Furious 7, Japão/EUA, 2015. Direção: James Wan. Roteiro: Chris
Morgan, com os personagens criados por Scott Thompson. Elenco: Vin Diesel, Paul
Walker, Jason Statham, Michelle Rodriguez, Jordana Brewster, Tyrese Gibson,
Ludacris, Dwayne Johnson, Lucas Black, Nathalie Emmanuel, Kurt Russell.
Duração: 137 min.
Para embarcar na
despretensiosa narrativa de Velozes e Furiosos você tem que antecipar que
observará um mundo em que Vin Diesel é visto como um sábio detentor dos
"costumes familiares", o serviço de inteligência dos EUA é
extremamente incompetente e precisa de ajuda clandestina (e insana) para
recuperar dispositivos que nunca deveriam sair de suas mãos, qualquer um pode
invadir espaço aéreo americano e que, claro, carros saltam de paraquedas de
aviões. E é incrível que, dentro dessa loucura narrativa, Velozes e Furiosos 7
consegue ser no mínimo eficiente ao disfarçar sua estupidez e conseguir
encaminhar um desfecho empolgante para o "legado" de Paul Walker.
Iniciando com uma
sequência inusitada, onde o vilão de Jason Statham projeta sua saída de um
hospital, após um verdadeiro massacre, James Wan já brinca com suas
possibilidades, ao acelerar a trama quando deseja e demonstrar dezenas de
soldados no chão apenas por terem se metido no caminho de Shaw - e a cena em
que ele pede para um dos policiais segurar uma granada é ótima. Desta forma, o
cineasta já antecipa quem é que Toretto e sua família enfrentará no sétimo
exemplar da franquia: um onipotente e onipresente vilão (até porque é incrível
a maneira como ele consegue se deslocar entre Tóquio, Dubai e LA em questão de
horas).
E para que isso seja
possível, claro, ninguém poupa esforços para deixar escancarado a fragilidade
do roteiro: basta observar Shaw aparecendo instantaneamente durante uma
"batida" que era tida como impossível (é para supor que ele teve o
mesmo pensamento dos protagonistas e utilizou um paraquedas?) ou Roman, que
simplesmente aparece para salvar o dia, após seu destino ser uma incógnita.
Assim, a experiência é divertida na mesma medida que soa grosseira: e closes
sustentando que estamos num mundo de hip/hop, carros e mulheres bonitas (sempre
"destacadas" pelos atributos físicos) se tornam intoleráveis. Além
do mais, compreendendo a falta de noção para dirigir cenas de ação, Wan tenta
se aprofundar mais no comportamento familiar, o que sempre foi tênue na
franquia, mas que aqui funciona pontualmente. Principalmente no relacionamento
entre Toretto e Brian, que rende o momento mais bonito de toda a franquia: na
homenagem à Paul Walker.
Do mesmo modo, o
diretor está familiarizado com fornecer tensão para cenários clichês, portanto,
a sequência em que Brian tenta escapar de um ônibus à beira de um precipício é
excelente, bem como as explosões que envolvem a figura de Shawn (a entrega de um
pacote ou a armadilha no depósito são muito boas). Frenético, talvez seja a
palavra mais adequada, as cenas mais insanas - como as do avião e do carro
atravessando prédios - quase escondem os erros mais absurdos cometidos. Com sua
falta de experiência, por exemplo, o malaio escolhe usufruir de inúmeros cortes
para tentar tornar a ação indecifrável e não percebermos a falta de coreografia
- algo que é a maior parte das vezes terrível.
Todavia, é difícil não
simpatizar com a despretensão de uma franquia que abdicou de qualquer esforço
dramático a partir do quinto longa-metragem. Dwayne Johnson afirmando que ele é
a cavalaria, após uma personagem perguntar por reforço, é apenas uma prova de
que Velozes e Furiosos se tornou aquilo que Os Mercenários sempre quis. E,
neste caso, isso pode ser o bastante.
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