Polisse, França, 2011. Direção: Maïwenn. Roteiro: Maïwenn e Emmanuelle Bercot. Elenco: Karin Viard, Joey Starr, Marina Foïs, Maïwenn, Nicolas Duvauchelle, Karole Rocher, Emmanuelle Bercot, Frédéric Pierrot, Arnaud Henriet, Naidra Ayadi, Jérémie Elkaïm, Riccardo Scamarcio e Sandrine Kiberlain. Duração: 127 minutos.
Há um fator do francês Polissia que é extremamente relevante para toda sua condução: o tema explorado é constantemente tratado com o melodrama num excesso exaustivo. Diante dessa perspectiva, a novata Maïwenn procura avançar não apenas em aspectos mais intensos e dramáticos, como também busca harmonizar ares mais vivos e naturais – proporcionando para o espectador uma experiência que é rica na área central do longa-metragem (a atuação daqueles policiais) e estimulante pelas adjacências que envolvem os protagonistas.
E isso de certa forma é muito curioso, pois no começo da narrativa somos introduzidos em tantas histórias e com tão diferentes subtramas que é surpreendente que saiamos do filme conhecendo o nome de mais do que três personagens abordados. Entretanto, mesmo com tudo conspirando contra si, a diretora consegue conduzir com segurança cada uma das histórias até o final e revela uma face que foge do convencionalismo.
Escrito por Emmanuelle Bercot e Maïwenn, que também atua, a trama gira em torno dos membros da Brigada para a Proteção de Menores que possuem uma dolorosa missão todos os dias: investigar inúmeros casos de abuso infantil, pedofilia e sequestro de crianças. Cada um desses policiais, à sua maneira, também possuem seus próprios problemas e situações em suas vidas pessoais – algo que acaba evoluindo com o passar da história e encontrando respaldo nas situações sofridas por cada um.
Buscando oferecer um equilíbrio desde o inicio para suas situações mais dramáticas e outras mais leves, Maïwenn versa um contraste recorrente que envolve os policiais em suas investigações e os sorrisos de crianças ou momentos mais despojados (como a cena da pista de dança). Dessa forma, a diretora acerta em passar os diferentes tipos de personalidades de seus personagens (e observe que Iris é sempre a que menos se diverte nesses períodos de descontração) e evidenciar seus respectivos sentimentos com o que trabalham.
Do mesmo modo, aposta nas particularidades de cada cena: partindo da premissa que o olhar, o gesto, vale mais do que a literalidade de uma ação, por exemplo. Assim, o filme ganha ainda mais peso pelas atuações de seu elenco. E se Marina Foïs consegue conter todas as suas emoções tanto em casa quanto no serviço, sem grande afetação, e a personagem de Karin Viard demonstra ser a mais intensa; é Joey Starr o grande destaque do longa-metragem, encarnando Fred com compaixão e frieza em momentos alternados.
Desnudando aos poucos cada particularidade de seus personagens e gerando uma estável simpatia nutrida pelo espectador para com aquelas pessoas, o filme é mais uma agradável surpresa do cinema francês nesse ano. E é culminando num clímax “imprevisto” e acabando um minuto após o esperado, que Polissia mostra que muito mais do que um filme comum do gênero, tornou-se quase um real documentário de emoções genuínas de diferentes tipos de seres humanos.
Um comentário:
Esse está na minha lista dos melhores filmes do ano. Gosto muito da forma documental, livre e imprevisível que a Maiwen conduz a narrativa. Dos casos policiais reais que ela retrata ao desenvolvimento emocional daqueles homens e mulheres que lutam dia a dia no emprego que, a meu ver, é um dos mais perversos do mundo: investigar crimes e abusos contra menores. Para mim, faz uma ótima sessão dupla com outro filme de forma similar: Entre os Muros da Escola (também excelente).
Postar um comentário