27 de fevereiro de 2009

Sexta Feira 13


É bastante irônico que o filme original da franquia sexta-feira 13 não tenha feito tanto sucesso quanto seus sucessores. O primeiro longa foi o único realmente bom filme, que tivemos nesta franquia. Temos um roteiro, temos personagens e facetas a serem desenvolvidas, e temos uma cronologia dramática. Os outros filmes são medianos para baixo. O máximo que Sexta-Feira 13 sempre teve em matéria de qualidade era os trailers, o assassino e a própria data a seu favor.

E quando foi escalado Marcus Nispel para direção do longa , confesso que fiquei mais tranqüilo. Nispel já tinha dirigido o excelente remake do Massacre da Serra Elétrica, filme que considero melhor que o original. E tinha provado seu talento em cenas de mortes, e também no ethos (caráter) dos personagens. Pena que aqui não comprova seu talento mais uma vez.

Na trama : tentando encontrar sua irmã desaparecida, Clay Miller resolve ir ao lendário acampamento Crystal Lake. Contra as recomendações da polícia e os avisos dos habitantes locais, Clay vai atrás das poucas pistas que tem, com a ajuda de Jenna, uma jovem que ele conhece entre um grupo de faculdade que pretende passar um emocionante final de semana no local. Mas, ao entrar nos domínios da floresta, eles estão prestes a encontrar o assassino que assombra Crystal Lake: Jason Voorhees.

Tudo de novo. Esse deve ser o pensamento da maioria dos espectadores que vão de novo ver um novo filme da franquia. Como eu falei , Sexta feira 13 nunca foi um excelente filme , mas sempre se beneficiou graças ao “carisma” do assassino Jason. Duvido que um espectador não goste de ver as mortes de facão feitas por Jason.

E Derek Mears consegue fazer bem este lado de Jason. As pessoas acham que fazer o personagem é fácil. Mas se enganam. O trabalho de Mears é complicado. Ele tem que assombrar as pessoas com o olhar e sua imponência em cena. Destaco a cena em que Jason percebe o sumiço de um personagem na caverna.

O resto do filme é um equilíbrio de erros e acertos. As primeiras cenas do filme, realmente são fabulosas. O flashback do primeiro filme funciona muito bem no recomeço da franquia que Nispel propõe. E acerta em cheio em seus primeiros personagens. Logo nos primeiros quinze minutos. Nispel nos pega de susto com sua seqüência. Mortes, caráter desenvolvido em poucos minutos – como já havia conseguido em Massacre da Serra Elétrica - , e seqüencia de cenas de erotismo para conquistar o publico adolescente. Se o filme acabasse neste pouco tempo, provavelmente iria o descrever como maravilhoso. Mas isto infelizmente não acontece, e então nós temos os erros.

Nispel e seu montador são bem descuidados nas viradas de cena. E as mortes nunca são vistas claramente, pela rapidez com que o diretor nos mostra. E na segunda parte do filme o que Nispel conseguiu fazer em pouco tempo anteriormente, não consegue fazer agora. Os personagens não têm uma gota de carisma, e só queremos que Jason chegue logo e acabe com a festa. O único acerto realmente desta segunda parte é algumas cenas da caverna em que Jason percebe uma fuga, e a fotografia que se encaixa perfeitamente na trama.

Nispel mesmo nos fazendo um filme decepcionante, consegue propor um recomeço na franquia, algo que acho que o remake Hora do Pesadelo não irá conseguir. Provou seu talento em algumas cenas, e realmente nos trouxe a volta do tão “querido” Jason. Espero que o diretor continue a franquia, pois finalmente acho que Sexta Feira 13 se encaminha para um ótimo filme de terror.




(2 estrelas em 5)

20 de fevereiro de 2009

Oscar 2009 (Previsões)

No ano passado comecei aqui no blog , a previsar o Oscar para vocês. Não é ser medium pessoal. O Oscar sempre muito previsivel , e vamos nos aproveitar.

Mas chega de papo. Mais um ano de Oscar , e mais um ano de intensas injustiças.
O Lutador , Batman , Duvida , Wall:E , entre outros. Esses são só alguns casos que o Oscar deste ano não é tão esperado quanto o ano passado. Se no ano passado tinhamos Onde os Fracos não tem vez , Sangue Negro , etc. Este ano temos só filmes razoaveis emocionalmete , mas esteticamente perfeitos. Como é o caso de Benjamin Button , por exemplo.

Vamos as previsões:

MELHOR FILME
Quem Quer Ser Um Milionário? *
Frost/Nixon
O Curioso Caso de Benjamin Button
Milk - A Voz da Liberdade
O Leitor

Quem Ganha : Dificilmente Quem quer ser um milionario perde a estatueta. Já ganhou diversos premios pelo mundo já , e é o melhor dos indicados.

Que passe Longe: Frost/Nixon

Quem deveria ser indicado: O Lutador , Batman - O Cavaleiro das Trevas , Dúvida , Wall:E , e Na Mira do Chefe.

Melhor diretor

David Fincher - O Curioso Caso de Benjamin Button
Ron Howard - Frost/Nixon
Gus Van Sant - Milk - A Voz da Liberdade
Stephen Daldry - O Leitor
Danny Boyle - Quem Quer Ser Um Milionário? *

Quem Ganha : Mais um para Boyle neste ano. Não tem como perder.

Que passe Longe: Ron Howard. Nada contra ele , mas sem condições.

Quem deveria ser indicado: Christopher Nolan por Batman ; Darren Aronofsky por O Lutador ; Andrew Stanton por WALL•E ; Steven Sondebergh por Che.

Melhor ator

Mickey Rourke - O Lutador *
Sean Penn - Milk - A Voz da Liberdade
Frank Langella – Frost/Nixon
Brad Pitt - O Curioso Caso de Benjamin Button
Richard Jenkins - The visitor

Quem Ganha : Mickey Rourke. Pode concorrer por fora Sean Penn.

Que passe Longe: Brad Pitt

Quem deveria ser indicado: Benicio Del Toro por Che.

19 de fevereiro de 2009

O Lutador



"Rourke acerta em cheio em todas as cenas de seu personagem"

Sempre quando irei falar de um filme de Darren Aronofsky – responsável por obras como PI, Réquiem para um sonho e Fonte da vida – , vejo o filme com meu dicionário em mãos. Por quê? Para achar novas palavras para descrever estes filmes, uma forma de inovação. Ficar sempre em adjetivos, como: Soberbo, magnífico , esplendoroso ; cansa tanto a mim quanto ao leitor. Nestas idas ao dicionário, encontrei um adjetivo ainda não usado para definir algum filme deste soberbo diretor, por minha parte. Suntuoso.

Adaptação do livro que Robert Siegel escreveu sobre Randy \"The Ram\" Robinson, um astro ficcional da luta - livre dos anos 1980. O filme nos mostra a trajetória deste lutador The Ram (Mickey Rourke) , que vinte anos depois do seu auge, segue fazendo a única coisa que sabe: lutar. Mas os tempos são outros, ele envelheceu, os fãs são poucos e o dinheiro é escasso. Mesmo assim segue se apresentando. Até o enfarto, depois de uma luta...

Forçado pelos médicos a interromper sua longeva carreira, ele começa a trabalhar no balcão de frios de um supermercado. Enquanto isso, tenta fazer as pazes com sua filha (Evan Rachel Wood) e procura algum alento romântico com uma stripper (Marisa Tomei). Mas surge, então, a proposta para uma luta com o seu maior rival, o Aiatolá (Ernest Miller), e fica difícil para The Ram resistir...

Alguém se lembrou de Rocky, um lutador lendo a sinopse? Eu, sim. A sinopse sugere uma comparação gigantesca com o filme do garanhão italiano. Com um único porém , a superação que Rocky sempre passava para o espectador não está presente de forma tão direta , como a sinopse faz a pensar. A superação de Ram nunca é mostrada para nós com treinamentos ou corridas. Ram segue um único propósito na vida que é continuar custando custe o que custar sem a esperança de um futuro bom. Muitas vezes dormindo no próprio carro, e vivendo de bebida e strippers.

O roteiro de Siegel se enfoca bem no lado humano de Ram. Desde o começo nos identificamos com seu personagem e com suas ações. Independente de quaisquer que sejam. Já que Ram nos mostra muitos defeitos também. Por exemplo, sua aproximação com a filha só depois do infarto, ou sua teimosia em continuar lutando contra a própria saúde. Ram nos mostra também que não é um lutador sedento por sangue como nos mostra nos ringues, mas uma pessoa que pode ser muito sentimental as vezes. Eis que surge Rourke.

Sem Michael Rourke provavelmente o filme de Aronofsky iria se perder num clichê e acabar como “Luta pela Esperança”. Rourke ator infelizmente desconhecido pela nova geração de espectadores , por ter uma carreira extremamente decadente dos anos 90 para cá. Rourke nos mostra a alma de seu personagem em mínimos detalhes ao espectador. Só vi duas atuações tão bem sucedidas neste quesito nos últimos anos. Heath Ledger como o Coringa e Javier Bardem como Anton Schugar.

Rourke acerta em cheio em todas as cenas de seu personagem envolvendo os sentimentos deste lutador. Desde a aproximação com a filha até seu envolvimento com uma stripper. E sua ultima cena devo dizer que me deixou paralisado, e se esta cena não é digna de ganhar uma estatueta, confesso que não sei o que a Academia procura.

Além de Rourke, outras duas atrizes se destacam também. Evan Rachel Wood mostra bem a barreira que a filha sempre coloca entre seus sentimentos por seu pai , enquanto Marisa Tomei faz um dos melhores trabalhos de sua carreira , a interpretar uma stripper extremamente ousada em todos os aspectos.

Já a trilha sonora do sempre extraordinário Clint Mansell nos relembra velhos tempos do punk rock, e sua indicação ao Oscar já está sempre garantida com as parcerias com Aronofsky. Basta lembrar-se de Réquiem para um sonho e Fonte da Vida.

Utilizando de uma técnica extremamente impecável, Aronofsky nos conquista agora , não com seus cortes sempre esteticamente irresistíveis , mas com a câmera na mão , sempre acompanhando seu personagem principal com a mesma inspiração. E aquele diretor extraordinário que um dia nos fez indagar sobre a equação matemática PI , que nos deixou em choque com sua obra-prima Réquiem para um sonho , e nos fez admirar sua obra-prima Fonte da Vida. Agora nos coloca em mãos um dos filmes mais emocionantes dos últimos tempos. Aquele que te faz pensar pode também te fazer chorar.

(5 estrelas em 5)