O filme de Lana muda de uma discussão sobre a filosofia idealista para a materialista; mantendo a essência, mas aprofundando seu debate. É uma obra que fala mais sobre a sociedade atual do que muitos filmes que pretendem fazer isto. Lana entende que os casulos mudaram e a convivência, idem. A busca pelo equilíbrio passa a ser o contato humano.
Onde assistir: Cinemas
O mundo é um lugar cruel e perigoso, onde algumas identidades importam mais do que outras. É isso que permeia a vida de Amin, que apenas procura um lugar pra viver seguro. Esse híbrido entre documentário e animação, Flee, narra a história de um afegão que vive na Dinamarca, mas ainda carrega o medo cultural de seu país, que persegue homossexuais.
Onde assistir: Mubi
O paradoxo entre o acolhimento e os tons fúnebres, tristes e sem vida da fotografia conferem a ambiguidade procurada por Mike Mills com excelência. Phoenix interpreta um homem de natureza triste, mas que ainda busca uma vida plena em sociedade. Ele faz um rádio jornalista que tenta enxergar a esperança nos olhos de crianças. Seu comportamento é munido de traços de melancolia e de aberta curiosidade. Além do protagonismo, destaque para a trilha sonora e para Gaby Hoffmann.
Onde assistir: chega em fevereiro no Brasil, nos cinemas, com o nome de Sempre em Frente.
Onde assistir: 13 de janeiro nos cinemas.
A estreia de Moura na direção é uma obra autoral de profunda qualidade, que celebra a liberdade com força e coragem. Algumas das sequências mais fortes do ano estão neste filme, como aquela em que Seu Jorge segura seu filho enquanto um tanque passa pela rua e, claro, o espetacular plano-sequência que inicia o filme.
Novo longa-metragem sobre o assassino serial Ted Bundy. Em um dos grandes momentos do filme, Bundy (interpretado por Luke Kirby) parece falar exatamente o que a personalidade evangélica na frente dele quer ouvir. Noutro, ele olha para fora da prisão e debocha da sociedade ensandecida, que a considera louco. Sem dúvidas, uma narrativa complexa e difícil, na qual pode tanto ressaltar a dissimulação tão bem feita de Ted Bundy quanto pode causar um medo sutil como uma obra de Camus. Luke Kirby é extraordinário.
13. The Last Duel, de Ridley Scott
Saiu no Brasil como O Último Duelo. Conta a história da família De Carrouges e o estupro praticado por Le Gris, em três versões, diante de um tribunal. Jodie Comer, que interpreta a vítima, é uma força da natureza e o terceiro ato de Ridley Scott é um assombro. Filmaço que traduz com ferocidade algumas das coisas que o seu diretor tem de melhor, como sequencias violentas e pessoas vis.
12. PVT Chat, de Ben Hozie
É sobre um viciado em sexo online encontra uma das suas musas pessoalmente. O filme de Ben Hozie navega por águas turbulentas, onde a linha tênue do stalk e da paixão se cruzam
todos os momentos. O curioso são que todos os personagens de PVT Chat
são pessoas quebradas vivendo numa sociedade em ruínas, onde tudo se
prova na sugestão e no pensamento. É um testemunho forte de uma sociedade virtualizada.
11. Mass, de Fran Kranz
10. Candyman, de Nia DaCosta
De uma maneira geral, as sirenes policiais sempre representaram uma segurança no gênero do terror. Que estávamos finalmente seguros e no final daquela experiência violenta. Éramos sobreviventes. Para a geração de Nia, Jordan Peele e outros, as sirenes não representam o bem. Elas são parte do temor, elas são partes da violência. O único fim que ela projeta é o da vida. Em Candyman, Nós ou Corra, as sirenes são capazes de assustar. São os enxames que vem pra matar.
Candyman, de Nia DaCosta, evoca a lenda que nasceu do gueto como um grito desesperado. É um terror fortíssimo.
9. Don't Look Up, de Adam McKay
8. Babardeala cu bucluc sau porno balamuc, de Rady Jude
Ou Bad Luck Banging or Loony Porn (não há tradução brasileira). Fala sobre uma professora de uma escola sofisticada e as repercussões de um vídeo erótico vazado, que é protagonizado por ela e seu marido. O filme é uma visão satírica maravilhosa sobre a sociedade moderna, sobre sua hipocrisia, falso moralismo e medos absolutos. Um filme imprevisível e engraçadíssimo, apesar de ser capaz de nos deixar sem forças.
7. A Hero, de Asghar Farhadi
Um cinema calcado nas relações humanas e o fato de que, cedo ou
tarde, decisões serão tomadas, com consequências para todos os
envolvidos. É assim que Asghar Fahardi continua escrevendo histórias em
que todos os seus personagens possuem algo a perder – aqui, a sua honra.
Uma obra que exala ambiguidade e confronto. Descreve um homem que deixa a prisão por um dia, devolve uma mala de dinheiro que supostamente encontrou na rua e a mídia que isso lhe traz.
6. È stata la mano di Dio (The Hand of God), de Paolo Sorrentino
Sorrentino, um dos grandes diretores da atualidade, costura a comédia e o drama na vida de um garoto que acaba por descobrir que a vida transita entre os momentos felizes e as perdas que temos que enfrentar. Numa delicada cena, em que as luzes se apagam, Fabietto precisa dizer adeus ao seu passado, a sua juventude e passar a agir como adulto. A direção de Sorrentino nos imerge em múltiplos sentimentos e camadas, como se conhecêssemos cada uma daquelas pessoas, daquelas experiências e daqueles aprendizados.Onde assistir: Netflix.
5. Roadrunner: A Film About Anthony Bourdain, de Morgan Neville
O documentário emana quem Anthony Bourdain foi antes, durante e depois do sucesso como um chef de cozinha viajando pelo mundo. Com isso, a percepção da essência de Tony se levanta diante de nossos olhos, conseguindo evidenciar os motivos da influência da visão de Tony, sua empatia, sua veia artística, nos mais variados tipos de pessoas. Acaba produzindo o mesmo trajeto do qual Bourdain se utilizou, que ao conhecer o mundo, conheceu a si mesmo. No doc, ao conhecer o trabalho e a escalada de Tony, nós o conhecemos. É um processo tão lindo quanto se imagina.
Onde assistir: Sem previsão.
4. Malignant, de James Wan
Insano, doentio e maravilhoso, a visão repaginada do giallo por James Wan (Invocação do Mal). Aqui, o cineasta muda a sua já conhecida técnica de aparições por uma obra madura a base de luz e sombras. É um thriller incrível, com sequencias de ação espetaculares e que condensa as inúmeras referências de um diretor cuja paixão pelo gênero do terror reflete em sua filmografia. Será um grande clássico do cinema.Onde assistir: HBO Max.
3. Drive My Car, de Ryusuke Hamaguchi
A metáfora dessa obra-prima de Ryusuke Hamaguchi sintetiza a conexão humana com genuinidade, criando momentos poderosos através de pequenas conversas sobre amor, sobre arte e sobre a vida.
2. Verdens verste menneske (The Worst Person in the World), de Joachim Trier
"Eu estou tão cansado de fingir que está tudo bem. Eu não quero ser apenas uma memória em sua vida ou uma voz que você nunca esqueceu. Eu não quero viver pela minha arte. Eu quero viver minha vida num apartamento com você. Feliz".
Como basicamente todo filme de Joachim Trier (de Thelma e Oslo, 31 de Agosto), é uma obra madura sobre sexualidade e problemas palpáveis num mundo real. Trier, como de costume, provoca sobre problemas sociais, estabelece o estado de espírito de sua protagonista e povoa sua narrativa com metáforas sobre solidão e autodestruição. O mundo, mesmo que não dito explicitamente na filmografia de Trier, não é um lugar muito agradável de viver. Mas há instantes que fazem valer a pena.
1. Inside, de Bo Burnham
Disponível na Netflix, um documentário-especial-testemunho de um homem preso num apartamento durante a pandemia do Coronavírus tentando fazer um novo número de comédia. Contém o processo de autorreflexão de um homem genial. De um pensador contemporâneo. Que apenas escolheu a comédia para nos guiar por sua mente. É uma obra-prima.
Onde assistir: Netflix.