20 de abril de 2011
Hop - Rebeldes sem Páscoa (2011)
'Hop, Rebelde sem Páscoa' talvez seja um dos novos exemplos de como usar alguns clichês com sabedoria pelos envolvidos de sua produção, ao contrário de 'Zé Colméia', o filme usa de forma divertida os clichês e seu surrealismo. O timing das piadas do longa são boas, aceitável técnicamente e seu personagem principal é cativante. É talvez um dos sinônimos daquela famosa frase usada por muitos de “um filme para toda a família”. Infelizmente, as sequências boas não apagam os erros. Não que o filme surja desastroso, mas a falta de inspiração do roteiro em alguns momentos é inaceitável e bastante deselegante.
Escrito por Ken Daurio e Cinco Paul (do péssimo Meu Malvado Favorito), Júnior (Russell Brand) é um coelho que adora tocar bateria e quer conhecer o mundo, mas seu pai (Hugh Laurie) deseja que ele dê continuidade à tradição de tornar-se o Coelho da Páscoa, seguida a quatro mil anos. Júnior passa a embarcar em uma aventura para fugir de sua responsabilidade, mas um dia, em Hollywood, é atropelado por Fred (James Marsden) e sua vida muda. No meio de gente famosa, seu sonho de ser um astro de rock'n roll vem à tona novamente e agora ele vai ter que se virar para driblar da família e não voltar para suas outras responsabilidades.
Conseguindo utilizar os clichês de forma interessante em algumas cenas do longa-metragem, o diretor é certeiro e cria sacadas ótimas – em que Júnior vai para a mansão playboy com o objetivo de entrar na “casa das coelhinhas”, ou noutra cena hilária em que Júnior reclama de suas acomodações em uma garagem. Além disso, o diretor acerta perfeitamente nas cenas envolvendo David Hasselhoff com frases como “Um coelho que fala? Eu já tive um carro que fala” (numa convencional, mas boa citação ao Super Máquina).
Aliás, o clima de diversão é geralmente proporcionado pelo cativante personagem principal, Júnior, algo perfeito para esse tipo de longa que tem como objetivo agradar as crianças e não deixá-las perderem o interesse – bem estabelecido pelo diretor Tim Hill (também responsável por Alvin e os Esquilos). O grande problema que o diretor passa a enfrentar a partir do final do segundo ato são os inconclusivos arcos narrativos. A aceitação do filho rebelde ao final do longa-metragem é um dos pontos mais risíveis (no péssimo sentido) para a trama. O que traz a impressão de que o diretor tinha um tempo pré-estabelecido e que teve que interromper de maneira brusca suas outras aspirações dentro da trama. Júnior não possui em nenhum momento o pensamento de ser o coelho da Páscoa, o que também torna seu final terrível dentro do que acontece.
Por outro lado, a direção de arte de Charles Daboub Jr. surge convencional, porém competente em mostrar traços da rebeldia de Júnior em um quarto completamente bagunçado e orientado por uma bateria ou na bela fábrica do Coelho da Páscoa – parecidíssima com a fábrica de Willy Wonka e suas cachoeiras de chocolate.
O filme também conta com uma escolha musical excelente em que traz desde jazz até ‘Every rose has its thorn’ da banda Poison, mas com uma trilha sonora que em momentos parece ser tirada de comerciais como “Natal Coca-cola”. O que de certa forma acaba revelando-se uma bela representação do longa – algo que num mesmo fator (música e trilha) pode gerar algo tremendamente irregular. Ainda que tenha seus grandes problemas e seja limitado, “Hop” se torna uma boa opção do gênero em meio a inegáveis filmes piores que também irão estrear nessa semana. Se a opção é uma garota de capa vermelha ou um coelho de chocolate? Sempre irei para o lado do doce, principalmente na Páscoa!
(3 estrelas em 5)
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