27 de outubro de 2010

Atividade Paranormal 2

Atividade Paranormal 2 é provavelmente o único filme de terror - desse ano - que levantará discussões no final da sessão sobre o que nós esperamos de um filme do gênero. Discussões que já foram levantadas por filmes como: O Bebê de Rosemary, Exorcista, A Hora do Pesadelo e o mais recente REC, serão mais uma vez trazidas à tona. Afinal, o que esperamos de um filme do gênero? Um período de breve sustos ou algo que se espalhe no nosso psicológico provocando mal estar durante e depois da sessão? Seja o que for, Atividade Paranormal 2 nos mostra momentos de brilhantismos nessas duas vertentes, o que o transforma em um dos grandes filmes de terror lançados em muito tempo.

Escrito por Michael R. Perry, baseado nos personagens criados por Oren Peli, o filme mostra a história de Kristi (Sprague Grayden), irmã de Katie (Katie Featherston), que recentemente teve um filho com Daniel (Brian Boland), pai de uma adolescente. Um dia, ao chegarem em casa, a encontram completamente revirada. Tentando evitar que a situação se repita, Daniel compra um sistema de segurança que instala câmeras em diversos cômodos e no lado de fora da casa. Ao mesmo tempo o casal e a adolescente têm por costume filmar tudo o que acontece ao seu redor. Até que um dia situações estranhas começam a acontecer, o que faz com que o trio acredite que a casa é mal assombrada...

O primeiro acerto do projeto é achar uma explicação razoável para a utilização da câmera subjetiva. É um verdadeiro achado a situação que Perry encontra para colocar câmeras em todos os cômodos da casa e ainda utilizar as câmeras subjetivas, de forma perfeitamente natural: a invasão que dá a origem as câmeras e o registro de todas as atividades do recém nascido.

O clima de constante tensão que começa a ameaçar a família é bem estabelecido pelo diretor Tod Williams (do excepcional Provocação). O diretor investe no começo do longa na família e sua dinâmica com o espectador, passando por seus problemas e suas paixões. Ao passo que Katie aparece como uma incomoda surpresa já na primeira cena – pois já sabemos o seu trágico destino.

O único e vital problema que o longa adquire é a montagem mal executada por Gregory Plotkin. A trama passa a fazer cortes imprecisos a todo o momento e só se importa em mostrar as gravações durante a noite, conflitando com sua proposta inicial de criar um vinculo forte com seus protagonistas.

Por outro lado, a montagem de Plotkin acerta brilhantemente em demonstrar o inicio dos destinos trágicos de Micah e Kate e a relação que a trama do primeiro filme com têm os personagens que são apresentados nesse segundo longa.

Atividade Paranormal 2 também consegue criar os famosos sustos que muitos procuram em filmes desse gênero. Apesar de não trazer situações mais assustadoras que o primeiro filme, o diretor Tod Williams investe brilhantemente na edição de som, procurando assustar mais por sons altos e fortes do que propriamente situações mais naturais – como as dos passos na escada, etc.

Transformando o personagem Daniel como uma pessoa profundamente cética, verossímil e inteligente – o que provoca mais admiração por parte do publico - Brian Boland faz uma excelente construção de personagem. Cria a principio alguém que fica procurando uma solução cientifica para qualquer coisa estranha que aconteça dentro de sua própria casa e chega a seu ápice emocional ao ser confrontado com a realidade sobrenatural em que está vivendo. A dor e sofrimento que Boland passa nessa cena é algo assombroso (com o perdão do trocadilho).

A atriz Sprague Grayden também faz uma boa composição de sua personagem. Seu pânico de estar sendo mais uma vez assombrada em conjunto com o sofrimento nítido da personagem do que acontecer com o seu filho, é notável. A cena em que a atriz é puxada pelas escadas é algo profundamente melancólico e Grayden consegue nos fazer enxergar seu sofrimento e sua dor.

Ao passo que Katie Featherston se mostra mais uma vez uma competente atriz ao ilustrar sua mudança conforme seu destino vai sendo formado.

Por fim, Atividade Paranormal 2 se torna algo grandioso justamente por trazer um equilíbrio constante entre sustos, sofrimento e ceticismo – algo brilhante para esse tipo de projeto –; e só se sabota no seu final convencional, o que não diminui todo o potencial do restante do filme.

O filme, com certeza, virará um clássico em alguns anos, mas infelizmente não será apreciado como deveria ser nos dias de hoje. Só espero que os roteiristas não errem e façam mais uma continuação, pois irá estragar uma história tão comovente como a da família de Katie.

(4 estrelas em 5)

3 comentários:

Nilson Jr. disse...

Acho que o grande desafio desse filme era repetir a fórmula do anterior, sem parecer mais do mesmo.
Uma casa cheia, adolescente, bebê, cachorro... elementos que trazem um frescor diferente do casal do primeiro.

Mateus Denardin disse...

Embora tenha sido produzido com evidentes intenções comerciais, fiquei feliz por o filme conseguir fazer tão bem essa relação com a história do primeiro. No entanto, embora seja eficiente -- assim como o anterior -- em apostar no poder da imaginação e da expectativa do público, realmente há de se perceber que esse valor mercantilista do filme atrapalhou algumas cenas, em que a sutileza foi esquecida. Realmente, não deve haver uma continuação, mas -- espero estar errado --, parece que li algo sobre. Dei 5/10 ou 3/5

Flávia Hardt Schreiner disse...

Gostei do filme, e acredito que não fiquei surpresa com a intenção comercial do filme. Por esse motivo, também não fiquei desejando que o 2º filme seguisse a linha do 1º, com menos sustos e mais suspense. Confesso que gosto de sustos e de cenas "trash" em filmes de suspense. E isso o filme fez muito bem. Dei 7/10 ao filme.