Idem,
Brasil, 2014. Direção: Carolina Jabor. Roteiro: Jorge e Pedro Furtado,
baseado numa história do primeiro. Elenco: Deborah Secco, Edmilson Barros,
Fabrício Belsoff, Felipe Camargo, Cássia Kiss. Duração: 90 min.
Priorizando
planos centrais e poucos cortes, Boa
Sorte é uma obra que tenta extrair o máximo de seus ambientes, sem que para
isso use tanto invencionismo gráfico. A princípio, o filme da
interessante Carolina Jabor busca dizer muito com pouco, ainda que o
roteiro frustre essas intenções.
Girando em torno de uma clínica de
psiquiatria, lugar em que João conhece Judite, o longa-metragem
investe em temas como HIV, crises existencialistas e tempo, mas buscando
encontrar um equilíbrio numa ingenuidade que já nasce morta. Assim,
as divagações dos personagens sobre saliva, invisível e a fanta misturada com
remédio só não soam piores porque Secco e Zappa acreditam no papel que
desempenham, fazendo com que consigamos observar nascer uma química entre eles.
Igualmente, o roteiro expositivo abusa das soluções fáceis no relacionamento
entre João e Judite, inclusive, colocando o tão esperado flagra e usando uma
superficialidade confortável para gerar o ponto de virada necessário. Mesmo
destino que encontra o raciocínio entre corpo e mente, que é discutido
continuamente no longa, aliás.
Por outro lado, Jabor é perfeccionista em seus movimentos
de câmeras: chegando a usar a imagem para diagnosticar o que está acontecendo
entre os protagonistas na piscina – note, neste caso, o plano/contra plano que
nos indica a desconfiança de João e a tentativa dele fugir do tópico que o faz
assim; e, após isto, como a diretora enquadra os dois nas mesmas condições,
como se João compreendesse o que precisava ser compreendido: ele a amava, e
isto basta. Jabor, ao mesmo tempo, consegue introduzir a “sorte” de seu título
na trama: a intercalação entre bem-vindo e os créditos iniciais ou o pensamento
final refletem bem. Além do meu momento favorito, o plano sequência da dança.
Todas elas, cenas que ofuscam as outras falhas, como o uso da câmera em
primeira pessoa no protagonista, de vez em quando, ou a conversa por
pensamento.
Boa Sorte é um filme simpático, mas levemente
frustrante por ter podido oferecer mais. Ainda
que seja um drama em sua essência, é a tentativa de uma grande história de amor
vivida por duas mentes perdidas.
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