Sicario, EUA, 2015. Direção: Denis Villeneuve. Roteiro: Taylor Sheridan. Elenco: Emily Blunt, Benício Del Toro, Josh Brolin, Daniel Kaluuya, Jon Bernthal, Victor Garber. Duração: 121 min.
É um cinema de
extremos, o de Denis Villeneuve: o controle da mente, em Homem Duplicado; os
horrores da guerra, em Incêndios; os atos violentos cultivados pelo desespero,
em Suspeitos. Em Sicário, outra vez, o diretor canadense oferece seu niilismo
perverso como fruto de compreensão - quais ações levaram os personagens a
chegarem até aquele ponto: basicamente o que movimenta sua filmografia.
Assim, Villeneuve procura
desculpas para seu sadismo ao demonstrar uma verdadeira zona de guerra nos EUA,
fazendo com que a forte líder de operações do FBI, Macy (Emily Blunt), padeça
diante dos horrores e da hostilidade que observa no seu cotidiano. É a rua
contra a burocracia, em Sicário. Entretanto, numa visão unilateral.
Se de um lado o talento de Villeneuve é destacado ao quebrar expectativas ou construir uma tensão sintomática, como a vulnerabilidade do policial mexicano (de costas, na cama) demonstra em sua primeira cena, ou nos corpos mutilados expostos, o cinismo com que encara os personagens de Blunt e Daniel Kaluuya afasta. Principalmente, após a brutalidade e a submissão deles, quando o canadense arrisca criar uma humanidade que não existe mais, vide a cena em que os olhos aterrorizados dos dois são os destaques no túnel.
Se de um lado o talento de Villeneuve é destacado ao quebrar expectativas ou construir uma tensão sintomática, como a vulnerabilidade do policial mexicano (de costas, na cama) demonstra em sua primeira cena, ou nos corpos mutilados expostos, o cinismo com que encara os personagens de Blunt e Daniel Kaluuya afasta. Principalmente, após a brutalidade e a submissão deles, quando o canadense arrisca criar uma humanidade que não existe mais, vide a cena em que os olhos aterrorizados dos dois são os destaques no túnel.
No fim, o registro de
um jogo de futebol sendo pontuado por sons de tiros se torna tão incômodo
quanto nossa convivência com os personagens de Del Toro e Brolin. Mas não por
intenção do diretor.
*Crítica originalmente produzida para o Diário Catarinense
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