustada, a atriz tenta contornar suas deficiências através de sua química ao telefone com a personagem de Breslin – observe, inclusive, como Anderson procura focalizar somente a boca de Berry quando este se dá conta de que realmente nada de positivo sairá dali. É justamente nesse diálogo entre Casey e Turner que o filme parece ganhar, pontualmente, alguns bons ares: como não destacar as tentativas desesperadas da jovem tentar ser vista de dentro do porta-malas acenando para o lado de fora ou jogando tinta branca pela pista?
Infelizmente, isso não é comum, parecendo ser um instante tão raro quanto aquele que Brad Anderson dirigiu O Operário. Chamada de Emergência nos retorna aos mesmos ingredientes de narrativas do gênero: a mulher que é arrastada de debaixo da cama, o armário que contém a lembrança de um erro passado, pesadelos com um trauma da vida da protagonista, a bateria que parece nunca ter carga, olhares julgadores, respirações pesadas que entregam localizações, a vítima que se esconde no lugar mais esperado e, obviamente, a completa estupidez dos policiais. A direção, por sua vez, é tão absurda que Anderson não se envergonha de focalizar instintivamente a arma do crime sempre que alguém é atingido ou não possui coragem o suficiente em suas mortes: note como ele reluta em demonstrar um homem em chamas.
Chamada de Emergência parece uma nova tentativa frustrada de um filme de terror, como exibe algumas tentativas de sustos aqui e ali durante a narrativa. E é irônico o fato de que esse é justamente o pior problema de Brad Anderson: o terror em suas obras; a não ser, claro, que seu pensamento seja completamente diferente e ele fique querendo atingir os seus espectadores ao invés de seus protagonistas. Neste caso, este seria o segundo ato de sua trilogia do horror, que havia começado com Mistério da Rua 7. Cruzem os dedos e pensem em qual será o ato final.
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