The Woman in Black 2: Angel
of Death,
Inglaterra/Canadá, 2014. Direção: Tom Harper. Roteiro: Jon Croker. Elenco: Phoebe
Fox, Jeremy Irvine, Helen McCrory, Oaklee Pendergast. Duração: 98 min.
Na nova reestruturação
da Hammer, é bastante visível o apego pelo tom mais "sugestional" do
horror ao invés do clássico gore obscuro que a consagrou. A Mulher de Preto 2 é
o exemplo mais claro para se usar a favor da sentença: enquanto as paisagens ao
redor do grande casarão usado como esconderijo parecem sem imaginação, o tom
natural que o longa-metragem ganha desde o princípio é muito mais um drama
inquieto do que uma obra de gênero taxativa. O drama do menino Eddie e a professora
Eve, de sorriso dissimulado, passa por muito mais do que sustos gratuitos a fim
de surpreender o espectador; trata-se da natureza sintomática das ações que os
próprios personagens tomam ao decorrer do filme.
Basta analisar, por
exemplo, a finalidade de susto que há num clássico instante: o pneu fura na
estrada e os personagens se deparam com algum lunático que divaga sobre o fim.
A premeditação do susto é óbvia, mas, o encaixe, não: ali, quem teme pela vida e
se assusta é a própria personagem. Servimos exatamente como espectadores. Esse
talvez seja o aspecto mais intrigante de A Mulher de Preto 2: nos inserir como
coadjuvantes. Mas, infelizmente, a noção curiosa de desenvolvimento se perde
durante a história.
Não obtendo comando
pelas situações vividas ao meio de uma grande guerra, por exemplo, a única dose
mais intensa que o diretor procura estabelecer são os personagens em túneis se
escondendo da guerra ou uma base militar fictícia, que é extremamente duvidosa.
O design de produção, aliás, é tão pobre que é impossível decodificar cada
zona: se o máximo que é conseguido é jogar os personagens numa mansão afastada,
sem controle, é engraçado que o destaque fique com a fachada sem inspiração -
uma árvore negra torta é uma indicação óbvia. Ainda mais quando o resto da
paisagem, ao redor do casarão, inclusive não sofre do mesmo problema. Os
corredores da casa, da mesma forma, não fazem sentido. E, muito menos, a
locomoção constante do militar da base para a mansão é verossímil, já que o
deslocamento parece praticamente nulo e a base fictícia é um número pequeno de
sucatas de aviões.
Toda a estrutura acaba
parecendo frágil, assim sendo. As atuações também sofrem na mesma medida, com a
falta de empatia pela situação e pelos personagens. Por mais que o diretor
consiga extrair sustos interessantes, como a passagem da personagem olhando
debaixo da cama ou o uso eficiente de gritos (a terceira passagem de uma
enfermeira pela protagonista é admirável), o sofrimento é pouco visualizado.
Seus personagens parecem condicionados somente a passar por aquilo e continuar.
Mas não de uma maneira que uma guerra poderia acarretar. Por pura displicência,
simplesmente. Como indica a falta de apego do roteiro com cada morte.
De qualquer forma, A
Mulher de Preto 2 tem a marca registrada da repaginação da nova Hammer, que
ainda tenta encontrar seu espaço no mercado atual, mudando seu pensamento
corporativista. Mas, quem sabe, o necessário não seja voltar à velha essência?!
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