Nuits blanches sur la jetée, França, 2014. Direção: Paul Vecchiali. Roteiro: Paul Vecchiali,
adaptado da obra de Dostoievski. Elenco: Astrid Adverbe, Pascal Cervo. Duração:
94 min.
Já na primeira
afirmação que o personagem do (fraquíssimo) Pascal Cervo faz em Noites Brancas no Píer é fácil o
espectador captar que se trata de algo escrito por Dostoievski; a
autorregeneração, a autocrítica existencial, o que há de melhor na obra do
russo está nesse tipo de conflito. É terrível, portanto, que, no filme francês,
este tipo de sátira humanista e reflexiva, aqui representada na aproximação de
duas pessoas frustradas, morra por uma direção sentimentalmente esquizofrênica.
Baseado no livro de
Fiodor Dostoiévski, o roteiro gira em torno de Fiodor e a personagem de
Adverbe, os quais se encontram uma noite, após ela ser abordada na rua e ser
salva por aquele. A partir daí, os dois viram amigos e começam a contar suas
respectivas histórias, criando sentimentos confusos um pelo outro.
Expondo
uma mise-en-scène quase que completamente inspirada em uma peça
teatral, onde os personagens vem e vão para conferir uma dose dramática
excessiva para seus monólogos sobre vida, morte e relacionamentos, Vecchiali
prefere os diálogos da obra ao invés de apreciar a estética envolvida. Assim,
quando muito, o diretor insiste em números de dança que mais servem como
intermissão do que qualquer outra coisa.
Limitado, ainda, pelos
atores escolhidos, já que Pascal não consegue ser verossímil e Astrid é
sabotada pelo companheiro, a essência dos sentimentos dos dois nunca fica claro
na direção conferida por Vecchiali. E o próprio clímax, onde uma chamada
atrapalha a felicidade de ambos, carece de sensibilidade; ou da frieza
necessária, se esta fosse a intenção.
Deste modo, a
aproximação de duas pessoas que necessitam um do outro acaba se transformando
numa introspecção megalomaníaca sem imaginação.
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