Red Dawn, EUA, 2012. Direção: Dan Bradley. Roteiro: Carl Ellsworth e Jeremy Passmore, baseados na história de Kevin Reynolds e no roteiro do próprio e John Milius. Elenco: Chris Hemsworth, Josh Peck, Josh Hutcherson, Adrianne Palicki, Isabel Lucas, Connor Cruise, Edwin Hodge, Brett Cullen, Will Yun Lee, Jeffrey Dean Morgan. Duração: 93 min.
A trama de Amanhecer Violento é tão absurda e estúpida em sua natureza que fica impossível segurar um riso involuntário nas situações que Matt, Jed, Robert e Toni estão inseridos. Ao mesmo tempo, confesso que fiquei surpreso ao notar que nem Stallone ou Van Damme foram chamados para participar do filme, pois eu me sentia em décadas maniqueístas passadas, onde os russos eram retratados como demônios prontos para dar fim a paz americana. Aqui, todavia, o adversário é mais atual, e odiado quase que ilimitadamente: a Coréia do Norte.
Nesta panfletagem política irresponsável pró-guerra – um personagem chega a sentenciar: “quero que vocês vão para guerra e acabem com essa droga, ou morram tentando” –, o filme escrito por Carl Ellsworth e Jeremy Passmore, baseados na história de 1984 de Kevin Reynolds e John Milius, torna-se algo lamentável. Concentrando sua narrativa em um grupo de jovens, que se intitulam de Wolverines, supostamente os únicos que se importam com seu país, além de virarem letais em questão de horas, o filme aborda uma cidadezinha americana que é invadida pelos norte-coreanos.
Levando a sério sua história desde o primeiro minuto, o que já seria no mínimo tolo, Dan Bradley não se acanha na pretensão de fazer uma crítica social-econômica e de moralidade no decorrer de seu longa-metragem – até mesmo a televisão é julgada abertamente. Usufruindo-se de tudo o que tem direito no gênero (narrações em off, dramas familiares desnecessários, relacionamentos intensificados com o tempo), o diretor já falha miseravelmente a achar que somente as passagens pelos jornais indicariam o porquê da rapidez dos eventos que se sucedem. Aliás, como levar a sério uma invasão que se dá em apenas uma manhã?
Além do mais, a obra se torna patética quando observamos carros militares, tanques de guerra e armamentos ilimitados na invasão coreana; o que só não é pior que uma perseguição automobilística entre o exército e um grupo de jovens que só se salva porque – pasmem! – eram os únicos a estar em um veículo. Da mesma forma, cada personagem surge sacrificável, algo que se torna bem visível durante um assassinato em que os “vilões” se dirigem até a cabana que os jovens estavam, dão o seu recado e simplesmente vão embora. Sem contar nas reações de cada um, pois qualquer frase é respondida com um olhar de aprovação/desaprovação ou um aceno de entendimento.
Caso não se levasse tão a sério ou não se oferecesse voluntariamente como um instrumento político, Amanhecer Violento poderia se tornar um passatempo agradável. Contudo, com um elenco anticarismático e constantemente sabotado pelo roteiro, situações surreais e dramas deslocados, acaba como uma fatalidade. Neste aspecto, não é a paz de um ou outro país que é ferida, mas a do próprio espectador.
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